GOVERNO ADIA A DECISÃO SOBRE RETOMADA DAS OBRAS DE ANGRA 3 E LANÇA O SETOR NUCLEAR EM VOO ÀS CEGAS
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) frustrou, nesta terça-feira (18), as expectativas do setor de energia ao adiar, mais uma vez, a decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3. É uma sinalização muito ruim para a indústria nuclear brasileira, que agora está em pleno voo às cegas. A demora para viabilizar Angra 3 pode comprometer futuras iniciativas no setor, incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias nucleares e a ampliação da geração de energia firme no país.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o pedido para adiar mais uma vez a decisão sobre o projeto partiu do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que também esteva na reunião. O vice-presidente Geraldo Alckmin também esteve no encontro do CNPE.
“Angra 3 era o último ponto [da reunião de hoje] e disponibilizei o meu voto na última reunião, hoje ressaltei mais uma vez a importância do setor nuclear. Temos que olhar a questão de Angra 3 de forma holística”, disse Alexandre Silveira em entrevista coletiva após a reunião. O ministro fez uma ressalva, dizendo que a continuidade de Angra 3 depende, necessariamente, de uma reformulação da Eletronuclear. “Hoje ela não é uma empresa com condições de dar segurança para tocar a obra. Essa é uma preocupação minha com a ministra Esther [Dweck]”, acrescentou.
GOVERNO PODE TER PERDAS IMEDIATAS DE R$ 14 BILHÕES SE NÃO SEGUIR COM A OBRA
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A Usina Nuclear de Angra 3: energia firme que estaria à disposição se houvesse firmeza na decisão de concluí-la
No voto apresentado pelo ministro Silveira no CNPE, foi ressaltado a importância da energia nuclear para a segurança energética brasileira. No texto, disponível na íntegra aqui, o ministro diz que a presença da planta no sistema elétrico é “absolutamente meritória, vindo a cumprir um papel importante para ampliar a diversidade de fontes, a redução de emissões de gases de efeito estufa e também ampliar a resiliência climática da geração de energia do país, uma vez que é menos sujeita a incertezas ambientais”. Por isso, o Ministério de Minas e Energia se mostrou favorável ao término do projeto.
Ele também frisou em seu voto que a não aprovação pelo CNPE resultará “em aportes imediatos dos acionistas, incluindo a União, de até R$ 14 bilhões, onerando ainda mais a população brasileira, bem como acarretará a rescisão dos contratos com os fornecedores com todos os custos inerentes para a desmobilização”.
Silveira escreveu ainda em seu voto que a estatal ENBPar reafirma que não possui capacidade financeira própria para apoiar a Eletronuclear, e a insuficiência de recursos comprometerá a execução das ações necessárias, podendo afetar o pagamento do combustível nuclear e levar à suspensão das operações das usinas de Angra 1 e 2. “O Tribunal de Contas da União – TCU, em diversas oportunidades, também tem alertado que os atrasos do projeto trazem riscos que poderão levar ao desequilíbrio e a perda de sustentabilidade da Eletronuclear, ENBPar e INB”, destacou
RELEMBRE A TRAJETÓRIA DE ANGRA 3
A história de Angra 3 começou oficialmente em 1984, quando as obras do projeto tiveram início. No entanto, apenas dois anos depois, a construção foi paralisada pela primeira vez devido à crise econômica que afetava o Brasil e impactou diretamente a área de infraestrutura. O projeto só seria retomado mais de 20 anos depois, em 2009, ainda no segundo governo Lula.
As obras avançaram significativamente, alcançando 65% de conclusão. Tudo indicava um desfecho positivo até que, em 2015, o país foi atingido pelos desdobramentos da Operação Lava Jato. Naquele ano, a construção foi novamente interrompida após a descoberta de escândalos de corrupção envolvendo contratos da usina.
Desde então, os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro tentaram reativar o projeto. Em 2018, o CNPE aprovou o aumento da tarifa da usina de Angra 3, elevando-a de R$ 240 por megawatt-hora (MWh) para R$ 480 por MWh.
Em 2021, o BNDES foi encarregado de realizar um estudo de viabilidade do projeto. O trabalho foi concluído em setembro do ano passado e propôs uma nova tarifa de R$ 653,31 por MWh. Esse valor é semelhante à tarifa de referência definida pelo CNPE em 2018 (R$ 480,00 na época, equivalente a R$ 639,00 em valores atualizados). O custo estimado para a conclusão de Angra 3 é de aproximadamente R$ 23 bilhões, enquanto o montante já investido na obra chega a quase R$ 12 bilhões.
No auge da construção, a usina poderá gerar cerca de 7 mil empregos diretos e dezenas de milhares de postos indiretos. Esse movimento impacta não apenas a região da Costa Verde fluminense, onde a central nuclear está localizada, mas também a economia brasileira como um todo, mobilizando diversos setores.
Nada a dizer além de LASTIMÁVEL. O CNPE não tem noção sobre o que é um programa NUCLEAR!
Acho que o MME e CNPe precisa ser urgentemente remodelado.É preciso colocar pessoas lá que de fato conhecem do mercado de energia e geração.Burocratas só destroem e nunca constroem!
A Índia constrói uma central com seis EPRs, 9000+ MWe, uma Itaipu, num único sítio. Eles também são BRICS, seríamos briquinhos? Desenvolvamos um projeto de central com seis reatores século XXI e na próxima reunião o apresentemos junto com Angra 3 mais uma vez. Duas centrais tem o benefício de uma emular a outra, aumentando a pressão para elevar o desempenho e reduzir a confusão.
A industria nuclear jamais voa às cegas, ela tem seu valor intrínseco do núcleo dos átomos. Talvez nós é que precisemos de um GPS para determinarmos aonde queremos ir e rumar pra lá. Rápido, pois se demorarmos quando formos às prateleiras pra comprar, terá acabado o estoque. Todos estão rumando para os MWe nucleares. Estão comprando até usina de segunda mão, num mercado secundário nuclear.
E os concursados de 2022..
Onde estão as convocações aos cargos do processo seletivo de 2022?
Temos família para criar …