NOVA GESTÃO DA PETROBRÁS VAI ASSUMIR EM MEIO A PROTESTO NACIONAL MARCADO PARA O INÍCIO DE MARÇO
Por Matheus Meyohas (matheus@petronoticias.com.br) –
O dia 4 de março promete ser conturbado para a direção da Petrobrás em todo o país. Isso porque uma manifestação de dimensões nacionais está marcada para a data por conta das demissões em massa no país e em defesa do conteúdo local. A situação se agravou após o anúncio da licitação de módulos para os FPSOs replicantes, que teve como convidadas apenas empresas estrangeiras. Alex Ferreira, presidente do Sindmetal-RJ e um dos principais articuladores das manifestações, defende que a Petrobrás deixe de se comportar como “uma pura empresa de mercado”, para que foque mais no desenvolvimento do país e no conteúdo local. Só no estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, aproximadamente 7.000 pessoas foram demitidas, e a abertura de contratos apenas a estrangeiras é vista como um desestímulo ao mercado nacional. “Existem empresas brasileiras não envolvidas na Lava-Jato que poderiam participar”, assegurou Ferreira. O caso não se restringe ao Sul do país, com impacto significativo em obras da estatal por todo o Brasil, somando milhares e milhares de demissões, como mostrou o Petronotícias em janeiro. O resultado é que, para a nova gestão da companhia, ainda não definida após a renúncia de Graça Foster e cinco diretores, o trabalho já começará exigindo muito jogo de cintura, para tentar conciliar interesses e requisições de trabalhadores, empresas e investidores.
Como vai ser a manifestação?
Será uma mobilização nacional, com os trabalhadores empenhados no Brasil como um todo. Nosso protesto será direcionado à Petrobras, pela defesa do conteúdo local, além da apuração das denúncias da Lava-Jato. A Petrobrás precisa separar pessoas físicas de jurídicas, para não paralisar o país. Tem que pensar num jeito de garantir crescimento da indústria, empregabilidade e que as denúncias sejam apuradas ao mesmo tempo. Que se punam as pessoas físicas envolvidas, mas que se preservem as instituições.
Como está a situação dos empregados demitidos?
A situação é muito difícil. Ela é ainda mais grave no Rio Grande do Sul, onde tivemos aproximadamente 7.000 demissões, sem receber nada. Olhamos para esse cenário de uma maneira muito pessimista se nada mudar. Porque os contratos vão acabar e isso só deve piorar, já que não há previsão de novas contratações.
E onde as manifestações acontecerão?
A intenção é direcionar as mobilizações para a presença da Petrobrás nos estados. Por exemplo, aqui no Rio de Janeiro vamos focar na sede nacional da Petrobrás. Em Pernambuco, devemos agir em Abreu e Lima. Não posso responder pelo país como um todo, mas o foco é a Petrobrás e a defesa do conteúdo local.
Como vocês enxergam a troca na presidência da empresa?
Eu acredito que, independente de quem esteja à frente do comando da Petrobrás, o que tem de estar no foco da estatal é o desenvolvimento nacional. A Petrobrás não pode ser uma pura empresa de mercado. Ela é a principal alavanca de desenvolvimento do país, e precisa agir como tal. É necessário priorizar mais os contratos que visam o conteúdo local, que as empresas nacionais peguem contratos de engenharia, suprimento e construção. Independente do comando, o que interessa é o foco. O que importa é quem assumir chegar com esse foco, com esse entendimento.
Qual medida mais pragmática vocês apontariam como primeiro passo para a Petrobrás nessa direção?
Cancelar a licitação de módulos que foi lançada. Existem empresas brasileiras não envolvidas na Lava-Jato que poderiam participar. A Petrobrás precisa privilegiar as empresas brasileiras. Não dá para gerar 7.000 demissões no Rio Grande do Sul e fazer uma licitação para criar empregos nos outros países.
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