MESMO COM AMEAÇAS DE REDUÇÃO NO ORÇAMENTO, A MARINHA FAZ O PRIMEIRO CORTE DE SUA TERCEIRA FRAGATA EM CONSTRUÇÃO
Mesmo ameaçada de ter cortes em seu orçamento, mesmo tendo seus anúncios adiados, no melhor estilo “Fiado Só Amanhã”, a Marinha do Brasil vai avançando em seus projetos. Um deles é a construção das Fragatas, através da Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis, para construção de quatro Fragatas. No Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí, Santa Catarina, foi realizado o corte da primeira chapa de aço da Fragata “Cunha Moreira” (F202), a terceira embarcação do Programa Fragatas Classe “Tamandaré”. No evento, símbolo do início da construção de mais uma fragata de última geração, marca uma nova fase para a Marinha Brasileira, com a construção de três fragatas simultaneamente em território nacional, um feito inédito para a indústria naval do país. O nome da fragata é uma homenagem ao Almirante Luís da Cunha Moreira, o Visconde de Cabo Frio, figura histórica que desempenhou um papel essencial para o Brasil, especialmente nas Guerras Napoleônicas e na consolidação da independência do país. Cunha Moreira foi o primeiro brasileiro nato a ocupar o cargo de Ministro da Marinha e foi fundamental na formação da primeira Esquadra do Brasil. Sua contribuição para o processo de modernização da Marinha e para a nossa história é relembrada com a construção desta embarcação.
A F202 é a terceira embarcação do programa e, como as outras, será equipada com tecnologia de ponta, incluindo radares, sensores e armamentos avançados. Com capacidade para atingir 25 nós (cerca de 47 km/h), terá um papel crucial na segurança marítima do Brasil, atuando em missões de defesa, patrulhamento e combate. Sua previsão de lançamento ao mar é para 2026, com a incorporação à Marinha do Brasil prevista para 2028. Este avanço representa a concretização de uma meta histórica: pela primeira vez, três fragatas estão sendo construídas simultaneamente no Brasil, com um alto índice de conteúdo local. A primeira embarcação, a Fragata “Tamandaré” (F200), foi lançada ao mar em agosto de 2024 e já está em fase de testes. Já a Fragata “Jerônimo de Albuquerque” (F201), que foi batida de quilha em junho de 2024, será lançada ao mar em 2025.
O Programa Fragatas Classe “Tamandaré” não só representa um avanço estratégico para a defesa nacional, mas também um impulso significativo para a indústria naval brasileira. Estima-se que a construção das fragatas gere cerca de 23 mil empregos, sendo 2 mil diretos, 6 mil indiretos e 15 mil induzidos, com impacto na economia local e nacional. A construção será realizada em Itajaí, no estado de Santa Catarina, onde o estaleiro que abriga o projeto foi reativado, gerando novas oportunidades de trabalho e capacitação. Além disso, o Programa das Fragatas é uma prioridade do Governo Federal, inserido no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), com foco em inovação para a indústria de defesa. A parceria entre a MB e a SPE Águas Azuis, formada pela thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa e Segurança e Atech, está promovendo a transferência de tecnologia, capacitando empresas brasileiras na produção de sistemas avançados, como o manuseio de chapas de aço de baixa espessura e a produção dos navios em blocos, facilitando a instalação de equipamentos e componentes.
Um dos maiores avanços do programa é a utilização de tecnologias de ponta no processo de construção das fragatas. A produção é realizada de forma totalmente digital, por meio da tecnologia “paperless”, que elimina o uso de papel e reduz o impacto ambiental, promovendo a sustentabilidade no setor naval. A gestão do ciclo de vida dos navios, desde a construção até o seu desfazimento, também é planejada para garantir maior eficiência, com a utilização de materiais e técnicas que promovem a durabilidade e a segurança das embarcações. Os navios serão produzidos em módulos, com alta flexibilidade, permitindo a montagem simultânea de diversos componentes e a instalação antecipada de acessórios e fundações. Esse processo inovador garante maior eficiência na produção e permite que o cronograma de construção seja cumprido com rigor, atendendo aos altos padrões de qualidade exigidos pela Marinha do Brasil.
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