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MESMO COM VÁRIOS PRODUTOS ISENTOS, INDÚSTRIA BRASILEIRA AINDA TEME EFEITOS DO TARIFAÇO DE TRUMP E PEDE CAUTELA DO GOVERNO

cniaprimoradonr_AjSQcbqA lista final de itens que serão tarifados pelo Estados Unidos a partir de 6 de agosto trouxe um mix de sentimentos na indústria brasileira. Para o setor de óleo e gás, a sensação foi de alívio, tendo em vista que itens como combustíveis, petróleo cru e derivados não serão taxados. Contudo, isso não torna a sanção americana preocupante para outros setores da economia. Café, carne bovina e mesmo equipamentos, por exemplo, estão na mira e podem ser taxados em 50%. A  Confederação Nacional da Indústria (CNI) demonstrou preocupação com a decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, conforme decreto assinado nesta quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump. Segundo a entidade, a medida compromete cadeias produtivas, reduz a produção, ameaça empregos, investimentos e contratos de longo prazo.

A confirmação da aplicação da sobretaxa sobre os produtos brasileiros, ainda que com exceções, penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade. Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar. Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

industria-maquinas-e-equipos_aac42779Cerca de 700 produtos brasileiros ficaram fora da nova tarifa de 50%. Contudo, vale lembrar que a nova taxa é, na verdade, resultado de um acréscimo de 40 pontos percentuais em relação à alíquota atual de 10%, estabelecida em abril. Por isso, mesmo os produtos que estão livres da taxa adicional de 40% ainda continuarão sujeitos à tarifa anterior de 10%.

Segundo a CNI, apesar das exceções, setores como proteína animal, café, etanol, máquinas, equipamentos e outros manufaturados, considerados relevantes para a pauta exportadora brasileira, não foram poupados e enfrentarão o aumento. A entidade também prepara uma missão empresarial aos Estados Unidos com o objetivo de aproximar empresas dos dois países que mantêm relações comerciais. A intenção é estimular o diálogo sobre os impactos da medida, ampliando os canais de interlocução empresarial, sem interferência direta nas negociações entre os governos. “Nosso papel é ser um facilitador e o nosso objetivo é sensibilizar as empresas para que elas sensibilizem o governo. As tarifas também vão afetar a economia americana”, disse Alban.

PROPOSTAS AO GOVERNO BRASILEIRO 

TRUMPPara tentar reduzir os efeitos das novas tarifas sobre a indústria nacional, a CNI entregou nesta quarta-feira (30) ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) uma lista com oito medidas consideradas prioritárias.

Entre as propostas estão a criação de uma linha emergencial de financiamento do BNDES, com juros entre 1% e 4% ao ano, voltada para capital de giro de empresas afetadas pela medida e suas cadeias produtivas; a prorrogação de prazos e carências para pagamento de financiamentos de exportação, como o PROEX e o BNDES-Exim; e o adiamento, por 120 dias, do pagamento de tributos federais, com a possibilidade de parcelamento em pelo menos seis vezes, sem multas ou juros.

A CNI também propôs o pagamento imediato de pedidos de ressarcimento de créditos tributários já homologados (PIS/Cofins e IPI), além de medidas para tornar mais ágeis e previsíveis os processos de compensação. “Nossas propostas buscam mitigar os efeitos econômicos adversos aos setores afetados pelas barreiras, preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras e garantir a continuidade das operações internacionais em um cenário de alta imprevisibilidade”, afirmou Alban.

REAÇÕES NO SETOR DE ÓLEO E GÁS 

petroleo_plataformaO Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) disse que recebeu positivamente a notícia de que o setor de óleo e gás foi formalmente isento da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. “A decisão de isentar energia e produtos energéticos (petróleo bruto, seus derivados e gás natural liquefeito, entre outros) é um reconhecimento da especificidade do mercado de petróleo e seus derivados e da sua importância estratégica no comércio bilateral“, disse a entidade.

O IBP lembrou que existe um fluxo relevante não apenas de exportações de petróleo brasileiro, que somaram US$ 2,37 bilhões no primeiro semestre de 2025, mas também de importações de derivados essenciais para o mercado nacional. “A manutenção da competitividade do setor junto ao mercado norte-americano contribui para preservar os fluxos comerciais e os investimentos, mitigando impactos imediatos“, acrescentou.

petroleo-768x479Já a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) disse que “recebeu com tranquilidade e confiança a exclusão do petróleo e gás natural das tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos da América, interpretando a decisão como um reconhecimento da relevância estratégica internacional dos hidrocarbonetos produzidos no Brasil“.

A entidade declarou que, embora as exportações para os Estados Unidos representem uma parcela modesta do comércio dos produtores independentes, a medida contribui para preservar a competitividade do Brasil, garantir estabilidade comercial e reforçar um ambiente de negócios mais previsível — especialmente importante para a continuidade e expansão sustentável da produção independente de petróleo e gás.

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