PROJETOS SOFISTICADOS DE ARMAZENAGEM DE HIDROGÊNIO PARA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA SÃO DEBATIDOS EM CONFERÊNCIA EM SÃO PAULO
O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP anunciou durante a Conferência Internacional sobre Transição Energética (ETRI 2024), em São Paulo, a criação do GeoStorage, um hub de pesquisa que visa posicionar o Brasil como líder global em sistemas de armazenamento em larga escala de energia e carbono. Esse novo hub amplia o portfólio do RCGI, dedicado ao desenvolvimento de tecnologias cruciais para a transição energética, fortalecendo ainda mais o papel do centro na inovação e sustentabilidade energética. “O Brasil tem um potencial extraordinário para se destacar neste setor, alinhando-se às principais iniciativas internacionais. As tecnologias do GeoStorage são fundamentais para a transição energética, e o crescente interesse de empresas globais em aplicá-las reforça a relevância do hub no cenário energético“, afirmou o diretor executivo e científico do RCGI, Julio Meneghini.
A “Super Bateria” de hidrogênio é um dos principais temas de pesquisa do GeoStorage, com o desafio de resolver o problema da intermitência das energias renováveis, como a eólica e a solar. Utilizando cavernas de sal para armazenar hidrogênio produzido por eletrólise nos momentos de baixos preços e excedente de energia, a tecnologia permite converter o hidrogênio de volta em eletricidade durante períodos cujos preços estão mais elevados e há necessidade de se preservar os reservatórios das hidrelétricas. Este sistema oferece uma capacidade de armazenamento em larga escala, variando de centenas de GWh até TWh, com um custo 240 vezes menor que o dos sistemas de bombeamento hidráulico e 2000 vezes menor que o das baterias de lítio.
O pesquisador Pedro Vassalo Maia da Costa, diretor do hub, explicou que “Com a demanda por hidrogênio limpo, projetada para 2050, e a captura de carbono estimada para alcançar 115 gigatoneladas até 2060, o impacto dessas tecnologias é claro e transformador para o futuro da energia sustentável.”
Outra proposta pioneira é o Armazenamento Sustentável com Ar Comprimido (CAES), que visa gerenciar as flutuações de carga da rede e apoiar a integração das energias renováveis. O sistema funciona comprimindo ar nas cavernas subterrâneas utilizando o excesso de energia gerado nos períodos de baixa demanda energética. Quando a demanda aumenta, o ar comprimido é liberado e passa por turbinas que convertem essa energia de volta em eletricidade. Seu custo de implantação é a metade na comparação com hidrelétricas reversíveis e até 20 vezes menor que o custo das baterias de lítio.
O hub também prevê um projeto para transformar o gás natural associado de reservatórios do pré-sal brasileiro, ricos em CO₂, em hidrogênio azul diretamente nas plataformas offshore. Utilizando um processo de reforma a vapor ou pirólise, o gás natural é convertido em hidrogênio, com armazenamento em cavernas de sal. A tecnologia maximiza o aproveitamento econômico do gás natural, evitando os altos custos e riscos relacionados à reinjeção contínua de CO₂ nos reservatórios de petróleo.
Por fim, o RCGI desenvolveu uma tecnologia, já patenteada, que realiza a separação gravitacional de metano (CH₄) e CO₂ em cavernas de sal, resolvendo o problema do alto teor de CO₂ no gás natural do pré-sal. A nova tecnologia substitui a filtragem por membrana, que é cara e exige a reinjeção contínua de CO₂, o que pode comprometer os poços. Com essa solução, o CO₂ e o CH₄ são armazenados separadamente, reduzindo custos e aumentando a eficiência da recuperação de gás natural.
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