GASTOS DE ESTATAIS DO PETRÓLEO EM FUSÕES E AQUISIÇÕES ATINGEM O MENOR PATAMAR DOS ÚLTIMOS 20 ANOS
Enquanto o mercado de fusões e aquisições tem sido recentemente impulsionado por empresas petrolíferas internacionais (IOCs), as empresas nacionais de petróleo (NOCs) têm ficado à margem, com os gastos internacionais caindo significativamente em relação aos picos de uma década atrás, de acordo com uma análise recente da Wood Mackenzie. Segundo a consultoria, os gastos internacionais em M&A (fusões e aquisições) das NOCs despencaram de mais de US$ 30 bilhões por ano (2009 – 2013) para menos de US$ 5 bilhões (2019 – 2023). A participação deste grupo de empresas nos gastos globais caiu de quase 50% no auge para menos de 5% atualmente.
“As NOCs já foram grandes gastadoras no desenvolvimento de negócios internacionais, mas os gastos com M&A caíram nos últimos anos”, disse Neivan Boroujerdi (foto principal), diretor de pesquisa corporativa da Wood Mackenzie. “No entanto, com as avaliações de M&A atraentes e as classificações financeiras das NOCs em níveis históricos, os motivos para que as NOCs preencham lacunas estratégicas através do desenvolvimento de negócios internacionais nunca foram tão fortes. Com algumas NOCs se tornando cada vez mais privatizadas, as motivações para a expansão no exterior têm se alinhado com aquelas compartilhadas pelas IOCs em termos de competitividade e sustentabilidade do portfólio. Podemos ver várias NOCs aproveitarem as oportunidades internacionais para expandir, especialmente aquelas da Ásia e do Oriente Médio”, acrescentou.
As NOCs do Oriente Médio estão expandindo a capacidade de produção de petróleo e gás e – como grupo – estarão produzindo mais em 2050 do que produzem hoje, segundo a Wood Mackenzie.
“As NOCs do Oriente Médio estão bem posicionadas para durar mais que outros produtores, mas têm áreas de relativa fraqueza, com portfólios predominantemente concentrados em petróleo ou gás doméstico – significativamente mais do que outros grupos de NOCs”, disse Boroujerdi. “Como resultado, várias já iniciaram esforços de internacionalização em busca de mais diversidade. Já vimos a Saudi Aramco e a ADNOC acelerarem a entrada no setor de GNL, e a QatarEnergy buscar crescimento via exploração. Alcançar uma massa crítica será o desafio, mas elas têm a ambição – e a capacidade – para fazê-lo”, completou.
Na Ásia, populações em crescimento, economias em expansão e a transição do carvão para o gás farão com que a demanda nacional de energia supere cada vez mais a oferta local. Embora esses países estejam comprometidos com o zero líquido de uma forma ou de outra, a Wood Mackenzie prevê um déficit agregado de oferta de petróleo e gás de 13 bilhões de boe por ano até 2030 – acima dos 9 bilhões atuais.
“Apesar dos esforços bem-sucedidos para aumentar a produção doméstica, os recursos locais estão se tornando cada vez mais caros e escassos. A ‘conta de importação’ da China deve subir de 83 bilhões de boe (2000-2025) para 225 bilhões de boe (2026-2050) em nosso cenário base. Recursos domésticos ainda a serem descobertos e contratos de importação ajudarão a preencher a lacuna. Mas a captura de recursos no exterior ajudaria a se proteger contra um ambiente cada vez mais volátil”, disse Boroujerdi.
Fusões e aquisições (M&A) gigantes no setor de petróleo e gás têm feito manchetes nos últimos 12 meses, mas ainda há espaço para as Companhias Nacionais de Petróleo (NOCs) adquirirem ativos. “Fora da América do Norte, onde houve uma febre de consolidação, o mercado de M&A upstream está pouco concorrido,” diz Greig Aitken (foto à esquerda), chefe de M&A upstream da Wood Mackenzie. “Houve apenas 200 transações globalmente em 2023, o que é o segundo menor número de negócios nos últimos 20 anos. Mas ainda há várias oportunidades materiais e de alta qualidade disponíveis internacionalmente”.
Aitken continuou: “Algumas dessas transações corporativas nos EUA pareceram caras, mas em outros lugares as avaliações de negócios permanecem muito mais moderadas, apesar de terem se afastado dos mínimos pós-covid. No entanto, empresas de todo o setor estão cada vez mais re-focalizando em portfólios de petróleo e gás em resposta à desaceleração da transição energética. À medida que esse pivô continua, isso vai, em última análise, aumentar a competição por aquisições e elevar os preços dos negócios. Diante dessa perspectiva, você quer ser um dos primeiros a se mover.”
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