ATUAÇÃO DO DIRETOR ADMINISTRATIVO DA ELETRONUCLEAR FAZ SUPERINTENDENTES E GERENTES ESTRATÉGICOS PEDIREM DEMISSÃO COLETIVA
Apadrinhado do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o diretor administrativo da Eletronuclear desde o dia 4 de setembro, Sidnei Bispo, conseguiu parecer um macaco numa loja de louças desde que assumiu o cargo. Em pouco mais de 4 meses, ele conseguiu a proeza de desagradar a gregos e troianos na companhia. E mesmo em pouco tempo, sentiu na pele o humor reverso ao ganhar internamente o apelido de Ari Toledo, devido à sua semelhança com o velho humorista. A diferença é que suas atuações dentro da empresa tiveram graça zero. Em janeiro, ele assumiu a presidência interina da Eletronuclear para cobrir as férias de Raul Lycurgo, advogado que comanda a companhia. E foi aí que a coisa desandou. O clima é de vaca não conhecer bezerro. De tal ordem que ele conseguiu a proeza de ter recebido um pedido demissão coletiva de todos os gerentes estratégicos e do alto comando da empresa. Como se pode ver, deve ser o único certo.
Bispo é dono de um currículo extenso, mostrando que passou por muitos lugares, mas talvez revelando que ele não tenha tido tempo para absorver a experiência de comando, porque deve ter ficado pouco tempo nessas funções. Atualmente, ele usa sua influência política, e foi dessa forma que garantiu uma vaga na empresa estatal. A confusão na Eletronuclear foi provocada artificialmente por um profissional que não tem ideia do que seja energia nuclear em sua realidade e potencial. Até entrar na empresa, o mais perto que chegou desse tema foi em exames médicos onde o tomógrafo foi necessário. Ninguém administra o que não conhece e quando a pessoa quer parecer o quer não é, aí mesmo é que mais mostra o que realmente é.
Ele não é o primeiro indicado político a chegar em algum posto acreditando ser o próprio político. Bispo, que poderia usar os bons fluídos desse nome, tropeçou na própria arrogância ao chegar a escrever uma carta de advertência para todos os funcionários que são sindicalizados e que, por isso, gozam de estabilidade enquanto ocupam esta função. A carta teve a leveza e a gramatura de um papel de embrulhar prego.
Um problema como esse chega em um momento em que todos ligados no vitorioso Programa Nuclear Brasileiro estão precisando de mais união e do bom senso dos membros que compõem o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que vão decidir pela continuidade das obras de Angra 3 no próximo dia 18. Até onde se sabe, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem dito que é a favor da conclusão da obra, mas o que é estranho, esquisito mesmo, é um aliado dele causar toda esta confusão na Eletronuclear às vésperas de um decisão tão importante e vital para o país como um todo. O presidente Raul Lycurgo já voltou. Espera-se que ele tenha bom senso. Hoje o dia está quente dentro da empresa. É disse me disse pra todo lado. Vamos ver até o fim do dia o que vai acontecer.
Existe um órgão regulador nuclear que monitora e fiscaliza as atividades nucleares em nome da sociedade. Conflitos na organização são sintomas de baixa cultura de segurança, e baixa cultura de segurança é precursora de acidentes, no caso, nucleares. Também existe o conceito de roleta russa, se não deu zebra até aqui, podemos continuar com as mesmas práticas. Até que um dia a bala dispara. Todos os recursos e conhecimentos existem para que a organização nuclear seja de excelência. Se não está, corretivos são conhecidos.
Faco minhas as palavras muito bem colocadas pelo Drausio. Os empregados e a direção da Eletronuclear trabalharam duro para trazer as usinas a padrões internacionais de qualidade. Esperemos que a situação atual da empresa nao coloque tudo a perder.
Logo me causou estranheza colocarem pessoas, sem nenhuma experiência com o setor nuclear, em uma empresa estratégica e tão importante para o desenvolvimento do Brasil e para a robustez da matriz energética. Com o tempo, ainda que tardiamente, fica perceptível que as ações e que o discurso não são para o bem da empresa e de seus funcionários, mas sim para atender uma demanda do lucro pelo lucro, guiada pelo capital privado.
A tentativa dessa gestão é implodir a empresa para no futuro justificar privatizações, demissões e corte de direitos. Em nenhuma empresa privada decente veremos pessoas inexperientes gerindo o negócio mas quando o assunto é empresa pública, políticos utilizam da “troca” de influência para nomearem seus aliados.
O que a Eletronuclear está passando é uma tentativa intencional da atual gestão de prejudicar os funcionários e sucatear a empresa.