A BUSCA PARA AUMENTAR A OFERTA DE GÁS NO BRASIL FAZ O PRESIDENTE DA LIDERROLL PROPOR UMA REUNIÃO ENTRE OS PRINCIPAIS EXECUTIVOS DO SETOR
A necessidade brasileira por mais gás natural faz os profissionais da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) quebrarem a cabeça pensando em alternativas. De um lado, há a expectativa do gás do pré-sal, que pode ser uma realidade maior; por outro lado, há a realidade boliviana que vê as suas reservas diminuírem. Mas, como uma espécie de tábua de salvação, existe a possível utilização do gás argentino de Vaca Muerta (segunda maior reserva de shale gás do mundo), com todos os seus desafios logísticos para chegar até o Brasil. Muito embora haja ainda os estudos da Margem Equatorial, não se pode contar com ela. O que virá de lá poderá ser uma boia no mar da necessidade do Norte e do Nordeste. Na última semana, o Petronotícias informou sobre o acordo de fornecimento de gás celebrado entre a Pan American Energy (PAE) e a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo). A Pan American Energy é uma empresa de energia com presença em seis países da América Latina: Argentina, Brasil, México, Bolívia, Uruguai e Paraguai e está trabalhando para garantir a disponibilidade de gás natural de Vaca Muerta para o Brasil, onde já possui presença no mercado de energia renovável e conta com autorizações para exportar gás da Argentina para o Brasil.
E aí surge uma outra necessidade: a construção de um gasoduto desde Vaca Muerta, que fica no extremo sul da Argentina, há mais de mil quilômetros até a fronteira brasileira. O custo previsto para isso esbarra no teto de R$ 7 bilhões, se for construído pelos métodos tradicionais com a tubulação enterrada. Mas, pelo método de construção com tubos aparentes, como já é usado e difundido em vários países, esse custo pode cair 1/3. Por isso, o presidente da Liderroll, Paulo Fernandes (foto principal), com a sua expertise internacional, está sugerindo uma reunião de alto nível, envolvendo o presidente da TAG, Gustavo Labanca, o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, o presidente da NTS, Erick Portela, do vice-presidente de Desenvolvimentos Internacionais da Pan American Energy no Brasil, Enrique Lusso; da presidente da TBG, Angélica Laureano, da Diretora Geral interina da ANP, Patrícia Baran, do Diretor Geral da EPE, Thiago Prado, e do presidente do BNDES, Aloisio Mercadante.
O que Fernandes pretende é discutir o assunto com objetivo de viabilizar a construção de gasodutos de forma aparente, o que poderá ser viável e muito mais barato em sua construção. “O Petronotícias tem acompanhado a nossa luta em defesa de mudarmos o método de construção dos gasodutos aqui no Brasil. É preciso que haja uma evolução nesse aspecto. Desde 2011, venho trazendo este tema para a mesa. Tive, inclusive, uma primeira reunião sobre este tema com a então diretora geral da ANP e atual presidente da Petrobrás, Magda Chambriard. A nossa empresa nasceu no mundo dos gasodutos e oleodutos. Sabemos trabalhar com qualquer diâmetro de tubulação e já desenvolvemos inúmeros métodos revolucionários de construção em qualquer desafio. Seja subindo ou descendo grandes montanhas, furando montanhas e cruzando túneis, projetos sob lagos, piers etc. Parece cabotino eu lembrar que somos a única empresa brasileira a receber o reconhecimento e um prêmio internacional da ASME por nossa criatividade construtiva. Mas, na verdade, isso demonstra que não somos cururu neste assunto. Temos uma história e sabemos o que estamos falando”, declarou.
Paulo Fernandes rebate o argumento de que os gasodutos não seriam seguros: “Eles seriam ainda mais seguros. O tempo de durabilidade e a vida útil operacional seriam ainda maiores. A tubulação enterrada sofre mais com a umidade do terreno. Com esta umidade, as agressões químicas das camas do substrato de cada formação geológica e com as diferenças de potencial elétrico e a resistividade de cadacamada. O desgaste é ainda maior. Na tubulação aparente, a manutenção levará a um maior tempo de vida. Os roletes que desenvolvemos fazem com que a tubulação não sofra o desgaste natural de seu movimento natural com a diferença de temperatura. Eles evitam o atrito do aço e não amassa e nem cria pontos de tensão. São excelentes isolantes elétricos e eliminam os pontos de corrosão localizada dos tubos por contato com o potencial negativo de terra.”
Atualmente, a malha de gasodutos brasileira completa tem cerca de 45 mil km. Porém, temos diferenças nos tipos de dutos. A malha para transporte de gás natural é de apenas 9,5 mil km em um país continental. A Argentina, por exemplo, bem menor territorialmente do que o Brasil, dispõe de mais de 16 mil km. Esses são gasodutos que realizam a movimentação de gás natural desde as unidades de processamento de gás natural, as UPGNs, até às instalações de estocagem. Esses dutos podem levar a molécula diretamente também para grandes consumidores como indústria pesada ou térmicas, ou finalmente aos pontos de entrega a (City Gate) de concessionários estaduais de distribuição.
Já a nossa malha de distribuição é de 35,5 mil km – mais que o triplo da escala da malha de transporte. São estes dutos que recebem o gás natural no ponto de entrega (City Gate) e entregam aos consumidores finais, completando a cadeia do gás. Essa infraestrutura pertence aos concessionários estaduais de distribuição.
A EPE estuda alternativas para viabilizar a entrega do gás desde Vaca Muerta até o Brasil. Uma delas pode ser levar o gasoduto até Uruguaiana e de lá usar a malha até Porto Alegre ou seguir a reta até o Paraguai, servir ao Paraguai e entrar no Brasil pelo Paraná. O gasoduto também poderá seguir até a Bolívia, atender a queda da reserva boliviana, entrar pelo Mato Grosso do Sul, pelo Gasbol. Os trechos pelo Paraguai e Bolívia custariam mais R$ 3,8 bilhões, mas nesses aspectos poderiam também ter a participação desses países na divisão das despesas.
“Um empreendimento deste porte ficaria melhor com um investimento com interesses diversos. Um encontro dessas empresas seria muito benéfico, como as grandes empresas petrolíferas fazem”, disse Fernandes. “Sentam e debatem em alto nível. Acredito que podemos fazer o mesmo, envolvendo também, além de todos esses representantes das empresas, a Karine Fragoso lá da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, a FIRJAN, pois sei que é uma área que ela conhece e domina bem. Poderia ser até ser capitaneada pela FIRJAN, do que pela Liderroll. Eu acho apenas que precisamos romper este marasmo da economia que estamos cruzando e pensar também no desenvolvimento brasileiro. Todos juntos, porque acredito no envolvimento dessas empresas como um pensamento comum”, concluiu.
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