NOVO ESTUDO DA WÄRTSILÄ APONTA QUE INSTALAÇÃO DE USINAS FLEXÍVEIS PODE TRAZER ECONOMIA PARA O SISTEMA ELÉTRICO
A gigante finlandesa Wärtsilä, fornecedora de tecnologias para os mercados marítimo e de energia, vive uma grande expectativa com o próximo leilão de reserva de capacidade do Brasil, que deve acontecer no início do próximo ano. Durante evento realizado hoje (17), no Centro do Rio de Janeiro (RJ), algumas das lideranças da companhia compartilharam suas expectativas com o certame e apresentaram um estudo (disponível neste link) que aponta para o papel importante das usinas flexíveis de geração no sistema elétrico.
O relatório mostra que um sistema elétrico que inclui geração flexível tem vantagens significativas tanto em termos de custo quanto de redução de CO₂. Segundo as contas da Wärtsilä, a inclusão de usinas despacháveis no sistema geraria economias acumuladas globalmente de 65 trilhões de euros até 2050, em comparação com o caminho onde são utilizadas apenas usinas renováveis e sistemas de armazenamento. Isso representaria uma média de 2,5 trilhões de euros por ano – equivalente a mais de 2% do PIB mundial de 2024.
Outro ponto levantado pelo estudo da Wärtsilä mostra que o uso de geração flexível permite uma otimização aprimorada do sistema elétrico, resultando em 88% menos desperdícios (também conhecidos no setor como curtailments) devido à não utilização de energias renováveis em momentos de abundância até 2050, em comparação com o caminho de renováveis e armazenamento de energia. No total, 458.000 TWh de cortes seriam evitados, o suficiente para abastecer o mundo inteiro com o consumo atual de eletricidade por mais de 15 anos.
Fazendo uma análise local sobre as condições do setor elétrico do Brasil, o estudo relembra que o país enfrentou recentemente condições climáticas extremas, como as secas registradas neste ano e em 2021. Para a empresa, com os níveis dos reservatórios em queda acentuada, soluções flexíveis são primordiais para evitar apagões e manter a estabilidade do sistema de energia com custos acessíveis a todos.
Para o Diretor Geral da Wärtsilä no Brasil, Jorge Alcaide (foto acima, à direita), o melhor cenário para o caso do sistema elétrico brasileiro seria um mix entre usinas renováveis e livre de emissões e térmicas flexíveis que só operam quando o sistema renovável necessita. “Essa transição permite reduzir custos, já que a energia renovável é mais barata. O sistema é abastecido com energia renovável de baixo custo, enquanto as térmicas, que têm um custo mais elevado, entram em operação apenas quando estritamente necessário. Dessa forma, substituímos um sistema essencialmente térmico por um híbrido renovável e flexível, que utiliza térmicas apenas em momentos de escassez de fontes renováveis”, declarou o executivo.
Já o Diretor de Vendas de Projetos da Wärtsilä Energy, Gabriel Cavados (foto à esquerda), lembra que o Brasil já possui uma grande participação de energia renovável, como hidrelétrica, eólica e solar, com destaque para a expansão solar. No entanto, apesar de a participação de térmicas ser reduzida, o país precisa olhar para o futuro, garantindo a expansão adequada de flexibilidade no sistema em um cenário onde o aumento de capacidade dos reservatórios das hidrelétricas será limitado.
“Sem flexibilidade adequada no sistema, há risco de colapso por falta de capacidade, especialmente em cenários de queda na geração solar no fim da tarde. Neste caso, as hidrelétricas, mesmo sendo fundamentais, podem não ter capacidade ou velocidade suficientes para atender à demanda, especialmente com reservatórios com níveis baixos. Para evitar esse cenário, é necessário instalar térmicas flexíveis que possam ser despachadas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em períodos críticos e desligadas quando as renováveis voltarem a operar plenamente”, avaliou Cavados.
Como já noticiamos, a Wärtsilä vive a expectativa do anúncio do próximo leilão de reserva de capacidade do Brasil. Esse, inclusive, será o foco da empresa no país em 2025. No evento de hoje, os executivos da empresa estimaram que o próximo certame deverá demandar uma grande capacidade contratada, podendo chegar ao patamar de 7 GW. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já declarou que espera anunciar ainda neste ano as diretrizes para o leilão, que inicialmente estava previsto para 2024 mas foi postergado para o ano que vem. O último certame de reserva de capacidade no Brasil foi realizado em 2021.
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