O QUE ESPERAR DA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2015? A OPINIÃO DE QUEM VÊ O BRASIL DE FORA
O Petronotícias segue ouvindo formadores de opinião do mercado para saber suas opiniões sobre como será o ano de 2015 e quais são as perspectivas. A grande maioria vê o ano com muita preocupação e desemprego. Fomos ouvir como o Brasil está sendo visto de fora para dentro. Fizemos apenas duas perguntas aos nossos convidados:
1- Como você está vendo as perspectivas para 2015?
2- Qual a sua sugestão para que tenhamos um ano produtivo na economia brasileira?
O nosso primeiro convidado é Miguel Calmon, Gerente Executivo da Varo Engineers, com sede em Ohio, nos Estados Unidos. Uma empresa que já está atuando em alguns projetos no Brasil, conhecida por sua competência nos projetos que realiza. Veja a opinião dele:
1 – “Devido aos escândalos da Petrobrás envolvendo as maiores empreiteiras do país, acredito que pode ser iniciado um processo de renovação com empresas de menor porte, idôneas, mais enxutas e consequentemente mais ágeis, com custos menores e que poderiam receber parte destes grandes projetos. Talvez a solução seja, em vez de fazer um “grande pacote” que só permite a meia dúzia de empresas participarem, como é o modelo atual, que tem levado inúmeras empresas ou a quebrarem ou a serem expostas pela corrupção, dividir estes projetos em partes menores, que poderiam ser tocados em separado por empresas separadas. Porém estas mudanças de parâmetro têm que vir da própria Petrobrás, como resposta ao País, mostrando que está disposta a mudar o desastroso cenário atual.”
2 – “O mercado deve fazer um esforço para olhar para frente, ficar atento aos novos preços do petróleo e trabalhar com foco na redução de custos e eficiência. Grandes empresas terão dificuldade nesta movimentação necessária que o mercado exige, portanto as empresas de menor porte devem rapidamente se adaptar às novas demandas de forma a crescerem em 2015 e liderarem um novo movimento, que possa alavancar positivamente, com ética e seriedade, a economia.”
O Petronotícias também ouviu o Cônsul Geral do Reino Unido no Rio de Janeiro, Jonathan Dunn. Ele tem um posicionamento otimista, em relação ao Brasil:
1 – “A economia do Reino Unido deverá crescer 2,6% em 2015 depois de um forte desempenho em 2014. Ainda temos desafios relacionados com a dívida pública, mas estamos confiantes de que a economia está se recuperando de uma forma sustentável. Em relação às nossas relações com o Brasil, acredito que devem prosperar também. As empresas britânicas seguem interessadas em fazer negócios no Brasil, mesmo com os recentes altos e baixos da economia brasileira. O mundo não esqueceu que o Brasil é a sétima maior economia do mundo e certamente as empresas britânicas também não.
No setor de óleo e gás, por exemplo, temos cerca de 120 empresas britânicas, grandes e pequenas, bastante ativas. Inclusive, os dois maiores investidores no Brasil são duas empresas britânicas, a Anglo American e a BG. Lembremo-nos também que o pré-sal ainda está lá para ser explorado e traz excelentes perspectivas para a economia brasileira em longo prazo. Esta ainda é a maior descoberta de petróleo do hemisfério ocidental dos últimos 40 anos, estimada em 50 bilhões de barris de petróleo. O Reino Unido pode ser valioso para o Brasil na exploração do pré-sal, oferecendo a expertise obtida no Mar do Norte e tecnologia de ponta.”
2 – “O Brasil segue como uma das economias emergentes mais importantes do momento, não devemos esquecer. Eu espero que o Brasil atinja as metas de crescimento estipuladas para 2015, pois o país tem ‘a faca e o queijo na mão’ – como vocês dizem. No plano macroeconômico, o mercado tem sido mais positivo do que o esperado, especialmente após a divulgação da nova equipe econômica da Presidente Dilma Rousseff. Minha sugestão para a economia brasileira crescer acima do esperado em 2015 seria diminuir o ‘custo Brasil’, pois seguramente atrairia mais investimento interno e externo, além de incentivar o consumo do brasileiro no próprio país.”
O Encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Andrew Bowen, foi mais um que deixou suas impressões sobre o cenário brasileiro, acreditando em um potencial de crescimento para as relações bilaterais entre os dois países:
1 – “Esperamos expandir nosso envolvimento com o governo brasileiro e com o setor privado em programas de benefício mútuo que avancem nossos interesses comuns em 2015. Temos trabalhado produtivamente em áreas como comércio exterior e investimento e estamos preparados para fazer mais nessa e em outras áreas. O comércio bilateral tem tido níveis recordes nos últimos três anos com fluxos anuais de mais de US$ 100 bilhões em bens e serviços, mas há um grande potencial para um crescimento maior em ambas as direções. Os Estados Unidos são a maior fonte de investimento direto externo para o Brasil e os EUA estão recebendo mais investimento direto externo de empresas brasileiras. Muitos bons empregos estão sendo criados em nossos países e a trajetória é promissora. À medida em que nossas relações econômicas continuem a se aprofundar e expandir, acreditamos que os povos dos dois países continuarão a se beneficiar.”
