MAERSK ANUNCIA ACORDO COM TRANSOCEAN E MIRA EXPANSÃO NO MERCADO BRASILEIRO

Por Matheus Meyohas (matheus@petronoticias.com.br) – 

A Maersk Training, do grupo Maersk, anunciou um acordo com a Transocean, empresa do ramo de perfuração, pela compra de centros de treinamentos e para assumir a administração do setor de treinamentos da companhia. A Maersk Training começou a operar no Brasil há quase dois anos, quando construiu seu primeiro centro de treinamento no país, na Barra da Tijuca. Ainda assim, o diretor-principal da empresa, Hans Dürke Bloch-Kjær (foto), revelou que a Maersk Training pretende expandir sua atuação no país, começando pela compra do centro de treinamento da Transocean em Macaé. No último ano, a Maersk forneceu treinamentos específicos a mais de 5 mil profissionais ao redor do mundo. O crescimento planejado para 2015 é de cerca de 20%.

Pode falar um pouco mais sobre o acordo?

A Transocean é uma das maiores empresas globais de perfuração, e tem centros de treinamento espalhados pelo mundo, em Houston, Aberdeen, Kuala Lumpur e Macaé, por exemplo. Nosso acordo prevê uma série de negócios, como a compra de todos os centros deles. Nós compraremos o centro de treinamento da Transocean em Macaé e integraremos com nosso centro no Rio de Janeiro. Também ficaremos responsáveis por grande parte do treinamento da Transocean. Ela vai contratar o nosso treinamento, e ainda irá deixar conosco toda a administração de treinamento, empregando seus profissionais.

 Como a Maersk Training vê o acordo?

A Maersk Training realizou o treinamento para o grupo Maersk, do qual faz parte, durante mais de 30 anos, mas, de uns quatro anos para cá, ampliamos a atuação, oferecendo treinamento aos competidores do grupo também. Desde 2010, executamos um planejamento para nos tornarmos líderes para a indústria offshore no mundo e no Brasil. Estamos atuando em diversas áreas. Temos como nosso cliente a maior companhia de perfuração do mundo, e isso é fantástico. Mas também estamos comprando centros de treinamento e equipamentos que não temos hoje. Isso faz parte da nossa estratégia de crescimento. Sempre planejamos trabalhar com grandes empresas de perfuração. Essa é uma marca importante em nossas ambições de crescimento. Para a Maersk Training, esse é um claro indício de credibilidade e de um futuro promissor.

 Existe uma lacuna em treinamento de profissionais no Brasil? Como você vê a preparação do mercado offshore no país?

Existe uma grande sede de crescimento da produção de óleo no Brasil, e,  consequentemente, de operações de perfuração, embarcações de apoio, entre outros navios e equipamentos. Para atingir essas metas de produção, um contingente muito grande de profissionais terá de ser utilizado pela indústria. Essas pessoas precisam de um certo tempo de treinamento, e disponibilizamos esse serviço desde 2013. Muito do nosso treinamento é de uma especificidade alta, e usamos simuladores que antes não haviam no Brasil. O que vejo é que companhias de óleo e de perfuração estão precisando desse tipo de treinamento para ganhar competência e aumentar a qualificação de seus funcionários. Por isso, nossos produtos são muito bem recebidos nesse mercado e, quando olhamos para a indústria offshore nos próximos cinco anos, temos uma visão muito otimista.

 Como esse acordo impacta o Brasil?

No fim de tudo, o que queremos é criar uma indústria de óleo e gás mais segura. A gente viu o que aconteceu no Golfo do México, e algo como aquilo no Brasil teria um imenso impacto turístico e financeiro, além do ambiental. Temos de assegurar que praias famosas, como Ipanema e Copacabana, por exemplo, mantenham-se limpas. Para isso, buscamos criar uma indústria offshore segura e eficiente, que evite esse tipo de acidente, através do treinamento dos profissionais.

O que representa esse acordo para a Maersk Training?

É muito animador. É o nosso terceiro investimento no Brasil. Abrimos nosso centro de treinamento em 2013, expandimos em 2014 e estamos comprando o centro da Transocean em 2015. O mercado existe aqui e está querendo comprar o produto de treinamento qualificado que estamos oferecendo. Eu acredito que dentro de um ou dois anos faremos mais investimentos no mercado brasileiro. Investimos mais de US$ 10 milhões desde a abertura do centro em 2013, e isso pode até dobrar nos próximos anos.

Quais são os próximos passos da empresa no Brasil?

Vamos olhar com mais atenção para cidades como Vitória (ES) e Macaé (RJ), além de expandir nossos centros atuais. Não importa o que houver com o preço do óleo, ainda existirão enormes reservas de óleo no Brasil. A questão é o quanto o preço pode impactar a Petrobrás. Mas, apesar disso, o óleo continua lá. Eu me mantenho muito otimista. Existem milhares de pessoas que precisam entrar na indústria de óleo e gás e precisam de treinamento técnico de alto nível em perfuração e navios de apoio. Nós temos um dos melhores centros de treinamento em todo o mundo e oferecemos segurança e eficiência, porque os funcionários treinados por nós estão realizando tarefas melhor e mais rapidamente, além de reduzirem acidentes. Esse treinamento dá a eles um ambiente mais seguro para trabalhar.

 Há planos para se aproximar das regiões de exploração do pré-sal?

O pré-sal é muito interessante, e vamos acompanhar o desenvolvimento dele muito de perto. Recentemente, vimos a Petrobrás construir um centro de treinamento com um processo aprovado. Nós fomos os primeiros a fazer isso no Brasil. Temos, sim, planos de expansão para essas áreas, mas nada oficializado ainda. Estamos no Brasil para crescer, o mercado é fascinante e faremos mais investimentos em outras cidades no futuro.