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NOVO PLANO DA EPE APONTA PARA VIABILIDADE DE ROTAS DE DUTOS DE ETANOL PARA REGIÕES CENTRO-OESTE E NORTE

DSC_0043O Petronotícias inicia a cobertura desta sexta-feira (12) trazendo os detalhes do novo Plano Indicativo de Oleodutos (PIO) 2023-2025 (disponível neste link), apresentado nesta semana pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O grande destaque desta edição do estudo é a apresentação de quatro rotas para dutos de etanol que cruzariam estados do Sudeste, Centro-Oeste e Norte. A  Diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges Esteves, explica que três dessas alternativas já se mostram viáveis do ponto de vista econômico em comparação com o modal rodoviário. Somente para os projetos de dutos para transporte de etanol, os investimentos previstos estão entre 1,45 bilhão e 9,3 bilhões de reais. O PIO também apresenta alternativas para dutos de derivados de petróleo, que também se mostram viáveis diante da perspectiva de que a demanda por energia fóssil continuará existindo nas próximas décadas. “Mesmo em cenários de transição energética, derivados do petróleo continuam sendo necessários. A diferença é a maior entrada dos biocombustíveis, o que não elimina a necessidade de transportar produtos fósseis até o consumidor final”, avaliou. Heloísa também detalhou os projetos de dutos para transporte de QAV, que ainda não se apresentam competitivos frente à modalidade rodoviária. “Como são linhas curtas, a questão da intensidade de carbono não deve alterar essa conta. Mas esses projetos têm justificativa estratégica para segurança do abastecimento aéreo. Precisamos avançar nesse debate”, concluiu.

Qual a situação geral da logística de abastecimento de combustíveis no país?

Projetos indicados no PIO 2025 - clique para ampliar

Projetos indicados no PIO 2025 – clique para ampliar

O Brasil é um país de dimensões continentais, segundo maior produtor mundial de biocombustíveis e sexto maior mercado de petróleo. Apesar disso, quase todas as regiões são atendidas principalmente pelo modal rodoviário, já que as refinarias estão localizadas na costa. A demanda nacional por derivados de petróleo e biocombustíveis seguirá em crescimento ao longo do horizonte decenal. Mesmo em cenários de transição energética, derivados do petróleo continuarão sendo necessários. A diferença é a maior entrada dos biocombustíveis, o que não elimina a necessidade de transportar produtos fósseis até o consumidor final. Assim, a discussão sobre como transportar combustíveis e aumentar a eficiência da logística permanece em qualquer cenário futuro.

E qual o estado atual da nossa malha de dutos?

Os dutos existentes já estão no limite da capacidade e tendem a saturar nesta década. Por isso, é fundamental ampliar a infraestrutura, tanto para garantir eficiência quanto para assegurar o abastecimento nacional. O modal dutoviário é mais seguro, reduz emissões e custos, e protege contra vulnerabilidades. A dependência exclusiva do meio rodoviário deixa o país exposto a riscos como greves, enchentes e problemas de infraestrutura, que podem comprometer toda a economia.

Quais são os fatores que podem aumentar a necessidade de expansão da malha dutoviária?

Previsão de início de operação das linhas indicadas

Previsão de início de operação das linhas indicadas

A aviação é um componente cada vez mais relevante. O querosene de aviação (QAV) tem importância estratégica, mas hoje é transportado principalmente por caminhões. Isso gera dois desafios: o aumento de emissões, já que se gasta diesel para levar QAV, e a vulnerabilidade no abastecimento de aeroportos, que são pontos estratégicos. Se houver interrupções nas estradas, o país fica sem transporte rodoviário e aéreo ao mesmo tempo, como ocorreu recentemente no Sul por conta das enchentes de 2024.

Outro fator é o crescimento econômico do interior do país, acompanhado pelo avanço da fronteira agrícola, especialmente no Centro-Oeste e no Norte do Paraná. Essa expansão aumenta a demanda por combustíveis para o escoamento da produção. O terceiro grande driver é a perspectiva de oferta crescente de etanol, tanto de cana quanto de milho, que deve se manter nas próximas três décadas. 

Em linhas gerais, o que é apresentado no Plano Indicativo de Oleodutos?

