ABEGÁS PEDE MAIS INVESTIMENTOS DO GOVERNO NO SETOR DE GÁS E UMA POLÍTICA DE PREÇOS COERENTE COM O MERCADO INTERNACIONAL
Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –
Segundo o diretor executivo da Abegás, Augusto Salomon, a cada R$ 1 bilhão destinado pelo governo ao setor, o metro cúbico do gás natural para uso industrial se reduziria em R$ 0,10. Ele defende a necessidade de o desenvolvimento do gás estar desvinculado da necessidade das térmicas e considera que o Programa de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (Pemat) é limitado e precisa ser mais amplo. O diretor critica que o plano prevê apenas 11 quilômetros de novos gasodutos, considerado insuficiente para atender o escoamento e o transporte do gás natural.
De acordo com estudo do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), o impacto do subsídio do gás de cozinha (GLP) nos últimos anos é calculado entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, sendo que somente as importações custaram R$ 1,2 bilhão. Única comercializadora de gás no Brasil, a Petrobrás não aceita negociar volumes adicionais a preços competitivos capazes de aumentar a demanda industrial brasileira e vende o gás nacional com 30% de desconto ao preço internacional.
Existe alguma preocupação sobre uma possível expansão da demanda por gás natural, superando a oferta, considerando-se o aumento do despacho de usinas térmicas?
Até o momento não há restrição da oferta de gás natural ao mercado, uma vez que esse balanço vem sendo feito pela importação de GNL. Com a entrada em operação do terminal da Bahia, a capacidade de regaseificação da Petrobrás chegou a 41 milhões de m³/dia, o que poderia atender toda a demanda termelétrica.
O fator importante é a necessidade de estimular e criar políticas para desenvolver os pequenos produtores, principalmente os que obtiveram êxito nas 11ª e 12ª rodadas da ANP. Existe a necessidade de se criarem hubs de escoamento e de se mitigarem os riscos contratuais em uma eventual interrupção no fornecimento.
O Programa de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (Pemat) foi discutido com a Abegás durante sua elaboração?
Em todos os pontos. O Pemat foi discutido com o setor como um todo, porém as propostas apresentadas não foram incorporadas no documento final sob a alegação de que não há oferta de gás. Outros planos do governo, como o Gasbol, o programa prioritário das térmicas, o projeto das malhas e o plano de massificação do uso do gás natural foram bons, porém falta ao país implementar um planejamento adequado para o setor energético como um todo no longo prazo.
Como vocês avaliam a atual política de preços da Petrobrás para o gás natural?
O maior problema é o artificialismo dos preços. Hoje a Petrobrás vende o gás nacional com 30% de desconto, mas ninguém sabe até quando. Falta uma política para o gás natural que dê previsibilidade tanto de oferta como de preços futuros, para permitir a expansão da indústria. Definir essa política é fundamental considerando que a perspectiva é que o aumento da oferta de gás natural chegue a 30 milhões de metros cúbicos por dia, o equivalente às importações da Bolívia, a partir de 2017.
Como foi feito o cálculo de que a cada R$ 1 bilhão de investimento do governo no setor, seria reduzido em R$ 0,10 por metro cúbico o preço do gás natural para o uso industrial?
Foi considerado um aporte direto de R$ 1 bilhão nas tarifas, descontado todo o custo de compra do gás natural nacional e importado, chegando-se a redução de R$ 0,10 por m³ para o segmento industrial. Isso foi feito no setor elétrico por meio do pacote de apoio para reter o repasse do alto custo da energia das térmicas às tarifas para o consumidor final.
O investimento na cogeração a gás natural seria mais prioritário do que investimento em usinas térmicas?
Não é questão de priorizar e sim de melhor planejamento, uma vez que a geração de energia elétrica próximo ao ponto de consumo é muito mais eficiente.
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