EXCLUSIVO: GRAÇA FOSTER FAZ ANÁLISE DE SEU PRIMEIRO ANO NO COMANDO DA PETROBRÁS | Petronotícias




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EXCLUSIVO: GRAÇA FOSTER FAZ ANÁLISE DE SEU PRIMEIRO ANO NO COMANDO DA PETROBRÁS

Faz pouco mais de um ano que ela assumiu o cargo, no dia 13 de fevereiro de 2012, mas foi tempo suficiente para mostrar ao Brasil sua maneira de administrar. Maria das Graças Silva Foster, presidente da Petrobrás, conta que as mudanças estruturais que vem implantando na estatal já haviam sido acordadas com o seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, mas que apenas os estilos são diferentes. E a executiva não poupa planos para enfrentar os grandes desafios que estão pela frente. Ela diz, por exemplo, que pretende facilitar o cadastro de pequenos e médios fornecedores da empresa, e que a Petrobrás está preparada técnica e financeiramente para os leilões do pré-sal, em que será a operadora de todos os blocos e deverá entrar com pelo menos 30% de participação em cada um deles. Além disso, nega que tenha dívidas ou pagamentos atrasados com seus fornecedores, apesar de muitas reclamações e críticas que vem recebendo do mercado. Segundo ela, há pleitos sendo discutidos, mas não são dívidas, e afirma que as contas estão equilibradas, tendo fechado 2012 com R$ 48 bilhões em caixa. Contrapondo-se ao portentoso volume de recursos, estão os caixas de uma série de empresas que vêm sofrendo nas negociações com a estatal, como a Tenace, que pediu falência no ano passado, a GDK e a Conduto, que entraram em recuperação judicial recentemente, e muitas outras fornecedoras da companhia que têm valores sendo discutidos atualmente. A questão tem afetado não só as epecistas que atendem a petroleira, mas também toda cadeia de fornecedores do setor de óleo e gás. Graça falou, em entrevista exclusiva ao Petronotícias – que comemora 2,5 milhões de acessos este mês –, sobre os investimentos na malha dutoviária, os planos para a área internacional e os desenvolvimentos tecnológicos voltados para o pré-sal, entre outros assuntos.

A Petrobrás tinha uma imagem muito política, que foi mudada com a sua administração. Agora a empresa é vista como muito mais técnica e profissional. Como foi lidar com as pressões políticas ao assumir o cargo? Como encontrou a empresa e como ela está agora? O que falta?

É preciso esclarecer um ponto importante: as mudanças estruturais que estão sendo implementadas em minha gestão não vieram de uma hora para outra. Ao longo dos últimos três anos, ainda na gestão de Gabrielli, quando eu era diretora de Gás e Energia, nós discutimos muitas mudanças na estrutura da companhia. Algumas delas, inclusive, foram consolidadas na época do Gabrielli. Eu apenas dou continuidade a um trabalho que nós começamos lá atrás, e que muito provavelmente estaria sendo feito pelo próprio Gabrielli. Temos muito por fazer, e estamos fazendo. Com diferentes estilos, naturalmente.

E aí vem o segundo ponto importante: a Petrobrás tem, e sempre teve, uma diretoria técnica. Hoje somos sete diretores e a presidente, todos funcionários de carreira. Na gestão anterior todos os diretores também eram técnicos, alguns da casa e outros não, mas PhDs em economia, no caso do Gabrielli, e em energia, no caso do Ildo Sauer.

Agora, é claro que, como controlador da companhia, o Governo Federal tem o dever de definir, por intermédio do conselho de administração, as diretrizes estratégicas da Petrobrás. Não seria diferente com um controlador privado. Isso não é ingerência, é gerência, por direito – aliás, por dever de fato. 

Por que não foi indicado um novo diretor para a área internacional? As operações no exterior deixaram de ser uma prioridade da empresa? Por quê?

Importante ressaltar que não existe razão para a extinção da Diretoria Internacional. Ao contrário, não me parece fazer sentido que uma empresa do porte da Petrobrás possa não estar presente nos países com vocação para os negócios do setor de petróleo, especialmente na área de Exploração e Produção. A prioridade, naturalmente, é o Brasil, onde temos hoje 95% de nosso investimento, e isto é consequência de nossa significativa produção, bem como das expressivas descobertas no pós-sal e pré-sal localizadas numa faixa de até 300 km da costa brasileira. Mas isso não significa estar fora do cenário global. Estamos, sim, revendo nosso portfólio internacional, com uma programação de desinvestimentos cujo objetivo é concentrar nosso target no exterior nas operações de Exploração e Produção.

Quanto ao Diretor da Área Internacional, este será oportunamente eleito pelo conselho de administração da companhia.  

O pedido de aumento no preço da gasolina parece ser uma necessidade óbvia para a Petrobrás, como a senhora vem reiterando. Mas, apenas o aumento do preço da gasolina seria suficiente para equilibrar as contas da Petrobrás e normalizar os pagamentos dos fornecedores?

