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SINDICATOS LIGADOS AOS TRABALHADORES DA ELETRONUCLEAR CRITICAM CORTES DE CUSTOS E PEDEM MUDANÇAS NA DIREÇÃO DA EMPRESA

angra 1Representantes de sindicatos ligados aos trabalhadores da Eletronuclear estão vendo com preocupação as medidas adotadas pela atual gestão da companhia. O Petronotícias já publicou uma série de reportagens mostrando que o plano de austeridade da estatal está gerando uma reação muito negativa entre funcionários, já que vários direitos estão sendo cortados, gerando estresse e aborrecimento no dia a dia dos trabalhadores. Em uma nova matéria para repercutir essa situação, nossa reportagem ouviu o Sindicato dos Administradores do Estado do Rio de Janeiro (SINAERJ) e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Paraty e Angra dos Reis (STIEPAR). As duas entidades concordam que a atual gestão está indo por um caminho equivocado ao cortar direitos de trabalhadores sob o pretexto de organizar o caixa da companhia.

Para o vice-presidente do SINAERJ, Edson Machado, o problema central está no financiamento de Angra 3. “Se excluirmos da discussão o financiamento de Angra 3, a Eletronuclear é uma empresa saudável. O problema não está na operação em si, mas no comprometimento de recursos devido ao financiamento dessa usina. A empresa tem condições de se manter, de bancar toda a sua estrutura, desde que o governo continue cumprindo seu papel como gestor estatal da área de energia”, avaliou.

REATOR-ANGRA2O sindicalista vê que a atual direção da empresa está tentando resolver o problema financeiro jogando a conta nas costas dos empregados, o que, no fim, prejudica ainda mais a companhia. Machado afirma que o tratamento dessa questão deveria ser político e financeiro, focado na viabilização do financiamento de Angra 3. “Esse é o verdadeiro caminho para resolver a crise – e não atacando os trabalhadores, cortando direitos e adotando uma postura truculenta”, opinou.

O presidente do STIEPAR(Base Angra dos Reis da Eletronuclear), Cassio Tilico, também concorda que o peso de Angra 3 é a principal razão para o sufoco vivido pela Eletronuclear 3 em suas finanças. Para ele, não faz sentido buscar novos empréstimos enquanto a companhia corta salários dos trabalhadores. “O primeiro ponto essencial é que a alta gestão da empresa precisa ter competência e apoio político para separar Angra 3 dos orçamentos de Angra 1 e Angra 2. O peso do investimento na construção de Angra 3 está comprometendo as finanças da Eletronuclear”, afirmou.

Tilico defende que os gestores da Eletronuclear poderiam melhorar a articulação política, com o objetivo de rever a condição tarifária das usinas de Angra. Segundo ele, esse fator, somado à desvinculação de Angra 3, permitirá que a estatal opere com lucro mensalmente.

APELO POLÍTICO 

angra-3Os dois sindicalistas ainda enxergam que há espaço para as forças políticas de Brasília se movimentarem em favor dos trabalhadores da Eletronuclear. Machado é enfático ao dizer que a “atual gestão da empresa não está comprometida com o desenvolvimento do setor nuclear no Brasil”. O vice-presidente do SINAERJ considera que a direção da estatal vem tomando decisões que prejudicam a imagem da área nuclear, que já enfrenta resistência por falta de informação.

“A atual gestão da Eletronuclear inclui representantes ligados à Eletrobras privatizada, cujos interesses divergem dos do governo nesse debate. Entendemos que essa administração deve passar por uma avaliação política, pois não está alinhada a uma política de Estado para o setor nuclear. Na visão do nosso sindicato, é necessário substituir a atual direção”, pontuou Machado.

O STIEPAR também avalia que a solução para a crise da Eletronuclear passa por uma discussão política dentro do governo, para definir qual será o tratamento dado ao setor nuclear. O presidente da entidade pede que administração da companhia pare de penalizar a classe trabalhadora e passe a agir buscando apoio na esfera política. “A empresa precisa buscar apoio do governo, seja com o presidente Lula, seja com o ministro Alexandre Silveira, que são os responsáveis pelas indicações políticas da atual gestão. Essas lideranças devem agir para desvincular Angra 3 do orçamento da empresa e trabalhar para melhorar a tarifa de energia”, reforçou.

Sala de controle de Angra

Sala de controle de Angra

Por fim, os representantes dos sindicatos lembram que as medidas de austeridade e cortes de benefícios impactam diretamente os empregados e, indiretamente, a empresa. “Quando são anunciados cortes severos, cria-se um ambiente de instabilidade que pode levar a problemas graves, até mesmo a um acidente. Já alertamos várias vezes sobre isso. O clima de insegurança e adoecimento mental dentro da empresa pode afetar a operação. Uma empresa segura precisa garantir não apenas normas rígidas, mas também um ambiente estável para seus funcionários”, concluiu Machado.

