MFX DO BRASIL BUSCA ESPAÇO NO MERCADO INTERNACIONAL
Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br) –
A MFX do Brasil quer se internacionalizar. A empresa, que fabrica cabos umbilicais para a indústria de petróleo offshore desde 1982, atua principalmente junto à Petrobrás, com a qual já possui contratos para fornecimento de materiais para o pré-sal. No entanto, de olho nas oportunidades crescentes do setor de petróleo em várias partes do mundo, a MFX, do empresário Giovanni Spinelli, planeja crescer investindo no mercado externo. Apostando nessa diversificação de faturamento, a companhia pretende no futuro fabricar umbilicais para regiões como o Mar do Norte, Golfo do México e África. O executivo Iwaldo Miranda (foto), responsável pelas vendas internacionais e marketing, começou a trabalhar em janeiro com a missão de inserir a MFX nesse mercado.
Que tipo de umbilicais a MFX fornece ao setor de óleo e gás?
Há vários tipos de umbilicais, com configurações bem distintas entre si. Vai depender da demanda do cliente. Os umbilicais conectam bombas no fundo do mar às plataformas, onde as pessoas controlam os equipamentos subseas. Há também mangueiras hidráulicas de alta pressão para abrir e fechar válvulas hidráulicas etc. Há umbilicais estritamente óticos, hidráulicos ou elétricos. Mas também existem os integrados.
Há algum exemplo recente de contrato internacional?
Em relação a umbilicais óticos, fizemos um contrato com a empresa norueguesa PGS. Ela fez uma coleta de dados por meio de um umbilical ótico produzido pela MFX. Trata-se de um conjunto de cabos com alta taxa de transferência de dados, mais finos que os cabos elétricos. Cada um parece um fio de cabelo, mas a fibra ótica tem uma capacidade muito maior que o cobre.
Vocês contam com quantos funcionários?
Contamos com 300 empregados aqui e as operações são muito setorizadas. Fornecemos há muitos anos, para muitos projetos da Petrobrás, como nos Campos de Lula, Guará e Tupi. Além disso, restam fechar dois projetos no pré-sal da Bacia de Campos.
Hoje o principal cliente da MFX é de longe a Petrobrás, certo?
De fato, a Petrobrás é responsável pela maioria dos contratos. Estamos buscando maior participação estrangeira no nosso faturamento. Ainda é difícil dizer a porcentagem estrangeira que estamos procurando, porque seria uma previsão ainda temerária, que depende de muitos fatores. Pessoalmente, acredito que com um trabalho de três anos já atinjamos 20% de participação estrangeira.
Além da Petrobrás, vocês já fizeram negócios com quais empresas?
Fora a Petrobrás, já trabalhamos junto à Subsea 7, Weatherford, PGS, FMC. Todas essas empresas são multinacionais, mas compraram produtos para o mercado brasileiro. Estamos iniciando esforços visando à indústria de petróleo fora do Brasil. Inclusive para isso que fui contratado. Estamos nos organizando para começar nossas vendas de umbilicais para fora do país.
Qual é o maior desafio de vender umbilicais externamente?
O negócio envolve muita preparação logística, porque não é simples transportar esses equipamentos. Os umbilicais chegam a pesar 300 toneladas, logo o transporte é bem caro, mas é possível. Existe uma logística já associada no mundo inteiro para essa movimentação de cargas. Além disso, os requerimentos internacionais são diferentes, e isso precisa ser muito bem estudado, embora tenhamos capacidade de atendê-los. Por exemplo, estamos certificados pela API 17-E, temos um time residente de certificadores que atesta toda a nossa produção. Então não temos problema para atender aos padrões internacionais, mas sabemos que cada cliente tem uma necessidade diferente e uma forma de fazer negócio.
Há mais algum outro ponto que deve ser considerado?
Tem também a questão do tempo. Nós não trabalhamos com estoque desses umbilicais. É tudo feito a partir de um projeto que está associado a estruturas de produção de petróleo que, por sua vez, levam mais tempo para serem construídas do que os nossos produtos. Os projetos offshore são projetos demorados, e um navio pode demorar três anos para ser construído. Então, primeiro precisamos aguardar o término da instalação de várias estruturas antes de entregar efetivamente os umbilicais.
O que tem sido feito para começar essas exportações?
Já temos feito trabalhos em paralelo e temos outros em fase de planejamento. A OTC 2013, em Houston, foi a primeira feira internacional de que MFX participou. Agora temos planos para participar de outras feiras, a fim de mostrar nossa empresa. Na Europa, pretendemos participar da feira Offshore Europe, em Aberdeen (Escócia), em setembro. Estamos planejando também visitas a clientes. Conseguimos aprovação na Saipem (italiana), e também na Subsea 7, junto à qual estamos cadastrados como fornecedor.
Vocês já têm discussões adiantadas em relação a negócios internacionais?
Já estamos participando de várias licitações. Temos negócios quentes que, a qualquer momento, podem sair. Por enquanto, não podemos falar porque ainda não estão fechados. Seguimos em contato com diversas empresas internacionais, focando áreas como o Mar do Norte (como a Noruega), o Noroeste da África (Angola, Nigéria, Costa do Marfim), o sudeste da Ásia (Indonésia, Malásia) e o Golfo do México (EUA).
A MFX tem muitos concorrentes em território brasileiro?
Temos dois concorrentes no Brasil, mas a MFX é a única empresa 100% brasileira. As outras duas têm capital internacional: estão no Brasil, mas não são brasileiras. Nós estamos há 30 anos fabricando umbilical. Estamos em Salvador, onde temos nosso próprio porto e onde fica a fábrica, a engenharia e a diretoria. O produto sai daqui direto para os projetos da Petrobrás. Há também um escritório nosso no Rio, perto da Petrobrás, que atende aos clientes locais.
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