As contas da Petrobrás estão equilibradas. Em 2012 tivemos lucro líquido de R$ 21,2 bilhões e encerramos o ano com um saldo de caixa bastante elevado, de R$ 48 bilhões. A convergência dos preços domésticos com os preços internacionais é importante no médio e longo prazo, pois é uma das variáveis que favorecem a maior capacidade de investimento da companhia.

E quero reiterar aqui: a Petrobrás não tem atrasado pagamentos e tampouco tem dívidas com seus fornecedores ou prestadores de serviços. Os pagamentos dos compromissos reconhecidos pela companhia são realizados de acordo com os prazos estabelecidos nos contratos. Eventualmente, as contratadas apresentam pleitos adicionais, que não representam a existência de dívida por parte da companhia. Os pleitos são submetidos à avaliação técnica e jurídica e, após a conclusão do processo, que é conduzido de acordo com o contrato e com a legislação vigente, a negociação é submetida à aprovação das instâncias corporativas competentes. Estes procedimentos são aplicados há muito tempo pela companhia.

Existe algum projeto de ampliação da malha dutoviária brasileira para este ano ou para o próximo? Quais?

O Plano de Negócios e Gestão 2012-2016 prevê investimentos de US$ 6,9 bilhões da Petrobrás no segmento dutos e terminais, a fim de garantir o suprimento de derivados no País. Dentre os principais projetos, podemos destacar o Plano Diretor de Dutos da região de São Paulo, para a ampliação e modernização da malha de dutos do estado, interligando refinarias e terminais. Há também projetos na Carteira em Avaliação, para aumentar a capacidade de oleodutos, como o OSBRA, que liga a Refinaria de Paulínia (Replan) aos terminais em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal; e o ORSUB, que liga a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) aos terminais de Itabuna e Jequié.

Com relação aos gasodutos, após oito anos de intenso investimento na malha, culminando com a integração das Regiões Nordeste, Sudeste e Sul, está em fase de implantação o Gasoduto Gasfor II – Trecho Horizonte – Caucaia, com 83,2 km de extensão, que permitirá a desativação do trecho do Gasfor que interfere nas obras de duplicação do Anel Viário de Fortaleza. Também se encontram em construção a Estação de Compressão de Gás no Estado de Alagoas e 12 Pontos de Entrega de gás em diversos estados da federação: um no Ceará, três no Rio de Janeiro, quatro em São Paulo, um no Espírito Santo, um em Mato Grosso do Sul e um no Rio Grande do Sul. Estão, ainda, em fase de estudo, outros 22 projetos de Pontos de Entrega e dois projetos de Estações de Compressão.

A falta de capitalização da empresa influenciou o atraso das rodadas de licitação do pré-sal? A empresa está preparada para arcar com os custos de ser a operadora em todos os blocos do pré-sal, mantendo pelo menos 30% de participação em cada um? Como pretende conseguir os recursos necessários para toda essa demanda?

Todas as decisões relacionadas às licitações são de competência da ANP. A Petrobrás, como concessionária, não tem qualquer ingerência nesse processo. Nossa companhia está e esteve preparada, técnica e financeiramente, para cumprir as suas obrigações como concessionária de blocos exploratórios. As fontes de recursos serão as mesmas que a companhia utiliza para conduzir todas as suas atividades, ou seja, caixa próprio e captações.

Há muitas reclamações de pequenas e médias empresas brasileiras com dificuldades para se tornarem fornecedoras da Petrobrás. Do outro lado, as redes Petro não têm conseguido qualificá-las na velocidade em que elas precisam. Como vê esse problema? Existe alguma previsão de mudança nesse quadro?

A Petrobrás tem mais de 20 mil fornecedores, considerando apenas os qualificados no Cadastro de Fornecedores de Bens e Serviços (que tem o CRCC – Certificado de Registro e Classificação Cadastral) e os registrados nos Registros Locais (que atendem às necessidades locais e mais simples das unidades de negócios). Isso demonstra que muitas empresas conseguem atender aos requisitos de cadastro e de registro local da Petrobrás, lembrando que ambos precisam ser renovados a cada ano.

Naturalmente, os requisitos da indústria de petróleo e gás são bastante rígidos, por conta de segurança das operações e dos riscos ambientais, humanos e patrimoniais inerentes ao segmento, mas um largo espectro de empresas tem atendido aos requisitos e conseguido seus registros. Lembro que o cadastro de fornecedores e os registros locais estão sempre abertos a novos fornecedores. Estamos revisando os procedimentos do cadastro de empresas para torná-los ainda mais simples para os pequenos e médios fornecedores.

Os fornecedores estão atendendo às necessidades da Petrobrás formada com a sua administração: técnica e profissional? Que mensagem a senhora gostaria de passar para eles?

