faixa - nao remover

SOB OS OLHOS DE TRUMP, BRASIL REVELA NOVO POTENCIAL DE TERRAS RARAS E URÂNIO NA BACIA DO PARNAÍBA

53067465959_cdb840dab5_bA corrida global por minerais estratégicos ganhou um novo capítulo no Brasil. Em meio à escalada comercial provocada pelas tarifas anunciadas por Donald Trump, que devem entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), o governo dos Estados Unidos voltou seus olhos para o solo brasileiro. O encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, revelou recentemente o interesse da Casa Branca em firmar um acordo com o Brasil para a exploração de terras raras e outros insumos críticos. Esses materiais são considerados peças-chave para a fabricação de motores elétricos, turbinas eólicas, baterias, smartphones e equipamentos militares. Já reconhecido por seu potencial mineral, o Brasil acaba de identificar uma nova fronteira promissora: um levantamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) revelou 39 novas ocorrências com altos teores de fósforo, urânio e elementos terras raras na borda oriental da Bacia do Parnaíba, no estado do Piauí. Os novos dados sugerem que a região pode conter um potencial expressivo para minerais considerados críticos e estratégicos.

O Informe Técnico nº 27 do SGB, disponível neste link, apresenta os resultados do projeto que investigou a geologia e o potencial mineral da borda oriental da Bacia do Parnaíba. A pesquisa abrangeu áreas nos estados do Piauí e Ceará, com ênfase nas formações Itaim, Pimenteira e Longá.  De acordo com o levantamento, as concreções fosfáticas da área apresentaram teores de fósforo variando entre 16% e 27%, além de ETRs com média de 0,4% e um pico anômalo de 2,3% em uma das amostras coletadas.

handler (23)Os arenitos também chamaram atenção: mesmo com baixos teores de fósforo, revelaram níveis médios de 0,2% de terras raras, com valores máximos chegando a 0,4%. Isso sugere um enriquecimento mineral independente da matriz fosfática, possivelmente vinculado à presença de minerais pesados oriundos de rochas ígneas ou metamórficas, além de processos hidrotermais ou autigênicos. Essa característica posiciona a Bacia do Parnaíba entre as regiões mais promissoras do mundo para esse tipo de ocorrência.

No caso do urânio, as concentrações variaram de 9 até 1.270 partes por milhão (ppm), patamares bem acima da média registrada nos principais depósitos globais. Segundo o estudo, esses níveis permitem a recuperação do elemento mesmo em contextos de baixa rentabilidade econômica.

urânioA descoberta ganha relevância num momento em que cresce a demanda internacional por terras raras, essenciais para tecnologias voltadas à descarbonização. A possibilidade de extrair esses elementos como subproduto da mineração de fosfato reforça o conceito de economia circular e pode ajudar a reduzir a dependência externa de países como a China, que domina a oferta mundial desses insumos. Daí surge o interesse americano em um acordo com o Brasil.

Ontem (28), durante evento no Rio de Janeiro, o presidente Lula comentou sobre projetos de minerais críticos no país. Ele disse que toda empresa que quiser explorar as terras raras no Brasil precisará se submeter à autoridade brasileira e “conversar com o governo” sobre autorizações do que podem ou não fazer com esses insumos.

Terras raras

Terras raras

Diante dos novos dados, o SGB sugeriu que os esforços de prospecção sejam concentrados nas formações Itaim, Pimenteira e Longá, utilizando gamaespectrômetros portáteis para detectar anomalias radiométricas superiores a 1.500 contagens por segundo Indícios geológicos como concreções nodulares, texturas mosqueadas, fraturas e vênulas em rochas densas são considerados marcadores confiáveis da presença de terras raras e urânio.

Experimentos internacionais demonstram que técnicas simples de lixiviação com ácidos diluídos são capazes de recuperar quase 100% dos elementos terras raras de fosforitos, o que facilita a viabilidade industrial. No caso da Bacia do Parnaíba, os teores encontrados são comparáveis — e, por vezes, superiores — aos dos principais depósitos já explorados nos Estados Unidos, Austrália e norte da África“, disse o SGB.

O estudo classifica o potencial da região como “promissor a altamente promissor” para o desenvolvimento de depósitos minerais estratégicos, mas ressalta a necessidade de levantamentos mais detalhados para estimar o volume e a viabilidade econômica de lavra. A Bacia do Parnaíba já é conhecida por sua importância geológica, mas este levantamento coloca a região em um novo patamar no cenário internacional. Com investimentos certos e políticas públicas voltadas à mineração sustentável, o Brasil pode assumir um papel de destaque na produção de minerais essenciais à transição energética global“, finalizou o SGB.

Deixe seu comentário

avatar
  Subscribe  
Notify of