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COM ENGENHARIA BRASILEIRA E TECNOLOGIA DE PONTA, DBR ENERGIES COMEMORA RESULTADO DO PROJETO DO TOPSIDE DA P-78

Imagem do WhatsApp de 2025-07-16 à(s) 15.28.08_cc0ae6c7A caminho do Brasil para produzir no campo de Búzios, uma das maiores plataformas do pré-sal, a P-78, carrega em sua estrutura um marco inédito para a engenharia nacional. Toda a concepção dos 22 módulos do topside foi assinada pela DBR Energies, empresa 100% brasileira que liderou o projeto integrando mais de 70 fornecedores nacionais e internacionais — do projeto executivo à modelagem 3D, com uso intensivo de tecnologias digitais em tempo real. Esse feito rendeu à companhia o Prêmio InovaInfra 2025. “A engenharia digital teve um papel central no sucesso do projeto”, afirma Cedric Romano, diretor da DBR. “Implantamos, customizamos e integramos sistemas e bancos de dados que funcionavam em tempo real, permitindo acompanhar e atualizar simultaneamente diversas frentes de trabalho e etapas de engenharia espalhadas por múltiplos sites”, acrescentou. Mobilizando cerca de 400 engenheiros e técnicos no pico da atividade, o projeto somou mais de 1 milhão de homem-horas. “Esse contrato representa muito mais do que um marco para a DBR. Ele comprova que somos plenamente capazes, que estamos preparados e que atuamos na vanguarda da engenharia”, avalia Cedric.

Como foi a atuação da empresa nesse projeto? Queria que você trouxesse alguns detalhes para explicarmos melhor para os nossos leitores.

P-78_Saida_Estaleiro_Benoi_Singapura_Foto4Esse projeto começou a tomar forma para nós entre 2019 e 2020, quando iniciamos as primeiras conversas. A execução efetiva teve início entre 2021 e 2022. Desde o começo, sabíamos que seria um grande desafio — algo inédito para uma engenharia brasileira: desenvolver o topside completo de um grande FPSO.

Para dar conta dessa missão, foi necessário um alto nível de organização, tanto do ponto de vista técnico, com a participação de centenas de engenheiros e técnicos, quanto do ponto de vista digital. A engenharia digital teve um papel central no sucesso do projeto. Implantamos, customizamos e integramos sistemas e bancos de dados que funcionavam em tempo real, permitindo acompanhar e atualizar simultaneamente diversas frentes de trabalho e etapas de engenharia espalhadas por múltiplos sites.

Embora o projeto tenha sido desenvolvido no Brasil, em determinado momento passamos a contar também com apoio de construção e montagem em países como China, Índia, Coreia do Sul e Singapura, além das atividades realizadas em Angra dos Reis. Para garantir a integração de todas essas frentes, desenvolvemos um sistema digital em nuvem, que conectava a engenharia ao andamento da construção do casco.

Ao todo, operamos com mais de 140 estações gráficas em nuvem, funcionando de forma integrada e em tempo real, 24 horas por dia. Mais de 70 fornecedores nacionais e internacionais estiveram envolvidos, e todo o controle da operação ficou sob responsabilidade da DBR. Foi um grande desafio de logística, produtividade, coordenação e também uma grande conquista.

Gostaria de aprofundar a questão da engenharia digital em tempo real. Como essa estrutura contribuiu para integrar os mais de 70 fornecedores envolvidos no projeto, especialmente considerando que muitos deles estavam em diferentes países?

P-78_Estaleiro Benoi_Singapura_Foto1Nosso projeto foi desenvolvido com uma abordagem digital completa, combinando modelagem em 2D, 3D, BIM e até 4D. A engenharia digital teve um papel multifuncional: atuou como administradora de sistemas, capacitadora de equipes, integradora de informações e responsável pela automação de processos. Além disso, coordenou todo o fluxo de dados entre as diferentes frentes do projeto.

Contamos com uma infraestrutura de hardware pesada e montamos uma equipe dedicada, com mais de 20 engenheiros e técnicos focados exclusivamente na gestão desse ecossistema digital. Desenvolvemos internamente softwares de controle e acompanhamento para complementar os sistemas tradicionais e garantir uma integração eficiente.

O resultado foi um sistema robusto e altamente responsivo, com latência inferior a 50 milissegundos. Isso permitiu que tudo funcionasse em tempo real, inclusive a geração de mais de 200 tipos diferentes de relatórios, customizados para atender às necessidades específicas de cada stakeholder envolvido no projeto.

E quanto à complexidade do projeto em si? Que inovações a DBR implementou do ponto de vista da engenharia?

P-78_Estaleiro Benoi_Singapura_Foto5A própria natureza do projeto já impõe um alto grau de complexidade. Um dos principais avanços que conseguimos foi no controle e na troca de informações entre as diversas especialidades envolvidas — engenharia naval, mecânica, química, elétrica, automação, civil, de materiais e metálica. Estamos falando de milhões de dados circulando entre essas áreas. Para se ter uma ideia, foram produzidos mais de 20 mil isométricos, e o topside da plataforma tem mais de 50 mil toneladas.

O grande diferencial foi nossa capacidade interna de gerenciar esse enorme fluxo de informações de forma precisa e integrada, o que foi essencial para garantir o cumprimento dos prazos.

E quantas pessoas, ao todo, estiveram diretamente envolvidas na execução desse trabalho?

