ELYSIAN FARÁ PEDIDOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS PARA POÇOS EM 12 BLOCOS E PREPARA CENTRO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM MINAS GERAIS
Grande surpresa no leilão 4º Ciclo da Oferta Permanente, a Elysian Petroleum está prestes a avançar na exploração dos blocos exploratórios que adquiriu durante o certame, realizado em 2023. Em entrevista ao Petronotícias, o CEO da companhia, Ernani Machado, revelou que vai solicitar, simultaneamente, as licenças ambientais para a perfuração de poços em 12 blocos nas bacias do Espírito Santo, Sergipe-Alagoas e Potiguar. A estratégia busca acelerar o processo de avaliação por parte dos órgãos reguladores e dar início à fase exploratória o quanto antes. Paralelamente, a companhia avança na instalação de um instituto, em Belo Horizonte (MG), voltado ao uso de inteligência artificial na gestão e operação de ativos de petróleo e gás. O projeto integra o plano da empresa de reduzir custos, aumentar a assertividade das campanhas exploratórias e minimizar impactos ambientais por meio de soluções tecnológicas próprias.
O senhor participou recentemente do fórum empresarial dos BRICS. Poderia comentar brevemente sobre sua participação, os debates e os resultados do encontro?
Eu participo dos BRICS há muito tempo. Neste último encontro, tivemos alguns debates focados na questão de tecnologia, principalmente inteligência artificial. Também fiz várias reuniões com colegas de diversos países que têm empresas de petróleo e gás ou atuam em áreas correlacionadas. É uma oportunidade que temos anualmente de participar tanto dos debates – no meu caso, especificamente sobre tecnologia, que é minha especialidade – quanto das discussões da alta cúpula. Essa parte envolve os presidentes das principais empresas dos países do BRICS: Brasil, Índia, China, África do Sul, Emirados Árabes, Egito, entre outros.
Agora, falando da Elysian Petroleum e dos projetos da empresa, quais são as novidades em relação aos blocos exploratórios da companhia?
Já fizemos uma análise profunda de 35 blocos e selecionamos os 12 primeiros para os quais vamos solicitar licenças ambientais nas próximas semanas. Temos bastante esperança nesses blocos. Claro que certeza em petróleo só existe depois que se faz o furo e encontra o óleo. Mas estamos otimistas quanto a uma quantidade significativa de petróleo e gás nesses 12 blocos.
Vamos submeter todos de uma vez só. Eles estão localizados nas três bacias em que temos ativos: Espírito Santo, Sergipe-Alagoas e Potiguar. Nosso objetivo é acelerar o tempo de resposta para o licenciamento ambiental, que pode ser bastante demorado. Às vezes, um pedido fica anos aguardando uma resposta – seja positiva ou negativa. Por isso, optamos por solicitar simultaneamente as licenças dos 12 blocos, e talvez até mais de um poço por bloco.
Vocês já têm uma previsão de quando podem começar a perfurar?
Muita gente me pergunta isso, mas seria leviano da minha parte dar uma data. Existem projetos aguardando licenças há anos no setor. A Petrobrás, por exemplo, tem casos de espera de até sete anos. Então é impossível prever.
O que posso prometer é que vamos entregar muito mais dados do que o convencional, para facilitar o trabalho dos técnicos. Seremos proativos, vamos cumprir todas as regras ambientais e daremos todas as informações necessárias para que os órgãos tenham elementos para tomar uma decisão mais rápida. Mas, no fim das contas, precisamos aguardar a decisão dos licenciadores ambientais.
Quantos poços podem ser perfurados nessa primeira etapa?
Acreditamos que poderemos chegar a aproximadamente 40 poços nessa primeira fase. Mas ainda é uma informação que precisamos verificar e confirmar.
A partir da obtenção das licenças e início da perfuração, vocês já têm uma projeção de quando a produção pode começar ou de qual volume pretendem alcançar?
Depois da nossa primeira análise, que mencionei anteriormente, detectamos possibilidades muito altas – maiores até do que as nossas estimativas iniciais. Após a licença e a perfuração, se o poço for bem-sucedido, em cerca de um mês já conseguimos iniciar a extração e venda do petróleo. O maior desafio é acertar o ponto do furo.
Para isso, estamos fazendo estudos centenas de vezes maiores que os de qualquer outra empresa do mercado. O objetivo é ter maior assertividade, menor impacto ambiental e menor custo. Em média, são necessários 10 furos para encontrar petróleo. Nosso objetivo é achar com apenas um ou dois.
Isso seria possível com o uso de novas tecnologias?
Exatamente. Desenvolvemos tecnologias para localização mais precisa do petróleo. Foi, inclusive, um dos temas que levamos ao fórum dos BRICS. Com sísmica convencional, usando caminhões e explosivos, levaríamos cerca de 300 anos para analisar todas as nossas áreas. Com nossa tecnologia, esse tempo caiu para dois anos.
Usamos métodos não convencionais para prever com precisão onde está o petróleo – latitude, longitude, profundidade – e, em seguida, validamos esses dados com parceiros, como universidades e empresas de serviço, que aplicam técnicas tradicionais.
A Elysian surgiu com a proposta de apostar em tecnologia. Como está o processo de desenvolvimento dessas soluções inovadoras?
A primeira tecnologia, de detecção com satélites, drones e outros sensores, já está pronta e em uso, com bons resultados. Estamos também prestes a lançar uma central de comando e controle com sensores, software e inteligência artificial para gerenciar a empresa com mais eficiência, reduzindo desperdícios e otimizando os serviços.
Em paralelo, estamos construindo em Belo Horizonte um instituto voltado para o uso de inteligência artificial no setor de petróleo e gás, por meio da JMM Tech. Esse instituto deve ser lançado daqui a cerca de três meses. A ideia é usar IA para operacionalizar nossa empresa, utilizando sensores e robôs. Isso vai proporcionar mais assertividade na operação.
Só não está claro para mim quais são as novas ferramentas redutoras de risco, além das comuns que todos usam com maior ou menor intensidade, com clareza da existência de um sistema petrolífero nos Asset,s exploratórios proprietários. Oxalá sejam eficazes.