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INDÚSTRIAS QUÍMICA E ELETRÔNICA DEFENDEM O DIÁLOGO COMO SAÍDA PARA A CRISE ENTRE BRASIL E ESTADOS UNIDOS

WhatsApp-Image-2024-10-16-at-13.40.46-002-4Como já se esperava, esta quinta-feira (10) foi marcada por uma série de reações ao anúncio da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Para além da agitação política nos corredores de Brasília e nas redes sociais, o setor produtivo tem tratado o tema com extrema cautela. Entidades representativas de diferentes segmentos da economia reagiram nesta quinta-feira ao comunicado feito pelo presidente americano, Donald Trump, e defenderam que o governo brasileiro adote uma postura aberta ao diálogo e à negociação com a Casa Branca.

A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), presidida por Andre Passos Cordeiro (foto principal), afirmou que recebeu com preocupação a decisão de sobretaxar em 50% as exportações brasileiras aos Estados Unidos. Para a entidade, o impacto vai além da indústria química em si, já que o setor é um importante fornecedor de insumos para segmentos exportadores como alimentos, papel e celulose, entre outros.

https__img.migalhas.com.br__SL__gf_base__SL__empresas__SL__MIGA__SL__imagens__SL__2025__SL__07__SL__09__SL__cropped_e45qbz20.dgs.jpg._PROC_CP65A entidade defendeu que as relações comerciais internacionais sejam tratadas com base em critérios técnicos e econômicos, dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), e alertou para os riscos de contaminação política nas decisões econômicas. “Em um cenário sujeito a interferências de natureza política, entendemos que o diálogo técnico é o melhor caminho na solução dessa questão. Ambos os lados estão sujeitos a perdas, pois são mercados importantes para as exportações do outro”, afirmou.

A associação também ressaltou a longa tradição de relacionamento estável entre Brasil e Estados Unidos, e pediu que o governo brasileiro busque manter canais abertos de negociação. “É momento de firmeza e ações refletidas, mas, sobretudo, de procurar canais de diálogo diplomático”, conclui a nota da Abiquim.

abineeNessa mesma linha, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) também manifestou preocupação com a decisão do governo dos Estados Unidos. A entidade considerou a medida injustificável do ponto de vista econômico, destacando que o comércio bilateral é superavitário para os norte-americanos. No setor eletroeletrônico especificamente, o Brasil registrou déficit de US$ 1,3 bilhão no primeiro semestre deste ano — com exportações de US$ 1,1 bilhão e importações de US$ 2,4 bilhões.

Os Estados Unidos foram, inclusive, o principal destino das exportações brasileiras do setor, com crescimento de 23,1% nos seis primeiros meses de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesse intervalo, a participação dos EUA nas vendas externas do setor aumentou de 26% para 29%.

EUA-Estados-Unidos-1Segundo a Abinee, a medida afeta diretamente segmentos estratégicos como o de equipamentos elétricos de grande porte — em especial em razão dos investimentos que vêm sendo feitos nos EUA para ampliar a infraestrutura de recarga de veículos elétricos. Também devem ser impactadas as exportações de motores, geradores, componentes industriais, equipamentos de processamento de dados e instrumentos de medição.

Para a associação, o Brasil precisa retomar o diálogo com os EUA a fim de negociar a reversão da tarifa, que pode inviabilizar as exportações das empresas do setor. “É importante que o diálogo entre os dois países seja preservado, mantendo uma tradição diplomática de cerca de 200 anos, alicerçada no intercâmbio comercial e cultural, com resultados benéficos para o desenvolvimento econômico e social de ambas as nações”, concluiu a entidade.

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