SANTA CATARINA APOSTA NO BIOGÁS COMO COMPLEMENTO AO GÁS NATURAL
Por Paulo Hora / Petronotícias –
Com o objetivo de regulamentar a operação com a energia renovável e conhecer as exigências para operação da distribuição do biometano, a SCGÁS apresentou seu programa de biogás à ANP. O presidente da SCGás, Cósme Polêse, afirmou que o estado de Santa Catarina tem um alto potencial para a produção de gás a partir de excrementos animais, particularmente de suínos e de aves. Juntamente com outros representantes da companhia, Polêse observou plantas industrias de produção de biogás na Europa para entender como o Brasil pode aproveitar melhor o seu potencial.
Em que consiste o programa de Biogás da SCGás?
Consiste em estimular as diversas iniciativas de ofertar gás por meio de ações do Estado. Queremos desenvolver mecanismos para usar o gás proveniente da biomassa de aterros sanitários em regiões de Santa Catarina que têm um potencial significativo, mas que estão distantes dos pontos de geração da rede.
De que matéria-prima se origina o biogás dessas regiões?
Santa Catarina é uma referência na produção de carnes de aves e suínos, cujos excrementos podem ser matéria-prima para a produção do biogás. Além de adicionar o gás tratado à rede, essa atividade colabora com as questões ambientais.
De quanto será o investimento que a companhia terá que fazer para a implementação desse programa? Em que aspectos esse dinheiro será investido (captação do gás, ampliação da rede)?
A companhia não estabeleceu valores para instalar unidades de produção, pois nós somos a distribuidora e só compramos o gás. O investimento na produção, o setor privado pode fazer.
E quanto precisa ser investido?
Não é possível precisar isso agora, pois estamos iniciando o programa, definindo os substratos que serão usados, cujos modelos devem se adaptar à realidade de cada região. Mas sabemos que o estado de Santa Catarina tem um potencial para produzir cerca de 2 milhões de metros cúbicos de biogás por dia.
Como foi a apresentação do programa à ANP?
Foi bem recebido. Vamos crescer juntos nesse projeto, pois a ANP é uma parceira, assim como a Embrapa. Eles ainda estão conhecendo o projeto para determinar as normas, que hoje não existem.
O Brasil já tem condições de produzir biogás em grande escala e em condições competitivas?
Não. O biogás é uma alternativa para complementar o gás natural na rede. O objetivo maior é dar um destino ambiental melhor ao material orgânico que pode ser utilizado na produção do biogás, que não terá capacidade para abastecer o mercado.
Que fração da produção de gás o biogás pode atingir?
Não dá para precisar um percentual. Várias regiões em que há matéria-prima para a produção do biogás não têm, por motivos estruturais, condições de instalar uma planta.
O que vocês observaram na viagem que fizeram à Europa para ver a produção de biogás em países como Alemanha e Suécia?
Observamos muita coisa importante. Na Alemanha, existem 7 mil plantas de produção de biogás, que utilizam substratos diversos, como milho, esgoto, excrementos de animais e muitos outros.
O modelo desses países poderia ser transferido para o Brasil?
Temos muito a andar para chegar ao nível de uma Alemanha quanto à produção de biogás. Não dá para replicar o modelo de lá e esperar o mesmo desempenho aqui. O planejamento deve estar sempre de acordo com a realidade local, no que diz respeito ao clima, ao substrato disponível, dentre outras particularidades. No Brasil, o modelo teria que se basear, por exemplo, em cana-de-açúcar e mandioca. Isso de uma forma mais geral, pois o país tem dimensões continentais e várias realidades locais diferentes. Podemos nos inspirar no modelo alemão e “tropicalizá-lo”.
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