O Plano de Negócios e Gestão 2012-2016 da Petrobrás se desdobra em projetos que demandam grande capacidade e competência da indústria instalada no Brasil. A política de suprimento da Petrobrás incentiva expressivos índices de conteúdo local nas suas compras e contratações, sempre com bases competitivas e sustentáveis. Para a indústria brasileira a orientação é clara: que ela esteja preparada para as grandes demandas e que estabeleça a sua competitividade com relação à indústria internacional. O investimento em tecnologia é uma peça chave desse processo.

Os níveis de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento atendem aos desafios gigantescos gerados pelo pré-sal?

Os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento em E&P, incluídos os projetos para o pré-sal, chegaram a R$ 1,13 bilhão em 2012 e foram suficientes para os projetos em realização. Os recursos do nosso Plano de Negócios e Gestão atendem aos projetos e soluções tecnológicas, tanto para o pré-sal como para o pós-sal. Em relação ao pré-sal, diversas soluções tecnológicas estão em desenvolvimento pelo Cenpes e outras áreas da Companhia, com destaque para: Sistemas de Processamento Submarino; compactação de equipamentos; perfuração com novas tecnologias para reduzir tempo e custos; sistemas de monitoramento e controle de parâmetros de sondas, com aumento da produtividade e redução de custos; técnicas avançadas de caracterização e modelagem de reservatórios; e gerenciamento de reservatórios, com uso intensivo de sensores de fundo de poço, nano-sensores, sísmica 4D, realidade virtual e simulações de reservatórios em megamodelos. 

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ASSIS PEREIRAedicarlos26@hotmail.comFlavio FraihaJoao Labaredaaugusto Recent comment authors
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augusto
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augusto

E presideta mas empresas estão quebrando por falta ou atraso nos pagamentos dos contratos, que a petrobras tem com estes fornecedores, e isso estar afetando todo o setor se a tenace já quebrou, a conduto, e GDK,estão no mesmo caminho. Elas que eram consideradas gigantes brasileiras, por consequencia quebra também os fornecedores destas empresas que não são poucos. A petrobras tem que rever este conceito e os criterios de pagamentos, se não tomerem providencias a petrobras só vai trabalhar com as empresas estrangeiras que tenhão capital alto, e a nossa prata da casa ficará de fora, na verdade temos uma… Read more »

Joao Labareda
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Joao Labareda

Parabens ao petronoticias por ter coragem de expor o pensamento da nossa presidente. Ela me pareceu séria, mas deixa a desejar quando fala das dívidas da Petrobras. É um sofisma dizer que a Petrobras não deve às empresas. Se existe pleito, houve certamente pedido para estender alguma das obras. Se a Petrobras estrangula estes pagamentos, vai sobrar para alguem. as empresas principais não recebem e as empresas fornecedoras não recebem. A consquência cai no colo da própria Petrobras. Será que é difícil ver isso ? Acho que está faltando critério e boa vontade. Presidente, flexibilize e mande pagar para toda… Read more »

Flavio Fraiha
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Flavio Fraiha

Parabens ao Petronotícias. O preço da gasolina no Brasil está de acordo com os preços de outros países latino americanos ?

edicarlos26@hotmail.com
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edicarlos26@hotmail.com

Enquanto Graça Foste investe no PRE SAL, os campos terrestre que foram ascesão para esse cresimento, para evoluçao da petrobras hoje passa por piores momentos da sua historia. Ex no RN existia 21 sondas perfurando hoje não passsa de 5 sondas. E aí? para onde vão os trabalhadores? Quem vai pagar por esse crescimento da petrobras? Nos nortesdinos?

ASSIS PEREIRA
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ASSIS PEREIRA

O mercado reconhece a Petrobras como uma Empresa que cumpre suas obrigações. É a maior empresa brasileira em numero de contratos celebrados, seja de fornecimento de bens ou prestação de serviços e tem honrados seus compromissos ao longo de décadas. Podemos observar a existência de um inexpressivo contingente de maus empresários, que ao participar de certames licitatório na estatal, apresentam propostas de alto risco, com valores inexequíveis, apostando que, na fase executiva, vai buscar através de pleitos, aditamentos de valores, sem que a Petrobras possa atribuir mérito ao pedido. Nesta situação, não consegue nem mobilizar sua estrutura para dar inicio… Read more »

ASSIS PEREIRA
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ASSIS PEREIRA

A verdade é simples: A mudança na direção da Estatal com a saída de Gabrieli e a atual Gestão da Graça Foster. Na Gestão de Gabrieli, o Diretor da área de Abastecimento não era muito afeto a obedecer os procedimentos legais e corporativos no que tange a convocação para os certames licitatórios, principalmente os de grande porte conhecidos como EPC (Engineering, procurement and construction). Com frequência, interferia no critério seletivo, colocando no certame, já em andamento, empresas não convidadas por não passar nos critérios técnicos, fiscais, econômicos e financeiro, corrompendo o programa de Gestão de Fornecedores da Estatal denominado PROGEFE.… Read more »