O OUTRO LADO 

Em nota encaminhada ao Petronotícias, a Eletronuclear alega que restaurar  o equilíbrio econômico-financeiro da empresa é um requisito essencial para garantir a retomada das obras de Angra 3 e a sustentabilidade de suas atividades. Afirmou ainda que sem as ações de austeridade, a companhia não terá condições de manter as suas atividades com recursos próprios e potencialmente levará a Eletronuclear a se tornar uma companhia estatal dependente do Orçamento-Geral da União. Por fim, a empresa garantiu que nenhuma das decisões da diretoria comprometeu, compromete ou comprometerá a segurança operacional das usinas de Angra 1 e 2, dos trabalhadores ou do meio ambiente.

Leia abaixo o comunicado na íntegra:

Eletronuclear-recebe-parceiros-internacionais-no-Rio-de-Janeiro-2A Eletronuclear esclarece que as recentes alegações feitas por representantes sindicais em relação à situação financeira da companhia ignoram aspectos fundamentais sobre gestão econômica eficiente da empresa, conforme obrigação regulamentar com o Princípio da Economicidade, que visa garantir a utilização dos recursos públicos de forma eficiente e eficaz.

A discrepância relevante entre os gastos operacionais de Pessoal, Manutenção, Serviços e Outros (PMSO), que representam apenas os custos das operações das usinas de Angra 1 e Angra 2, estabelecido pela Aneel e os gastos reais da Eletronuclear, evidencia de maneira muito clara a necessidade do plano de ajuste implementado. Em 2022, a Aneel definiu um limite de R$1,1 bilhão para o PMSO, enquanto a empresa gastou R$1,6 bilhão, um excedente de R$500 milhões sem cobertura tarifária. Em 2023, essa diferença foi ainda maior, chegando a R$700 milhões. Como resultado, a relação entre PMSO/Aneel e PMSO real da Eletronuclear foi de 1,45 vezes em 2022 e 1,61 vezes em 2023. Com a implementação do plano de equilíbrio econômico-financeiro, essa relação foi reduzida para 1,38 vezes em 2024. Ainda assim, os custos continuam 38% acima do limite regulatório, tornando imprescindível a continuidade das medidas adotadas para evitar que a empresa se torne dependente de recursos da União.

Restaurar o equilíbrio econômico-financeiro da Eletronuclear é um requisito essencial para garantir a retomada das obras de Angra 3 e a sustentabilidade de suas atividades. Essas medidas estão alinhadas às exigências dos órgãos de controle superiores e às determinações dos acionistas, visando adequar os custos da empresa ao PMSO regulatório estabelecido pela Aneel.

angraSem as ações de austeridade, a companhia não terá condições de manter as suas atividades com recursos próprios e potencialmente levará a Eletronuclear a se tornar uma empresa estatal dependente do Orçamento-Geral da União. Ou seja, a empresa passaria a drenar importantes recursos do Governo Federal que poderiam estar direcionados para políticas públicas voltadas para saúde e educação, por exemplo. Em um outro cenário sugerido pelos sindicalistas, aumentar a tarifa da energia de Angra 1 e 2 significaria repassar aos consumidores brasileiros o custo dessa ineficiência nos custos operacionais das usinas.

É importante reforçar que nenhuma das decisões da diretoria comprometeu, compromete ou comprometerá a segurança operacional das usinas de Angra 1 e 2, dos trabalhadores ou do meio ambiente. A Central Nuclear segue operando normalmente sob fiscalização irrestrita da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e do Ibama. A Eletronuclear possui um departamento de garantia da qualidade, que conduz auditorias e monitoramentos contínuos para assegurar os mais elevados padrões de segurança. Além disso, a Cnen mantém inspetores residentes nas usinas, que realizam inspeções regulatórias ininterruptamente.

A Eletronuclear segue aberta ao diálogo com todas as partes interessadas, mas reafirma a necessidade de uma gestão responsável e comprometida com a sustentabilidade financeira da empresa e a segurança operacional de suas instalações.

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elaineDráusio Lima AtallaPatricia Recent comment authors
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Patricia
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Patricia

Chamem os aprovados no processo seletivo de 2022…
Afinal, não houve prorrogação em Diário Oficial da União…
Está parado desde 11/09/24,conforme informações da empresa.
Existem famílias a espera dessa oportunidade.

Dráusio Lima Atalla
Visitante
Dráusio Lima Atalla

O debate sobre as ações de gestão da Eletronuclear têm focado nos cortes unilaterais em andamento na empresa. Muito já foi dito por ambos os lados, mas há que se perceber uma grave assimetria entre as partes, sob a ótica do conhecimento do negócio nuclear. Mesmo supondo algumas parcialidade, os funcionários que operam, mantém e fazem o apoio de engenharia para as usinas em serviço excedem em em décadas e décadas o conhecimento sobre as usinas. Confronta-los com ideias e atitudes antagônicas, é temerário. Não é uma indústria convencional. A imprensa já noticiou os argumentos e contra argumentos, representantes dos… Read more »

elaine
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elaine

Boa Tarde
Concordo com a Patrícia.
Também fui aprovada no processo seletivo de 2022 e estou no aguardo.
Independentemente do governo, é uma empresa estatal respeitável com bons benefícios aos empregados e dependentes.
A direção deve encontrar um caminho com o Ministério das Minas e Energia para nos convocar imediatamente.
ANGRA 03 Já ….