REFORMA DE ATÉ R$ 2 BILHÕES NA REFINARIA DE PASADENA SERIA REALIZADA PELA UTC E ODEBRECHT
Uma reforma na refinaria de Pasadena estava programada por parte da Petrobrás, no entanto, com a descoberta do pré-sal, os planos da companhia passaram por mudanças. Tais mudanças podem ter evitado mais um escândalo de corrupção na estatal. Isso porque a obra, orçada entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões, seria realizada por duas empreiteiras investigadas pela participação no cartel de empresas investigado pela Operação Lava-Jato. A informação faz parte da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa (foto).
O depoimento de Paulo Roberto foi colhido em pela Polícia Federal em setembro do ano passado, mas somente agora foi disponibilizado no andamento processual da Operação Lava-Jato. O ex-diretor também afirmou que a obra seria coordenada pela diretoria de Engenharia e Serviços, comandada na época por Renato Duque, indicação do ex-ministro José Dirceu.
Dirceu também passou a figurar na lista de investigados pela Operação Lava-Jato. As denúncias contra ele incluem o recebimento de R$ 1,3 milhão, em 2012, e de R$ 939 mil, em 2013, valores que teria sido pagos pela UTC. Oficialmente, a transação foi feita entre a JD Assessoria e Consultoria, empresa de Dirceu, por serviços de consultoria, assessoria e auditoria. Além da UTC, outras duas empreiteiras investigadas na Lava-Jato contrataram os serviços do ex-ministro, Galvão Engenharia e OAS.
Paulo Roberto Costa afirmou que a contratação das empreiteiras para a reforma da refinaria de Pasadena foi comentada com ele por Ricardo Pessoa, da UTC, atualmente preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e acusado de ser o responsável pela operação do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobrás, agendando e comunicando reuniões entre as empresas. Por parte da Odebrecht, estavam como interlocutores Márcio Faria e Rogério Araújo.
A reforma na refinaria texana se fazia necessária porque somente petróleo leve era processado, quando a Petrobrás exporta óleo pesado. Paulo Roberto Costa afirmou, em seu depoimento, que o negócio era ruim para a companhia, mas que recebeu US$ 1,5 milhão para facilitar a aprovação do negócio na reunião do Conselho de Administração da estatal.
O dinheiro, afirma Paulo Roberto, foi pago por Fernando Baiano, lobista do PMDB, com atuação muito próxima ao ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró. Cerveró, inclusive, foi quem propôs a compra da refinaria, por indicação de um ex-funcionário da área comercial da estatal, Alberto Feilhaber, que passou a trabalhar como representante da Astra.
No mesmo depoimento, Paulo Roberto Costa ainda comentou duas cláusulas polêmicas do contrato entre a Petrobrás e Astra Oil, antiga dona da refinaria de Pasadena. A primeira é a chamada “cláusula marlim”, que previa um retono mínimo de 6% à Astra, mesmo que a quantidade de refino não fosse suficiente para garantir o lucro esperado pela sócia. A segunda, de “put option”, significa que e uma parte quiser sair do negócio a outra é obrigada a comprar. Esta, Paulo Roberto considerou normal em grandes negócios.
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