CONSELHO GLOBAL DE ENERGIA EÓLICA PREVÊ TAXA DE CRESCIMENTO DA FONTE NA CASA DE DOIS DÍGITOS AO LONGO DA DÉCADA
Em 2023, apesar dos desafios macroeconômicos enfrentados pelo setor em alguns mercados-chave, a indústria global de energia eólica offshore instalou 10,8 GW de nova capacidade, elevando o total global para 75,2 GW. Essa marca representa um aumento de 24% em relação ao ano anterior, uma taxa de crescimento que o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) espera que continue até 2030, caso o atual impulso político se mantenha. Nos próximos dez anos, o GWEC prevê a instalação de 410 GW de nova capacidade de energia eólica offshore, alinhando-se às metas globais de instalar 380 GW até 2030. A maior parte dessa capacidade será adicionada no fim da década, com dois terços previstos para serem instalados entre 2029 e 2033. Essa expansão rápida deve ser sustentada por uma colaboração crescente entre indústria e governo, além da criação de estruturas regulatórias e políticas eficazes.
A entidade espera que mercados emergentes de energia eólica offshore, como Austrália, Japão, Coreia do Sul, Filipinas, Vietnã, Brasil, Colômbia, Irlanda e Polônia, contribuam significativamente para esse crescimento. Esses mercados estão desenvolvendo ativamente políticas e promovendo colaboração entre governos, indústrias e sociedade civil para apoiar o desenvolvimento de longo prazo da energia eólica offshore em grande escala. Todos esses dados estão em um novo relatório lançado pelo conselho nesta semana.
“Instalar quase 11 GW de energia eólica offshore representa a vanguarda de uma nova onda de crescimento na energia eólica offshore. O progresso nas políticas – especialmente na região Ásia-Pacífico e nas Américas – nos colocou no caminho para instalar regularmente capacidades recordes anualmente e ultrapassar a meta de 380 GW estabelecida pela Aliança Global de Energia Eólica Offshore. Isso significa que a energia eólica offshore está no caminho para alcançar a ambição tripla estabelecida na COP28 em Dubai”, disse o CEO do GWEC, Ben Backwell.
Sobre o Brasil, o documento destaca que o país tem um grande potencial para o desenvolvimento da energia eólica offshore, estimado em cerca de 700 GW, com fatores de capacidade elevados, acima de 52%, em áreas costeiras de até 50 metros de profundidade. Estados nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país são apontados como os mais promissores para a energia eólica offshore.
“O país possui vários portos que são favoráveis para a implementação da energia eólica offshore após algumas adaptações. Além disso, há uma cadeia de suprimento de energia eólica onshore e uma indústria offshore que podem ser adaptadas para atender a energia eólica offshore. Para facilitar o fluxo de energia, é necessário reforçar as linhas de transmissão para os empreendedores que desejam se conectar à rede, e é desejável aumentar as opções de financiamento para a tecnologia”, afirma o estudo.
Atualmente, há 234 GW de projetos de energia eólica offshore submetidos ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, para analisar e autorizar qualquer projeto, é necessário ter uma lei que estabeleça a regulamentação dos direitos de uso marinho. O Projeto de Lei nº 576/2021, que regulamenta a energia eólica offshore, é de autoria do ex-senador Jean Paul Prates. Foi aprovado no Senado em 2022 e passou por modificações na Câmara dos Deputados, algumas das quais trataram de questões não relacionadas ao setor de energia eólica offshore, como incentivos para geração de gás, carvão e pequenas centrais hidrelétricas. O Projeto de Lei foi aprovado em 2023 e atualmente aguarda aprovação final no Senado sob o relatório do senador Weverton Rocha.
A expectativa é que os senadores aprovem a regulamentação em 2024. Posteriormente, o projeto de lei seguirá para aprovação presidencial. Depois disso, será necessário que o executivo regulamente os leilões de áreas marítimas. No Brasil, a agenda de transição energética envolve o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério da Fazenda, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), bem como instituições-chave para o desenvolvimento da energia eólica offshore, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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