2 – “Enquanto os próprios brasileiros estão em melhor posição para responder a esta pergunta, estamos trabalhando com o Brasil em várias áreas, a pedido do governo brasileiro e de nossos setores privados. Por exemplo, tivemos um grande número de discussões sobre cooperações regulatórias em 2013 a pedido do Brasil. Quando as duas maiores economias do hemisfério estão discutindo melhores práticas em regulamentações, vemos nisso um acontecimento muito positivo que pode auxiliar empresas e aumentar o crescimento econômico em ambos os países. Temos também procurado avançar nosso trabalho conjunto dentro da Parceria EUA-Brasil para a Aviação e a Parceria EUA-Brasil para os Transportes, que estão aumentando nossas discussões sobre melhores práticas nos transportes. As duas maiores economias no hemisfério têm feito muito em conjunto para o benefício das populações de ambos os países, e vemos 2015 como uma oportunidade de aprofundar e expandir este tipo de trabalho produtivo.”
A Diretora da Daslik, Livia Folkerts, direto da Holanda, também avalia as perspectivas para o ano que vem. Com grande experiência no mercado brasileiro, Livia Folkerts também é mestre em Regulação da Indústria de Energia pela Unifacs. Ela se posiciona de forma firme e clara. Veja o que ela pensa:
1 – “Todo brasileiro tem um pouco de médico e de técnico de futebol. Agora todo brasileiro virou petroleiro. Estamos em crise sim. Não é a primeira e nem será a última. Diz-se que crise é sinônimo de oportunidade. Foi em meio a uma crise econômica na década de 1960 que a Petrobrás convidou a indústria brasileira de bens para ingressar no mercado de E&P a fim de nacionalizar equipamentos para o onshore. No final da década de 1970, pelo mesmo motivo, o mesmo apelo foi feito à indústria para nacionalizar equipamentos para o offshore.
Acho que 2015 vai ser um ano de ‘freio de arrumação’, de redimensionamento e priorização de projetos por parte da Petrobrás, onde o cenário internacional será uma variável importante nesta equação. Será um ano de austeridade, mas também de oportunidade. Há de se tomar medidas imediatas, mas não imediatistas, visando principalmente à sustentabilidade da indústria nacional fornecedora de bens e serviços que ao longo das últimas cinco décadas foi criada; fortalecida; preterida; preferida; incluída no marco regulatório na Lei do Petróleo (1997); e, com as descobertas do Pré-Sal, conclamada (e embarcou no desafio) para atender à demanda de bens e serviços da Petrobrás. Mesmo com um ritmo de crescimento pífio, há de se tomar medidas para evitar que esta indústria seja sucateada.
Vejo como altamente positivo o anúncio recente da aprovação por parte do CNPE para que a ANP realize a 13a Rodada de leilões de concessão de exploração de petróleo e gás em 2015. Isto não só atrairá investimentos como também colocará o Brasil de volta à rota exploratória mundial. No entanto, há de se ficar de olho no México, que acabou de abrir o seu mercado e o Brasil pode correr o risco de ser preterido.
Finalmente, há de se aumentar a autoestima da Petrobrás. De propulsora do desenvolvimento, pioneira mundial em tecnologia de exploração em águas profundas, possuidora de uma das mais altas taxas de sucesso exploratório do mundo, a Petrobrás passou a ser vilã. Ninguém defende a Petrobrás? Tenho convicção de que vamos vencer esta crise, pois roupa suja se lava em casa e o Brasil não pode parar. Ou pode?
2 – “Ao escolher a sua nova equipe econômica, a presidente Dilma já decidiu o rumo que quer dar à economia brasileira. Para que a mesma seja bem sucedida na aplicação das medidas a serem adotadas, ela precisa trabalhar sem interferências, independente de quão duras estas medidas venham a ser.”
Crise e oportunidade são as duas faces da mesma moeda. O Brasil precisa reduzir seus custos em todas as áreas industriais para melhorar sua competitividade e fazer frente aos desafios dos mercados interno e externo. Reduzir os gastos com quebras e paradas inesperadas é fundamental para as empresas que querem sair na frente e se manter no mercado. O monitoramento de condição com tecnologia de ponta, o que inclui a transmissão dos dados sem fios são os dois principais aliados para atingir esses resultados. Quem for mais ágil e eficaz receberá os ganhos que essa estratégia proporcionará. O mercado de… Read more »