UNIVERSIDADE DE FORTALEZA DESENVOLVE ROBÔS SUBMARINOS PARA O PRÉ-SAL
A Universidade de Fortaleza (Unifor) é a responsável pelo desenvolvimento de tecnologia para a construção de um robô submarino do tipo ROV (operado remotamente), que pode atuar na cadeia do pré-sal auxiliando na prevenção e contenção de impacto ambiental, exploração, operação e manutenção. Com um financiamento de R$ 7 milhões e incentivada pela FINEP, a Universidade pretende criar no país um protótipo que, hoje, é importado por preços considerados muito altos. O coordenador do projeto Dragão do Mar, Ricardo Colares, que é professor na Unifor, conversou com o repórter Estephano Sant’Anna e falou sobre a importância deste desafio.
Como se iniciou o projeto Dragão Mar?
O projeto começou quando a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) lançou um edital específico para a proposta de pesquisa sobre o pré-sal. Foi uma chamada pública, convidando instituições de pesquisas e empresas para a apresentação de propostas visando a solução de desafios tecnológicos que envolvam a cadeia do pré sal.
O que o robô será capaz de fazer?
O equipamento é um robô submarino do tipo ROV, que a Petrobrás importa por contratos milionários. O ROV será, basicamente, capaz de ser imerso a mais de 2.000 metros abaixo da lâmina d´água, onde, através de câmeras de vídeo, o equipamento vai poder monitorar os procedimentos de prospecção de petróleo da camada pré-sal.
Parece que vocês já tinham construído algo antes…
Tivemos um projeto anterior do desenvolvimento de um ROV numa profundidade de até 100 metros. O projeto foi financiado pela FINEP e lançado pelo CT-Aquaviário, que é um segmento deles de financiamento para o Setor de Transporte Aquaviário e Construção Naval. É importante saber que, tanto o projeto anterior como o atual, contam com o envolvimento de uma empresa forte como a ARMTEC Tecnologia em Robótica, que, para facilitar, é integrada à Universidade de Fortaleza.
Qual a participação da ARMTEC no projeto?
A proposta veio da ARMETC porque a empresa tem grande interesse nesse mercado específico. Ela vislumbrou na proposta no pré-sal um mercado potencial nacional e, até mesmo, internacional para esse tipo de produto. Assim, identificou competência em vários institutos de pesquisas e universidades, montando um conjunto. Nessa chamada pública, estão o CTI Campinas, o CTI Nordeste, a Universidade Federal do Ceará, o Instituto Atlântico e a UNIFOR (Universidade de Fortaleza), que vai ficar com a parte da montagem, pelo fato de já ter experiência.
Os alunos da Universidade participam do projeto?
Sim. Os professores e os estudantes. Na verdade, essa é uma grande vantagem da universidade, o fato de envolver os graduandos em problemas reais que os levem a uma soberania nacional. Ainda não dominamos tecnologia para grande profundidade e nosso objetivo é desenvolver tecnologia nacional que atenda a cadeia do pré-sal.
Vocês contarão com a presença de pesquisadores internacionais?
Sim. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) está financiando certo volume de bolsas para pesquisadores visitantes. Na proposta, já colocamos a necessidade de atração de competências externas, que é importante para acelerar esse desenvolvimento. Seria importante, até mesmo, para o repatriamento de brasileiros no exterior, o que valoriza ainda mais nosso país.
Vocês visam a produção em larga escala?
Bem, nosso propósito é de apenas construir o protótipo e desenvolver a tecnologia. O processo de comercialização se dá no segundo momento. Quando se desenvolve um projeto desse tipo com a participação de uma empresa, a possibilidade de sucesso é muito maior. Muitas vezes, os projetos são desenvolvidos, mas acabam ficando nas prateleiras sem uma empresa que acompanhe e leve o mesmo para o mercado.
Parece que a Petrobrás é uma possível interessada nesse projeto. Já entraram em contato com a estatal?
Ainda não. Mas há grandes chances. Na verdade, é muito possível que a Petrobrás tenha influenciado o edital, apesar de lançado pela FINEP. Ano passado, por exemplo, a estatal assinou um contrato de 100 milhões de dólares com a Fugro, comprando serviços que envolvem ROV’s e outras competências náuticas. O contrato terá que ser renovado daqui a 5 anos, ou seja, tratando-se de produção nacional, é claro que a Petrobrás tem total interesse em fazer uso desse produto e ela terá conhecimento da conclusão do trabalho.
Como a UNIFOR tem encarado esse desafio?
Apesar de muito animados, sabemos que é um desafio muito grande. A proposta inicial tem prazo de 36 meses e tem tudo para dar certo. Temos o desafio de desenvolver um produto nacional, um equipamento controlado capaz de ser submerso a uma profundidade tão grande, onde a pressão só tende a aumentar. Vamos construir um equipamento rico em detalhes, que exige materiais especiais e está sujeito a diversos problemas como os de corrosão, adaptação à temperatura, etc. Costumamos dizer que o profundo do oceano é um ambiente tão complicado quanto o cosmo… ninguém o domina por completo.
Parabéns ao repórter Estephano Sant’Anna pela excelente entrevista. O Petronotícias está cada vez melhor.
Amei, vou trabalhar nesse tema para o meu trabalho na FETEC…. se vc quiser me ajudar (PLEASE!!!!), a saber mais sobre o projeto….. para montar meu stand….. bem, amei a entrevista.
meu e-mail: jhessyika@gmail.com