O plano apresenta estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de diferentes traçados de oleodutos. Os resultados estão disponíveis ao público, inclusive em formato georreferenciado. A análise apresentada no estudo não substitui o licenciamento ambiental, mas já indica a viabilidade preliminar de cada projeto. Todo esse trabalho resulta em alguns traçados sugeridos pela EPE.

Poderia fazer um resumo dos principais projetos sugeridos no plano?

PIO reconhece viabilidade de projetos de etanol, mas reconhece desafios para linhas de QAV

PIO aponta para viabilidade de projetos de etanol, mas reconhece desafios para linhas de QAV

Para o QAV, foram identificadas três necessidades de novos dutos: em Recife, em Campinas e em Guarulhos, todos hubs importantes de transporte aéreo.

Já no caso do etanol, que é a grande novidade do trabalho, foram sugeridos quatro dutos principais: de Paraúna (GO) para Damolândia (GO); de Aurilândia (MT) para Paulínia; de Sorriso (MT) para Água Boa, com conexão à ferrovia que está em construção; e outro de Sorriso para o Porto Nacional (TO), ligado a uma ferrovia já existente. Os dutos de etanol que fazem a conexão da cidade de Sorriso com Água Boa e Porto Nacional são mutuamente excludentes, ou seja, um deles deve ser o selecionado, não fazendo sentido que esses projetos coexistam.

Há também oportunidades para novos dutos de derivados, especialmente voltadas à interiorização. Uma delas envolve o trecho entre Rondonópolis (MT) e Sorriso, conectando os terminais desses dois municípios. Seriam dois novos trechos de dutos: Rondonópolis–Cuiabá e Cuiabá–Sorriso, avançando em direção ao interior do país. Outra oportunidade é a duplicação do trecho Paulínia–Campo Grande, que já opera no limite da capacidade em uma região de forte crescimento econômico. Trata-se de um projeto de grande porte, com quase mil quilômetros de extensão, que aproveitaria a faixa já existente do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil) ao longo de todo o trajeto.

Quais são os volumes de investimentos previstos?

gasodutosPara dutos de transporte exclusivo de QAV, os investimentos estão entre 200 milhões e 540 milhões de reais. Para dutos para transporte de etanol, os montantes estão entre 1,45 bilhão e 9,3 bilhões de reais. Para dutos para transporte de derivados de petróleo, os projetos representam valores de 4,1 a 7,3 bilhões de reais. Os custos com os terminais ficam entre 2,49 bilhões e 2,65 bilhões de reais. O total dos investimentos apresentados no PIO varia entre 23 bilhões e 29 bilhões de reais.

Qual o grau de viabilidade desses projetos?

Do ponto de vista econômico, quase todos os dutos de etanol e derivados de petróleo já se mostram viáveis em relação ao transporte rodoviário. Já os dutos de QAV não se viabilizam pela conta econômica. Além disso, como são linhas curtas, a questão da intensidade de carbono não deve alterar essa conta. Mas eles têm justificativa estratégica para segurança do abastecimento aéreo. Essa segurança é difícil de quantificar, mas essencial, já que uma interrupção no modal rodoviário pode deixar aeronaves paradas em solo por longos períodos.

O estudo da aborda também os desafios para viabilizar esses projetos de oleodutos?

Sqav-combustivel-aviacao-petrobras-divulgacaoim, abordamos essa questão. Em relação aos derivados de aviação, que ainda não são economicamente viáveis em larga escala, discutimos as áreas onde há espaço para melhorias. A análise ambiental também detalha as sensibilidades e os temas que precisam de debate. Além disso, a questão do financiamento é sempre um ponto muito importante e um desafio significativo para a viabilização desses projetos.

Poderia explicar a relação entre a importância de oleodutos e a transição energética?

Sim, esse é um ponto muito pertinente. Investir em oleodutos de derivados de petróleo é compatível com uma estratégia de transição energética sustentável. O grande avanço da COP28 foi o acordo sobre a “Transitional Way from Fossil Fuel”, que visa um afastamento gradual dos combustíveis fósseis. Nossa análise demonstra que, na verdade, essa infraestrutura pode ser uma ferramenta para reduzir a demanda de forma sustentável. É importante notar que, mesmo nas projeções mais otimistas para o Brasil, o consumo de derivados de petróleo continuará até 2040 ou 2050. Portanto, precisamos de meios sustentáveis para transportar esses derivados, e é essa discussão que buscamos trazer com o PIO.

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Armando
Armando
1 mês atrás

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