DEPOIMENTO DE DUQUE PODE EXPOR NOVOS DETALHES DE ESCÂNDALOS NA PETROBRÁS
O cerco avançou nesta sexta-feira e as ações podem gerar novas revelações sobre as denúncias envolvendo a Petrobrás. A Operação Lava Jato, da Polícia Federal, entrou em sua sétima fase e prendeu executivos das maiores empreiteiras do país. O ex-diretor de serviços da Petrobrás Renato Duque foi um dos presos, assim como o diretor da Camargo Correa Othon Zanoide Filho, o vice-presidente da Mendes Júnior, Sergio Cunha Mendes, o diretor da Iesa Óleo e Gás, Otto Garrido Sparenberg, o presidente da Engevix, Cristiano Kok, e um de seus vice-presidentes, Gerson Almada. O presidente da UTC, Ricardo Pessôa, também foi conduzido até a sede da Polícia Federal, por conta de um mandado de condução coercitiva. Além disso, foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa do presidente da Iesa, Valdir Lima Carreiro. Cerca de 300 policiais federais e 60 funcionários da Receita Federal atuam em várias frentes da operação pelo país, com prisões realizadas em pelo menos nove grandes empresas da engenharia nacional, como Odebrecht, Camargo Correa, OAS, Galvão Engenharia,Mendes Júnior, UTC, Queiroz Galvão, Engevix e IESA. O lobista Fernando Baiano, acusado de ser operador do PMDB, é outro que está sendo procurado pela Polícia Federal.
Todos os presos estão sendo levados para Curitiba, onde vão prestar depoimentos que podem expor novos detalhes sobre as operações investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O depoimento de Duque é um dos que gera mais tensão nas empresas e no meio político, por conta de sua ligação com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
A lista de mandatos de prisão e de busca e apreensão é longa, com 85 ordens, sendo seis de prisão preventiva, das quais quatro foram cumpridas, 21 de prisão temporária, com 14 levadas a cabo, nove de condução coercitiva, com seis cumpridas, e 49 de busca e apreensão. Os contratos das empresas-alvo da operação com a Petrobrás somam R$ 59 bilhões por todo o país.
As empreiteiras eram obrigadas a pagar aos agentes públicos para conseguirem contratos na Petrobrás, como denunciou o ex-diretor Paulo Roberto Costa, que apontou ainda o ex-diretor Renato Duque como interlocutor do PT na estatal. A diretoria de Serviços, comandada por ele entre 2003 e 2012, repassaria percentuais dos contratos assinados para o partido. A Petrobrás admite que a diretoria coordenada por Duque foi a responsável pelas 12 licitações da obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Não tinha hora pior para a Petrobrás divulgar seu balanço trimestral. Na noite de quinta-feira, a empresa decidiu adiar a divulgação dos seus números para o dia 12 de dezembro, depois que a auditoria PWC se recusou a assinar o balanço. Mas depois a estatal resolveu apresentar na segunda-feira a apresentação dos resultados ao mercado, mesmo sem a assinatura de auditoria externa, e marcou uma entrevista coletiva da Presidente da Petrobrás, Graça Foster. Só não contavam com a operação da Policia Federal desta sexta-feira.
A operação é executada nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal. Entre os mandados de busca, 11 são cumpridos em grandes empresas. De acordo com a Polícia Federal, os envolvidos vão responder pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
Os advogados de defesa de Renato Duque afirmaram que a prisão foi temporária, “sem que tenha notícia de uma ação penal ajuizada contra ele”, e disseram que “adotarão as medidas cabíveis para restabelecer a legalidade”.
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