FALTANDO APENAS TRÊS DIAS PARA O TARIFAÇO, BRASIL SEGUE SEM CONTATO COM TRUMP E COM MEDO DAS BRAVATAS DE LULA
Na contagem regressiva, restam apenas três dias que entre em vigor a maior tarifa imposta pelos Estados Unidos a um país, desde que Donald Trump assumiu a presidência: 50%. Todos os líderes de outros países que tiveram a relação comercial com a América ajustada, procuraram os canais corretos para negociar. O Brasil foi diferente. O presidente Lula optou por encarnar um espírito que sempre negou, rejeitou, mas todo mundo pode perceber claramente que não se encaixava com ele: o patriotismo. Em sua história política, ele sempre combateu, segundo ele mesmo disse numa reunião do Foro de São Paulo, realizada no Brasil. Além da bandeira do patriotismo, ele lembrou em um discurso que a família também era outra bandeira que a esquerda aprendeu a combater. Lula falou em soberania nacional, por interesse, depois que recebeu a carta do presidente Trump, já com as condições para a negociação com Brasil. Lula, bateu, pé, xingou, desdenhou, desafiou, satirizou o presidente americano, ao mesmo tempo que repetia bravatas contra ele. Em contrapartida, o governo americano não recebeu ninguém para negociar. Apenas um recado: a decisão está na mesa do presidente Trump.
O nível da água está subindo. A economia brasileira sabe que vai se afogar. O mercado começa a viver um verdadeiro barata voa. Quase pânico. Neste momento (12hs), o presidente Lula está participando, ao lado do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da inauguração da Usina Termelétrica à Gás Natural UTE GNA II, no Porto do Açu (RJ), em São João da Barra (RJ). A usina conta com uma capacidade instalada de 1,7 Gigawatts (GW), o que dá para atender 8 milhões de residências. É a maior termelétrica do país, tomando o posto que era de Porto do Sergipe, da Eneva, de 1,5 GW. A termelétrica, deveria ser a grande atração do show, mas a expectativa é de que Lula volte a aumentar o nível de suas bravatas, agravando ainda mais a situação. Até agora, o nível de interlocução do Ministro Mauro Vieira, de Relações Exteriores, da Embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viote, do próprio Celso Amorim, mentor internacional do governo, e o vice-presidente da república, Geraldo Alckmin, encarregado por Lula para negociar, não é nem próximo de zero. É zero mesmo. Bem redondo.
A explicação é simples: a carta de negociação à Lula, datada de 9 de julho, Trump atribuiu a decisão de elevar a tarifação do país, “em parte”, ao que vê como uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, além de “centenas de ordens” judiciais que censurariam a liberdade de expressão. Foi explicita como os Estados Unidos estão vendo a atuação do Supremo Tribunal Federal em relação aos direitos humanos, perseguição ao ex-presidente Bolsonaro e condenações de bolsão, sem individualidades, com penas extremas e desproporcionais. A resposta do supremo, especificamente do Ministro Alexandre de Moraes, quis mostrar independência fazendo exatamente o que queria, aumentando a tensão contra os Estados Unidos e Donald Trump. Recebeu o primeiro aviso: ele, familiares próximos e de todos os seus aliados neste caso, também foram punidos, o que irritou Moraes ainda mais, que tomou medidas estranhas, colocando tornozeleira eletrônica em Bolsonaro sob ameaça de prisão.
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick (à esquerda), confirmou as tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros entrarão em vigor na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto: “Sem prorrogações, sem mais períodos de carência, elas entrarão em vigor. A Alfândega começará a arrecadar o dinheiro”, afirmou Lutnick, em entrevista divulgada pelo perfil oficial da Casa Branca na rede social X. O Brasil aparece na lista como o mais penalizado, com uma tarifa máxima de 50% sobre todos os seus produtos exportados para o mercado norte-americano e para o aço e alumínio, 75%. Qualquer movimento contrário em retaliação, a coisa ficará ainda pior. E isto o mercado não vai aceitar. Já há um embate. Paralelamente, os Estados Unidos deixou o Brasil completamente isolado depois de ter chegado a um acordo com a União Europeia (UE) que prevê tarifas de apenas 15% sobre a maior parte das exportações do bloco, incluindo automóveis, evitando uma guerra comercial. Além disso, a EU se comprometeu em levar investimentos de US$ 50 bilhões para os Estados Unidos.
Enquanto o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajava para os Estados Unidos, o assessor de Política Externa da Presidência, Celso Amorim, afirmava que o Brasil reforçaria o seu compromisso com o Brics, abrindo uma nova frente contra os Estados Unidos. Nem Índia, nem África do Sul, China ou Rússia estão confrontando Trump. Apenas o Brasil. Em entrevista ao jornal inglês, Financial Times, Amorim disse que os ataques de Trump estão fortalecendo as relações do País com o Brics. Ele negou que a aliança seja ideológica, mas que o bloco deve defender a ordem global multilateral, à medida que os EUA a abandonam. Talvez pense que o Brasil seja o único certo. “Queremos ter relações diversificadas e não depender de nenhum país.” Nesta linha, Amorim defendeu que a União Europeia ratifique rapidamente o acordo com o Mercosul, seja pelo ganho econômico imediato.
Mauro Vieira está em NY para um evento da ONU. A posição do Brasil é tentar negociar sem ceder por Bolsonaro. Após os sinais negativos enviados por Washington, integrantes do governo brasileiro afirmam que vão passar a semana insistindo em contatos com o governo Donald Trump para um acordo, mas não haverá concessão na parte política ligada ao tarifaço, que inclui a questão da anistia. O chanceler estará em Nova York nesta semana para uma conferência da ONU que discutirá uma solução de dois Estados no conflito Israel-Hamas, mas sem previsão de viajar à capital americana. Em outra frente, a comitiva de senadores, passou o final de semana em Washington, e hoje se reúne com empresários e lobistas na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. A agenda do grupo, porém, não inclui ninguém do Executivo dos EUA. Amanhã, haverá encontros com
senadores americanos, tanto republicanos como democratas, num encontro já meio esvaziado, porque o congresso americano entra em recesso de férias de verão esta semana. Na quarta (30), último dia da missão, a comitiva brasileira reúne-se com líderes do setor privado americano no Council of the Americas (Conselho das Américas). A comitiva de senadores, presidida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), é formada por oito senadores: Tereza Cristina, Marcos Pontes. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Carlos Viana (Podemos-MG), Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC), e Fernando Farias (MDB-AL).
Além do Brasil, outros 24 países foram incluídos no pacote tarifário anunciado por Trump, com alíquotas que variam de 15% a 50%. Estão entre eles: África do Sul (30%), Argélia (30%), Bangladesh (35%), Bósnia e Herzegovina (30%), Brunei (25%), Camboja (36%), Canadá (35%), Cazaquistão (25%), Coreia do Sul (25%), Filipinas (20%), Indonésia (32%), Iraque (30%), Japão (25%), Laos (40%), Líbia (30%), Malásia (25%), México (30%), Mianmar (40%), Moldávia (25%), Sérvia (35%), Sri Lanka (30%), Tailândia (36%), Tunísia (25%) e União Europeia (30%). Segundo Trump, as tarifas têm o objetivo de forçar a abertura de mercados considerados “hostis” ou “desequilibrados” comercialmente, mas no caso do Brasil, há mais um agravante. “Essa decisão foi tomada em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”, escreveu Trump. De acordo com projeções do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica da UFMG, o “tarifaço” pode causar uma redução de R$ 19,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 – o equivalente a uma queda de 0,16 ponto percentual.
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