FROTA MUNDIAL DE REATORES NUCLEARES QUEBROU NOVO RECORDE ANUAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA
Os reatores nucleares em operação no mundo geraram 2667 TWh de eletricidade em 2024, superando o recorde anterior de 2660 TWh, estabelecido em 2006, de acordo com o World Nuclear Performance Report 2025. A edição mais recente do relatório anual, produzido pela World Nuclear Association, também registrou que o fator de capacidade médio subiu para 83%. O fator de capacidade mede quanta eletricidade é efetivamente gerada em comparação ao que poderia ser produzido caso uma usina operasse em potência máxima de forma contínua ao longo de todo o ano. São dados que deveriam ser notados pelo governo brasileiro, que está patinando com o Programa Nuclear e segue sem definição a cerca da retomada das obras de Angra 3.
Um dos destaques do World Nuclear Performance Report 2025 é que não há queda de desempenho dos reatores conforme envelhecem: mais de 60% deles atingiram fator de capacidade superior a 80%. O documento aponta que o crescimento da geração nuclear global na última década é impulsionado principalmente pela Ásia, que concentra 56 dos 68 reatores comissionados no período. Entre os 70 reatores atualmente em construção, 59 estão localizados na região.
“O novo recorde de geração elétrica a partir da energia nuclear em 2024 é um testemunho da indústria. Para atingirmos nossas metas globais de energia e clima, é um recorde que precisa ser superado repetidamente, ano após ano, em volumes cada vez maiores. O desafio à frente é imenso, mas também a oportunidade”, disse a diretora-geral da World Nuclear Association, Sama Bilbao y León. No entanto, a executiva ressaltou que para que o mundo alcance suas metas globais de energia e clima, esse recorde precisa ser superado repetidamente, ano após ano, em volumes cada vez maiores.
“Existem duas ações que podem viabilizar esse crescimento. A primeira é maximizar a contribuição da frota existente, mantendo altos padrões de desempenho e estendendo o tempo de operação dos reatores. A segunda é acelerar rapidamente o ritmo de novas construções”, afirmou. Desde 2012, a geração nuclear tem aumentado em média 25 TWh por ano. Para dobrar a produção até 2050, será necessário um acréscimo médio de 100 TWh anuais, e de 200 TWh por ano para triplicá-la.
“Embora esse desafio pareça grande, não é inédito. Durante boa parte da década de 1980, o mundo viu a geração nuclear crescer mais de 100 TWh ao ano, com um aumento recorde de 213 TWh em 1985”, avaliou. Para alcançar um crescimento anual de 200 TWh, seria preciso adicionar cerca de 28 GWe de nova capacidade nuclear a cada ano. No entanto, apenas cerca de 11 GWe anuais devem entrar em operação nos próximos cinco anos. “Para cumprir a meta estabelecida por 31 governos de triplicar a capacidade nuclear global até 2050, será necessário iniciar uma nova era de construção acelerada”, acrescentou.
Em 2024, sete reatores foram conectados à rede elétrica: Zhangzhou 1 na China, Vogtle 4 nos EUA, Shidaowan Guohe One na China, Kakrapar 4 na Índia, Flamanville 3 na França, Fangchenggang 4 na China e Barakah 4 nos Emirados Árabes Unidos. No mesmo ano, começaram as obras de nove reatores: Chashma 5 no Paquistão, El Dabaa 4 no Egito, Leningrado II-3 na Rússia e, na China, Lianjiang 2, Ningde 5, Shidaowan 1, Xudabao 2 e Zhangzhou 3 e 4.
Quatro reatores foram desligados permanentemente em 2024: Kursk 2, na Rússia, um RBMK moderado a grafite; Pickering 1 e 4, no Canadá, reatores PHWR que operaram por 53 e 51 anos, respectivamente; e Maanshan 2, em Taiwan, um reator de água pressurizada de 41 anos, fechado como parte da política de descomissionamento do governo local.
“Com o apoio de líderes globais do setor, governos visionários e uma sociedade cada vez mais engajada, o caminho para triplicar a capacidade nuclear não é apenas possível: é necessário. Esta é a oportunidade de construir um futuro energético mais limpo, seguro e acessível para todos, sustentado por uma fonte confiável e de baixo carbono”, concluiu Sama.
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