REELEIÇÃO DE GRAÇA FOSTER SEM ALARDE CAUSA SURPRESA AO MERCADO DE PETRÓLEO

O que levaria a Petrobrás a não anunciar através da imprensa, como sempre faz, a reeleição de sua presidente? Para quem não sabe, o Conselho de Administração da Companhia reelegeu Graça Foster por mais três anos no dia 21 de março, apesar de estar à frente da empresa há pouco mais de dois anos. Com ela, todos os diretores, que receberam votos unânimes para que dessem continuidade ao trabalho que estão desenvolvendo. Apenas um deles, José Figueiredo, da engenharia, mereceu um voto contrário, que foi dado pelo representante dos funcionários, José Maria Ferreira Rangel. Mesmo assim, o diretor foi mantido na função. O Petronotícias ouviu alguns executivos do mercado, que também se surpreenderam com a informação, mas ninguém quis se manifestar. As denúncias sucessivas contra a Petrobrás faz com que as pessoas se recolham e não queiram se comprometer.

O fato é que a comunicação da empresa ao mercado só se deu através da publicação de uma ata da reunião do seu conselho, o que é legal, mas incomum. Foster foi reeleita quando já sabia que iria depor no Senado Federal sobre o caso Pasadena. Os escândalos que se sucederam manchando o nome da companhia no  mercado brasileiro e internacional, provocam um certo imobilismo em alguns setores nas operações da companhia.

A mídia nacional ainda se movimenta recebendo denúncias contra a empresa e contra alguns de seus executivos. Algumas dessas denúncias se voltam agora para o mercado de Macaé, onde estão circulando informações sobre irregularidades no serviço de manutenção das plataformas da Bacia de Campos, envolvendo a suspensão de contratos sem justificativas legais para substituição de empresas e a contratação de outras, sem licitação. Neste caso a empresa  beneficiada seria  a Imetame Metal Mecânica, do empresário Étore Cavalieri. Cavalieri já esteve envolvido num caso rumoroso de doação irregular para a campanha do Deputado Cândido Vacarezza, do PT, em 2010. Ele doou R$ 1 milhão a mais do que o permitido, mas em nome do  pai, Benedito Cavalieri. O TRE de São Paulo recebeu uma representação da Procuradoria Regional Eleitoral por “ excesso de doação” e Étore Cavalieri teve que pagar uma multa pesada pela doação irregular. A Imetame também já esteve fazendo manutenção em plataformas da Bacia de Campos no passado, mas abandonou o contrato na ocasião. O Petronotícias recebeu a informação de que a Polícia Federal está ciente deste problema e já investigando esta questão.  Mas tudo ainda está sob sigilo.

Além de Macaé, há denúncias sendo apuradas pela Polícia Federal nas obras da Refinaria Abreu e Lima, envolvendo empresas tradicionais de engenharia, como Camargo Corrêa, Galvão e OAS. As empresas preferem o silêncio, mas as investigações da Polícia Federal estão bastante adiantadas. Apesar de todos os problemas, o voto do Conselho de Administração da estatal foi um gesto de confiança no trabalho que a presidente Graça Foster vem desenvolvendo, querendo resolver os problemas. Foster mudou o ambiente e a sensação de corrupção, mas o remédio que ela está usando é um pouco amargo às companhias fornecedoras de serviços de engenharia para estatal. Elas estão sendo responsabilizadas por erros que nascem no planejamento das obras da própria estatal, que corre contra o tempo para entregar as refinarias necessárias. A pressa é de tal forma que os projetos de engenharia não foram bem planejados e a consequência é o atraso nas obras. Outro problema é a concentração de todas as autorizações de pagamentos nas mãos de seu diretor de engenharia. Sobrecarregado, ele não dá a agilidade necessária para a solução dos problemas.  Com a falta de pagamento pela estatal, há o consequente atraso nos repasses aos fornecedores, com reflexos diretos sobre a performance das obras. Muitas empresas epecitas estão passando por este problema. Algumas não resistiram e quebraram.  Outras pediram recuperação judicial e outras entregaram seus contratos e buscam na justiça os seus ressarcimentos.