POSSÍVEL ADIAMENTO DA SOBRETAXA DE TRUMP E PEDIDO PARA NÃO RETALIAR OS ESTADOS UNIDOS MARCAM A REUNIÃO DE ALCKMIN COM EMPRESÁRIOS
A indústria brasileira deixou claro que não quer partir para a briga com os Estados Unidos e que o diálogo é o melhor caminho para resolver a crise da tarifação do presidente Donald Trump. Esse foi o posicionamento que deu a tônica à reunião promovida pelo governo, na manhã desta terça-feira (15), com representantes do setor industrial para discutir a melhor forma de reagir à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente americano, com vigência previsto para 1º de agosto.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defendeu que o Brasil não adote medidas de retaliação. Ele também sugeriu que o governo brasileiro solicite à Casa Branca uma prorrogação do prazo para o início da sobretaxa. “O mais importante também é que o Brasil não pretende ser reativo intempestivamente. Nós entendemos dessa reunião que o Brasil não se precipitará em medidas de retaliação, para que elas não sejam interpretadas como simplesmente uma disputa”, disse Alban.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que conduziu a reunião, afirmou que a prioridade do governo é reverter a sobretaxa americana antes de 1º de agosto. No entanto, ele não descartou a possibilidade de pedir o adiamento do prazo para o início da taxação, caso seja necessário. Apesar de demonstrar abertura ao diálogo, Alckmin classificou as medidas dos Estados Unidos como inadequadas e pediu engajamento dos empresários brasileiros. “É importante a participação de cada um de vocês, nas suas áreas específicas, para fazermos um trabalho em conjunto. O governo brasileiro está empenhado em resolver essa questão e queremos ouvir as sugestões de cada um de vocês”, destacou.
Na abertura da reunião, Alckmin reforçou que as negociações devem se concentrar em aspectos econômicos, e não jurídicos. “Primeiramente, [temos que] separar questões de natureza jurídica”, disse. “A separação dos Poderes é pedra fundamental do Estado de Direito, o governo não tem ação sobre outro Poder, e em relação à questão das tarifas, trabalhamos para reverter.”
Uma das alegações de Trump na carta em que anunciou a sobretaxa foi o que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em tentativa de golpe de Estado. Trump também alegou que empresas americanas de tecnologia estariam sendo prejudicadas por decisões judiciais no Brasil.
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