PETROBRÁS RECUSOU PROPOSTA DA ASTRA POR PASADENA EM 2007
As declarações sobre Pasadena não arrefeceram com os depoimentos de Graça Foster e Nestor Cerveró no Congresso Nacional, e agora uma nova informação deve trazer outros desdobramentos sobre o caso. Em 2007, pouco tempo antes de ser iniciado o processo arbitral entre a Petrobrás e a Astra, por discordância em relação à ampliação da refinaria, a empresa belga fez uma oferta para comprar os 50% que havia vendido para a estatal brasileira.
A proposta foi feita pelo presidente do conselho da Astra na época, Gilles Samyn (foto), ao então presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, de acordo com reportagem de Samantha Lima e Fabio Brisolla, da Folha de S. Paulo.
Samyn disse, em depoimento à Associação Americana de Arbitragem, que em agosto de 2007 conversou por telefone com Gabrielli, quando ambos reconheceram que a parceria não iria para frente, e fez a oferta de compra, sem aceitação. Encontraram-se então em setembro daquele ano, na Dinamarca, como já havia contado Nestor Cerveró na Câmara dos Deputados, quando Samyn refez a oferta, novamente sem sucesso.
“Gabrielli, em resposta, sugeriu oferecer, até o fim de setembro, uma proposta firme para comprar da Astra o resto da refinaria e da trading”, afirma o executivo no documento revelado pelo jornal.
No fim daquele mês, a Petrobrás fez uma oferta de US$ 550 milhões pelos 50% restantes do negócio, mas a Astra contrapropôs US$ 1 bilhão. No fim de novembro, Cerveró afirmou ter aprovação da diretoria executiva para oferecer US$ 700 milhões. No início de dezembro, acabou aceitando pagar US$ 700 milhões pelos 50% da refinaria e US$ 88 milhões pela participação restante na trading, mas o conselho acabou não aprovando. Ao final da arbitragem, a estatal teve que desembolsar US$ 885 milhões por tudo, totalizando US$ 1,25 bilhão com o negócio desde o início.
As revelações surgem depois que novas declarações de Gabrielli e da presidente Dilma Rousseff se contrapõem. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, no domingo, o ex-presidente da Petrobrás afirmou que todos deviam assumir suas responsabilidades.
“Eu sou responsável. Eu era o presidente da empresa. Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. Nós somos responsáveis pelas nossas decisões. Mas é legítimo que ela tenha dúvidas”, afirmou ao jornal.
Em resposta, a presidente Dilma respondeu por meio do ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante: “Como já foi dito pela presidente e demais membros do Conselho de Administração da Petrobrás, eles assumiram as suas responsabilidades nos termos do resumo executivo que foi apresentado pelo diretor internacional da empresa”.
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