ASSOCIAÇÕES DO SETOR QUÍMICO ALERTAM PARA DESAFIOS JAMAIS VISTOS DIANTE DA ENTRADA DE PRODUTOS IMPORTADOS NO BRASIL
A cadeia produtiva de insumos químicos brasileira, fundamental para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, enfrenta desafios jamais vistos e que ameaçam a sua própria existência. É o que afirma um manifesto publicado hoje (25) por diversas entidades representativas do setor, entre elas a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O texto alerta para a necessidade de políticas robustas de defesa comercial contra o dumping de produtos importados e pela elevação temporária da Tarifa Externa Comum (TEC) para 65 produtos, como forma de proteger a indústria local e reduzir o impacto ambiental.
A carta destaca ainda a importância da indústria química brasileira para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, ressaltando que essa cadeia produtiva é vital, gerando mais de 2 milhões de empregos e representando 12% do PIB industrial. Além disso, o manifesto aponta que a alta dependência de importações prejudica a competitividade e os investimentos no setor, resultando em perdas tributárias significativas e paralisações industriais. O texto conclama uma ação urgente para assegurar a sustentabilidade e a continuidade desse setor estratégico para o Brasil.
Leia abaixo o manifesto na íntegra:
“A cadeia produtiva de insumos químicos brasileira, fundamental para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, enfrenta desafios jamais vistos e que ameaçam a sua própria existência e o futuro de soluções sustentáveis para a indústria brasileira. Em um cenário global cada vez mais dinâmico, é imperativo reconhecer e valorizar a importância deste setor reconhecidamente estratégico no mundo todo, que não apenas gera mais de 2 milhões de empregos e representa 12% de todo o PIB industrial, mas que contribui de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida e para a transição rumo a uma economia mais sustentável. Este manifesto é um chamado à ação, defendendo políticas robustas, especialmente no que tange à defesa comercial contra o dumping de produtos importados, que permitam à indústria química contribuir para o progresso nacional:
A produção de insumos químicos brasileira é, atualmente, a mais limpa do mundo, com emissões de carbono até 51% menores que das principais indústrias internacionais. O que assistimos ao permitir um surto de importações de produtos sem compromissos ambientais é o descumprimento de uma agenda global, com contribuições negativas para o efeito estufa.
Garantir medidas de proteção da balança comercial é vital para manter a operação das cadeias e atrair novos investimentos. A guerra comercial entre Estados Unidos e China exigiu outra política de subsídios para a produção nesses países. O governo norte-americano adotou aumento de impostos de importação acima da casa dos 30%.
Em março de 2024, a indústria química brasileira entrou com pleitos de elevação da Tarifa Externa Comum (TEC), pedindo a inclusão na Lista de Elevações Transitórias para 65 produtos. De 2.374 itens que são comercializados, apenas estes estão em análise. Aqui, sugere-se uma elevação de tarifas que ficará em nível pelo menos 10 pontos percentuais abaixo das tarifas adotadas, por exemplo, nos Estados Unidos e no México, países com custos de produção de químicos muito menores que o Brasil.
É importante reforçar que essa elevação é temporária, proporcionando tempo hábil para a construção das necessárias medidas estruturais. Há consenso em toda a cadeia produtiva demandante de insumos químicos que tais ações são imprescindíveis para melhora da competitividade de todos os elos relacionados a esse segmento.
Continuar permitindo a entrada desenfreada de produtos químicos é um paradoxo para a política que o Brasil tem programada para o futuro, no contexto da neoindustrialização. Entre outros fatores, as importações provocaram um recuo de R$ 8 bilhões em recolhimentos de tributos federais em 2023, refletindo diretamente nos investimentos do setor produtivo e em diversas outras esferas das políticas públicas. Quando falamos de importados, o país atingiu a marca de 50% do que consome na indústria química. Por conta disso, há registros de empresas paralisadas, com antecipação de manutenções preventivas, enquanto outras estão hibernando plantas. E isso afeta não somente a produção de insumos químicos, mas toda uma ampla cadeia supridora de matérias primas, serviços e fornecimento de energia relacionada ao setor.
Por fim, conforme profundo estudo de mercado feito pelo setor, é importante rechaçar a ideia de que o reajuste proposto para esses produtos químicos importados trará impactos inflacionários relevantes.
Reiteramos a defesa da produção nacional de produtos químicos para reduzir o déficit da balança comercial do setor, garantir a criação de emprego e renda no país e contribuir para o meio ambiente, com uma indústria que possui fontes abundantes de energia limpa.
Entendendo que é urgente a adoção da Lista de Elevações Transitórias para dar um respiro ao setor produtivo, este manifesto reforça que, somente por meio de uma abordagem propositiva, englobando políticas públicas eficazes de defesa do mercado nacional e o compromisso firme com a sustentabilidade, o Brasil poderá assegurar que sua indústria continue a ser um dos pilares do desenvolvimento nacional”.
O texto é assinado pelas seguintes entidades: Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas), Associação das Empresas de Campos Elíseos (Assecampe), Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (Atgás), Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT (CNQ-CUT), Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Comitê de Fomento Industrial do Polo do Rio Grande do Sul (Cofip RS), Conselho Federal de Química (CFQ), Federação dos Trabalhadores do Ramo Químicos da CUT do Estado de São Paulo (Fetquim – CUT SP), Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), Força Química, Federação Única dos Petroleiros (FUP), Sindicato Químicos Unificados, Sindicato dos Químicos de São Paulo, Sindicato das Indústrias de Plástico e Tintas do Estado de Alagoas (Sinplast-AL), Sindicato da Industria de Produtos Químicos para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (Siquirj), Sindicato das Indústrias de Produtos Quimicos para Fins Industriais, Petroquimicas e Resinas Sintéticas de Camaçari, Candeias e Dias D’Ávila (Sinpeq), Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo (Sinproquim), Sindicato das Indústrias Químicas do Rio Grande do Sul (Sindiquim), Sindicato dos Químicos do ABC, Sindicato dos trabalhadores da indústria química, petroquímica, plástica, farmacêutica do Estado da Bahia (Sindiquímica Bahia) e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e de Fertilizantes da Baixada Santista.
Deixe seu comentário