MERCADO BRASILEIRO TERÁ QUE TORCER AGORA POR UMA NEGOCIAÇÃO COM OS AMERICANOS E PELO FIM DA GUERRA DA UCRÂNIA
Está passando meio despercebido o gravíssimo alerta feito pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, diretamente ao presidente Lula e ao Brasil e a lideranças da China e da Índia, para que telefonem ao presidente russo, Vladimir Putin, e tentem convencê-lo a negociar um cessar-fogo na guerra com a Ucrânia. A fala foi uma referência ao anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informando que aplicará sanções de 100% em tarifas sobre produtos importados da Rússia e secundárias, no mesmo patamar a nações que compram do país de Putin caso não seja alcançado um acordo para interromper a guerra com a Ucrânia dentro de 50 dias. “Meu conselho a esses três países, em particular, é que, se você mora em Pequim, ou em Nova Délhi, ou se é o presidente do Brasil, talvez queira olhar para isso, porque isso pode ser muito prejudicial”, disse Rutte, que teve encontro com o presidente Trump, em Washington.
Rutte foi primeiro-ministro da Holanda de 2010 a 2024 e é secretário-geral da Otan, a aliança militar do Ocidente, desde outubro do ano passado. A Rússia também é uma velha parceira comercial do Brasil. E agora, além de precisar negociar em relação das tarifas de 50% que vão entrar em vigor no dia 1º de agosto, o Brasil ainda tem que procurar convencer Putin a parar com a guerra, se não, as bombas lançadas contra a Ucrânia “explodirão” nos mercados da Índia, China e Brasil. No ano passado, esses três países registraram recordes de transações comerciais entre eles. Se a guerra não parar em 50 dias, os reflexos para o Brasil nas transações com a Rússia serão catastróficas. A APEX fez um excelente trabalho para agilizar a troca de mercadorias entre os dois países e identificou 231 oportunidades comerciais para o Brasil no mercado russo. A Agência possui quatro projetos setoriais com foco na Rússia. No setor de Alimentos, Bebidas e Agronegócios e na área da saúde.
Os setores com maior potencial incluem:
- Máquinas e equipamentos de transporte (como motores de pistão e peças automotivas);
- Produtos alimentícios (com destaque para carnes comestíveis, farelo de soja, alimentos para animais e frutas);
- Materiais em bruto (resíduos de metais de base, celulose);
- Produtos químicos (como medicamentos e polímeros de etileno).
A abertura do mercado russo para produtos brasileiros tem sido facilitada por tarifas reduzidas em setores estratégicos. Dos cinco principais produtos exportados pelo Brasil para a Rússia, três possuem tarifa de 0%, favorecendo as operações comerciais. Contudo, as restrições impostas pela guerra têm causado dificuldades logísticas, especialmente no transporte de containers, limitando a importação de alguns itens para a Rússia. A pauta importadora brasileira da Rússia apresenta forte concentração, uma vez que os dois principais grupos de produtos (óleos combustíveis de petróleo e adubos e fertilizantes). No setor de adubos e fertilizantes, o Brasil é o principal importado da Rússia.
No setor nuclear, o Brasil mantém uma excelente relação com a Rússia, através da Rosatom, que exporta combustíveis nucleares para o Brasil, além de radiofármacos, entre outras atividades. Os bons preços do óleo diesel russo fizeram com que os importadores brasileiros, incluindo a Petrobrás, ficassem meio que dependentes da Rússia. E certamente a taxação de Trump vai mexer com o mercado. Este tema já teve repercussões em Brasília, onde a Deputada Federal Silvia Waiãpi, disse não estar surpresa com o alerta do secretário-geral da Otan de que os países do bloco dos Brics poderiam ser impactados com sanções secundárias contra a Rússia.
Na verdade, desde o ano passado que Silvia Waiãpi vem denunciando o tráfego de navios russos e venezuelanos que transportam diesel e outros derivados de petróleo para o Porto de Santana, no Amapá. O Brasil é importador de óleo e derivados russos. A parlamentar inicialmente fez a denúncia sob a possibilidade de sonegação fiscal, na medida em que o estado do Amapá tem uma alíquota de ICMS de apenas 4% o que reduziria significativamente o valor pago pelos importadores, pelo metro cúbico de carga.
As suspeitas da deputada amapaense ficaram ainda mais relevantes na medida em que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) reconheceu que pelo menos 215 mil metros cúbicos de diesel com origem declarada na Rússia foram adquiridos por empresas com sede no Amapá. Acontece que tanto a Receita Federal quanto a ANTAQ negaram a atracação de qualquer navio com bandeira russa ou cargas provenientes daquele país com destino ao Porto de Santana. “Essa dúvida sugere uma possível triangulação comercial voltada à obtenção de benefícios tributários.”
Lamentável que episódios ocorridos na Invasão da Ucrânia, muitos absolutamente iguais aos impostos pelos nazistas na WWII, sejam considerados irrelevantes por nossas autoridades e nosso país. Valores, princípios, respeito, justiça, solidariedade, etc, todos sendo submetidos aos interesses supostamente nacionais. Estamos manchando nossa bandeira, nosso solo, nosso caráter ao desconsiderar o que a Rússia vem fazendo na Ucrânia. E ainda corremos sério risco de pagarmos muitíssimo caro. Uma vergonha nacional. Seremos humilhados, manchados e humilhados.
Em 2024 enviamos 5 bilhões de dólares para a Rússia em troca de seu Diesel. Quanto ucranianos e até russos, pois seus soldados são tratados como carne moída por eles mesmos, tiveram suas mortes financiada por nós? Um número razoável em ordem de grandeza seria cinco mil. Parte crianças, velhos e mulheres. Devemos nos orgulhar.
Depois saímos para passear com a família e somos assassinados na linha vermelha ou outra qualquer. Justiça, não divina, mas do diabo. Mas não deixa de ser justiça.