O CANADÁ VAI TRANSFORMAR FONTES RADIOATIVAS EM RADIOFÁRMACO RARO USADO PELA MEDICINA NUCLEAR NO COMBATE AO CÂNCER

Os Laboratórios Nucleares Canadenses (CNL) receberam remessas de fontes de rádio-226 em desuso do Instituto Tailandês de Tecnologia Nuclear, que serão recicladas para produzir actínio-225 a ser usado em radioterapia direcionada. O acordo faz parte da Iniciativa Global de Gestão de Rádio-226 da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que visa conectar países que têm fontes de radioterapia antigas com outros países interessados em reciclá-las ou reutilizá-las. De acordo com a AIEA o rádio-226, descoberto em 1898 por Marie Sklodowska-Curie e Pierre Curie, era usado anteriormente em radioterapia, mas desde então foi substituído por outras fontes. “Hoje, ele serve como matéria-prima para a produção do radioisótopo actínio-225, que é tão raro que a produção global anual é menor que um grão de areia. O actínio-225 é uma fonte emissora de alfa conhecida por ser eficaz na destruição de células malignas em tratamentos direcionados ao câncer. Ele permite a radioterapia direcionada, pois pode ser colocado perto do tumor e matará células cancerígenas sem danificar o tecido saudável próximo”, disse a agência.

O Instituto de Tecnologia Nuclear da Tailândia e o CNL estão em contato por meio do esquema desde 2022 e, no ano passado, 70 pacotes de rádio-226 fora de uso foram enviados ao Canadá. Archara Phattanasub do instituto, Chefe da Seção de Tecnologia e Desenvolvimento de Resíduos Radioativos, disse que “A reciclagem dessas fontes tem vários benefícios para a Tailândia e está em linha com os objetivos da economia circular. Esta iniciativa ajudou a reduzir significativamente o risco de qualquer tipo de incidente associado a essas fontes fora de uso e liberou muito espaço em nossa instalação nacional de armazenamento.” Jack Craig, presidente e CEO da CNL, lembrou que “A AIEA há muito tempo defende o armazenamento e descarte seguros de fontes radioativas seladas em desuso, o que sempre foi apreciado e apoiado pelo Canadá. No entanto, suas iniciativas para auxiliar nações doadoras a remover passivos de longo prazo, ao mesmo tempo em que permitem uma nova indústria radioterapêutica, são monumentais.”

Olena Mykolaichuk, Diretora da Divisão de Ciclo de Combustível Nuclear e Tecnologia de Resíduos da AIEA, disse que a colaboração “serve como um ótimo exemplo de como conduzir efetivamente operações complexas de transporte de fontes com muitas partes móveis e promover práticas sustentáveis é um elemento-chave do mandato da AIEA, e estamos ansiosos para concretizar esta iniciativa por muitos anos.” O transporte de material radioativo é rigorosamente regulado e supervisionado por órgãos nacionais e autoridades portuárias, com suporte da AIEA antes do embarque. Mais transferências estão planejadas para este ano, incluindo de El Salvador, Fiji e Eslovênia.