No pico do projeto, mobilizamos cerca de 400 engenheiros e técnicos. Somando tudo, foram mais de 1 milhão de homem-horas dedicadas. É um volume realmente expressivo.

Em termos de escala e complexidade, esse projeto pode ser considerado um dos maiores já realizados no setor?

P-78_Estaleiro Benoi_Singapura_Foto2Sem dúvida. Ele está no mesmo nível dos grandes projetos nacionais e internacionais. Até onde sabemos, somos a única empresa brasileira que realizou, de ponta a ponta, a entrega de um topside completo — desde o início do projeto até a entrega final.

Esse contrato representa muito mais do que um marco para a DBR. Ele comprova que somos plenamente capazes, que estamos preparados e que atuamos na vanguarda da engenharia. Hoje, não há desafio tecnológico ou técnico em projetos offshore que não estejamos aptos a enfrentar. Esse projeto é a prova concreta da nossa capacidade de desenvolver soluções complexas, com excelência, representando o Brasil com competência no cenário global.

A engenharia brasileira passou por um período difícil na década passada, mas agora parece dar sinais de recuperação. Como você avalia o momento atual do setor?

O cenário atual é promissor. Há muitas oportunidades surgindo, impulsionadas por investimentos da Petrobras e também por operadoras estrangeiras. Mas é importante lembrar que a engenharia sofreu bastante nos últimos anos, e isso teve reflexos importantes, inclusive na formação de novos profissionais.

Houve uma queda no interesse dos jovens pela carreira, o que afetou o volume de engenheiros disponíveis no mercado. Hoje, o Brasil possui, proporcionalmente, apenas entre 20% e 25% da quantidade de engenheiros que vemos em países desenvolvidos.

A engenharia é peça-chave para o desenvolvimento do país. Para avançarmos, precisamos de mais regularidade na oferta de projetos e de estímulos para atrair novas gerações à área. O Brasil precisa estar preparado para atravessar essa transição tecnológica que já está em curso. Isso passa, necessariamente, por valorizar e fortalecer a engenharia nacional.

Em relação à tecnologia, há investimentos ou iniciativas em andamento que vocês possam compartilhar?

Sail Away_P-78_Estaleiro Benoi_Singapura_Foto2Um dos nossos focos atuais é a transferência de conhecimento do offshore para o onshore. Ao longo dos anos, desenvolvemos soluções específicas para ambientes offshore, como estratégias de modularização voltadas para otimização de espaço e redução de peso — aspectos críticos nesse tipo de operação.

Ao levarmos esse know-how para o onshore, conseguimos otimizar projetos terrestres com mais eficiência. Isso tem ampliado nossa atuação nesse mercado, onde hoje já temos grandes contratos em andamento. É uma forma de aplicar a experiência acumulada em duas décadas no offshore para gerar valor também em outras frentes.

A política de conteúdo local sempre gera debates, especialmente no setor de engenharia offshore. Como você avalia sua importância e o que poderia ser aprimorado nesse aspecto?

O conteúdo local é absolutamente fundamental para as empresas brasileiras, principalmente quando falamos de projetos offshore. Nessa área, os grandes EPCistas geralmente já atuam no Brasil e contam com capital próprio, o que naturalmente favorece a contratação de empresas de engenharia nacionais.

No entanto, em projetos com maior intensidade de capital, geralmente liderados por grandes companhias estrangeiras, é comum que essas empresas optem por trabalhar com parceiros de seus próprios países ou regiões de origem. É aí que o conteúdo local se torna ainda mais importante: ele cria uma porta de entrada para que empresas brasileiras possam participar desses empreendimentos, desenvolver seus quadros técnicos e reinvestir na própria engenharia.

P-78_Estaleiro Benoi_Singapura_Foto4Vale lembrar que o conteúdo local não é uma particularidade do Brasil — ele existe na maioria dos países e, de modo geral, é bem aceito como uma política de estímulo ao desenvolvimento interno. 

Um ponto que poderia ser aprimorado é a forma de contabilização do conteúdo local. Em muitos casos, os percentuais são atingidos com a aquisição de equipamentos — que têm alto valor agregado — mas isso não necessariamente implica na contratação de engenharia nacional. Seria importante segmentar o conteúdo local de forma mais clara, garantindo que parte dele envolva obrigatoriamente a participação de empresas de engenharia de projetos. Isso contribuiria para fortalecer ainda mais o setor no país.

Para encerrar, quais são os próximos passos e planos da DBR Engenharia?

Nosso foco continua sendo a engenharia de projetos offshore, que é o core business da empresa. Estamos atualmente envolvidos ou acompanhando de perto diversos projetos relevantes no mercado, como Seap 1, Seap 2, Albacora e P-86, entre outros. Também temos ampliado nossa presença internacional. Um exemplo disso é a atuação no revamp de uma plataforma na África, o que mostra nosso interesse em levar a expertise brasileira para fora do país.

Além disso, estamos atentos à abertura do mercado na Margem Equatorial, que deve ganhar relevância nos próximos anos. Acreditamos que esse novo polo será fundamental para o Brasil manter suas reservas enquanto a transição energética avança. É importante entender que essa transição é transgeracional — ela está em andamento, mas não acontecerá de forma imediata. Precisamos estar preparados para garantir a segurança energética do país durante esse processo, e a engenharia tem um papel central nesse contexto.

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