FRAMES QUER AMPLIAR PARCERIA COM A EBSE PARA O DESENVOLVIMENTO DE MÓDULOS COMPLETOS
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A holandesa Frames está cada vez mais presente no mercado brasileiro, principalmente em função da parceria com a EBSE, e pretende continuar ampliando a participação na indústria nacional. Em 2007, as duas empresas começaram a trabalhar juntas e em 2012 criaram uma joint venture, a Vanbras, que já fechou grandes contratos com a Petrobrás, para o fornecimento de separadores e equipamentos especiais para os FPSOs replicantes e para as unidades da Cessão Onerosa. O diretor de marketing e vendas da Frames, Léon van Bossum, afirma que já conquistaram o posto de líderes no mercado brasileiro em relação aos sistemas de separação e desumidificação de gás, e agora pretendem dar um passo adiante, fortalecendo ainda mais a parceria. Segundo Léon, a próxima etapa da Frames é aproveitar a experiência da parceira brasileira como fabricante de módulos para avaliar a otimização das estruturas no pacote completo, em busca de fornecer novas soluções para os próximos FPSOs a serem licitados no mercado.
Qual a importância do mercado brasileiro para a Frames hoje?
Eu lido com os mercados das Américas e da Europa, e o Brasil hoje é muito importante para nós, principalmente em função da joint venture que temos com a EBSE, a Vanbras. Com ela, nós fornecemos soluções para nossos clientes aqui com o máximo de conteúdo local. Começamos a trabalhar juntos com a EBSE em 2007 e em 2012 criamos a Vanbras. Desde então fechamos grandes contratos, como para os FPSOs replicantes e da Cessão Onerosa, em que fomos muito bem sucedidos juntos. Também nos contratos para a Modec e a SBM. E, neste momento, somos líderes de mercado em equipamentos de separação e de desumidificação de gás.
Vocês também pretendem trazer outros tipos de tecnologias inovadoras para o mercado brasileiro?
Na parceria, nós da Frames somos os fornecedores da tecnologia e a EBSE a desenvolvedora. Então essa combinação nos faz muito fortes. Em relação à tecnologia, estamos trazendo nosso conhecimento em relação ao mercado global de FPSOs, e atualmente nosso diferencial é que podemos otimizar os sistemas. Então se recebemos uma especificação da Petrobrás, olhamos para ela e vemos como podemos aprimorar nossos sistemas e ao mesmo tempo, como podemos agregar valor por meio da combinação de uma série de equipamentos em um mesmo sistema. Então podemos gerar ganhos em termos de peso e espaço ocupado. Dessa maneira, tentamos convencer a Petrobrás de que podemos fazer algumas mudanças, otimizando os sistemas e agregando valor a eles.
Que tipo de mudanças vocês vem fazendo neste sentido?
Eu teria que entrar em alguns detalhes técnicos, mas o que tentamos fazer é olhar para o sistema completo. Por exemplo, vimos como conseguir mudar alguns itens relativos à elevação de temperatura, para ter um sistema de desumidificação de gás mais eficiente. Temos a tecnologia para os sistemas individuais e olhamos para o processo completo, tentando ver se podemos mudar alguns parâmetros nos produtos, que vão gerar grandes benefícios para os projetos.
Quais são os próximos passos e os próximos desafios que vocês veem nos futuros projetos no Brasil?
O que vemos é que estamos tendo sucesso com nosso portfólio até agora, com os sistemas de separação, desumidificação e tratamento de gás, e queremos continuar neste sentido. Mas também queremos dar um passo à frente no processo de integração, somando a experiência da EBSE com a fabricação de módulos na área da Nuclep, o que a empresa vem fazendo para a SBM nos últimos três anos. Vemos que poderíamos olhar para o módulo de uma maneira completa e otimizar o processo com nossas tecnologias, e, junto com a EBSE, queremos fornecer módulos completos de processamento no futuro, para nossos clientes aqui, como SBM e Modec, além de potenciais futuros clientes, como Teekay e Bumi Armada.
Você mencionou o aumento do conteúdo local nos pacotes da Frames em função da parceria com a EBSE. A política teve muita influência na decisão de se estabelecerem aqui?
Sim, foi muito importante. É claro que existem diferenças culturais entre o Brasil e a Holanda, mas percebemos que, trabalhando juntos, com o mesmo objetivo e as mesmas metas, como uma só companhia, poderíamos compartilhar nossos conhecimentos e fabricar equipamentos localmente. Dessa maneira, juntos, buscamos ter soluções melhores, integradas, para nossos clientes.
Nós sabemos que muitas empresas estrangeiras, como a Frames, investiram muito no Brasil e agora sabemos de projetos previstos para cá que estão sendo enviados para fora. Como vocês veem isso?
Acho que a política de conteúdo local não existe apenas para trazer negócios para o país e dar algo de volta à economia, mas também para treinar e capacitar as companhias brasileiras, para ganharem conhecimento tecnológico. A minha visão, como uma pessoa de fora, um holandês, é que os brasileiros tem uma capacidade de aprender muito rápido. É sempre um desafio aprender algo, mas os brasileiros conseguem fazer isso muito rápido. É o que vemos. Os passos que a EBSE deu no desenvolvimento de tecnologias, por exemplo, assim como outras companhias locais, foram enormes. Há muito investimento dessas empresas para conquistarem esses conhecimentos. Então minha opinião é de que – e isso faz parte da nossa estratégia – o conteúdo local está ajudando muito a aprimorar os conhecimentos no Brasil, e devemos continuar com isso. Porque, se não, esse ganho de experiência pode ser perdido. Sabemos de alguns equipamentos que estão indo para fora, provavelmente por pressão de alguns prazos, mas acredito que esse projeto do conteúdo local deve continuar.
Quais são as perspectivas da Vanbras no mercado brasileiro nos próximos anos?
Estamos olhando para o plano de negócios da Petrobrás e vemos que há muitas perspectivas, como com os campos de Libra e alguns outros que vão demandar muitos FPSOs no futuro. Então queremos continuar fornecendo equipamentos para os FPSOs, mas queremos também ampliar nosso portfólio. Porque agora somos líderes de mercado em sistemas de desumidificação de gás e de separação, mas, ao darmos o passo em direção à fabricação de módulos, assim como fornecendo novos equipamentos, podemos crescer tanto em termos de produtos, quanto manter nossa posição em relação aos próximos FPSOs que serão demandados nos próximos anos.
Qual a participação brasileira nos negócios da Frames?
No momento, com os projetos dos replicantes e da Cessão Onerosa, o Brasil é uma parte muito importante no nosso faturamento. E acredito que se manterá assim pelos próximos anos, em função da nossa parceria com a EBSE. Também temos outros produtos no portfólio, que estão fora do escopo da parceria, como sistemas de controle de vazão (injeção química e unidades hidráulicas) e equipamentos de segurança [HIP(P)S – Sistema de Proteção (de Pressão) de Alta Integridade] – e vemos um grande crescimento nesta área também. Então o mercado brasileiro vai continuar sendo muito importante para a Frames.
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