INDÚSTRIA DO RIO DE JANEIRO ACUMULA QUATRO MESES SEM CRESCIMENTO E ACENDE O ALERTA PARA POSSÍVEIS CORTES DE PRODUÇÃO
Alerta laranja piscando no radar da indústria fluminense. O setor chega a quatro meses consecutivos sem crescimento, somando sinais de fraqueza que preocupam empresários e entidades representativas. Em julho, a produção industrial recuou 0,2% frente a junho, segundo o IBGE. Já o PMI industrial, divulgado para agosto, marcou 47,7 pontos, patamar que indica contração da atividade e representa o nível mais baixo desde junho de 2023. Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), presidida por Luiz Césio Caetano (foto), o cenário é desafiador e indica que o desempenho prolongado sem crescimento tende a abalar ainda mais a confiança do empresariado. A federação alerta para os riscos de cortes de produção, adiamento de projetos e redução de contratações, fatores que poderiam abrir caminho para uma nova crise do setor.
Para a entidade, as soluções imediatas voltadas à mitigação dos impactos das tarifas externas são importantes, mas insuficientes. “A elevada taxa de juros, atualmente no maior patamar em quase 20 anos, não é uma questão pontual, mas sim o reflexo de uma política fiscal que tem se concentrado na expansão de receitas e na alteração dos critérios de apuração da meta fiscal. Somente com um firme compromisso com a disciplina fiscal será possível criar condições necessárias para a redução sustentável dos juros”, destacou a entidade, lembrando que a indústria nacional ainda opera cerca de 15% abaixo da máxima histórica registrada em 2011.
Já a Associação de Indústrias do Rio de Janeiro (Rio Indústria) aponta que a desaceleração decorre de uma combinação de fatores, entre eles as tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e o atual patamar elevado da taxa Selic. “O ‘tarifaço’ norte-americano impacta setores estratégicos da indústria brasileira, que respondem por mais da metade das exportações para aquele mercado. Paralelamente, a Selic em 15% tem limitado a capacidade de financiamento tanto para consumidores quanto para empresas, gerando retração na demanda interna e redução de contratações”, avaliou a associação.
Segundo a entidade, os efeitos são sentidos também no Rio de Janeiro, ainda que o estado tenha uma base industrial mais diversificada. Setores como petroquímico, metalúrgico e de bens de consumo vêm ajustando produção e investimentos, enquanto o crédito mais caro compromete projetos de expansão e modernização. Diante desse quadro, a Rio Indústria defende políticas que estimulem a competitividade e ampliem o crédito produtivo, especialmente em estados com forte presença industrial como o fluminense.
“A Rio Indústria reforça seu compromisso em dialogar com governo e entidades setoriais para buscar soluções que minimizem os impactos da conjuntura atual e permitam que a indústria brasileira retome o crescimento de forma sustentável, preservando empregos e fortalecendo a economia regional e nacional”, concluiu a entidade.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, uma missão empresarial brasileira já está em Washington (DC) para abrir canais de diálogo e tentar reverter ou reduzir as tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelo governo norte-americano. Liderada pela CNI, a missão reúne representantes de oito federações industriais do país, quatro sindicatos, 19 associações setoriais e 35 empresas brasileiras.
A Firjan está representada pelo presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais da federação, Rodrigo Santiago, que participou da primeira reunião de trabalho da missão na última terça-feira (2. O grupo se reuniu com a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Ribeiro Viotti, e com o diplomata Roberto Azevedo, contratado pela CNI para defender o setor privado na investigação da Seção 301 do governo norte-americano. “A agenda inclui reuniões com empresários e autoridades norte-americanas para fortalecer o diálogo e avaliar os impactos comerciais e estratégias para aprofundar a parceria econômica entre os dois países“, informou Santiago.
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