EMPRESAS PROCURAM LULA EM BUSCA DE INTERFERÊNCIA POLÍTICA NA OPERAÇÃO LAVA JATO
A pressão política cada vez aumenta mais com os dias se arrastando para alguns executivos das maiores empreiteiras do País presos em Curitiba e com a derrocada financeira de muitos negócios delas. Além da reunião do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com advogados da Odebrecht, outros fatos novos indicam que os empresários estão lançando mão de tudo que podem para influenciar mudanças nos rumos da Operação Lava Jato, que investiga esquemas de corrupção em contratos da Petrobrás. O ex-presidente Lula é um dos que também passaram a sofrer essa pressão, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
O texto aponta uma série de reuniões de emissários de Odebrecht, UTC/Constran e OAS com o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e com o próprio ex-presidente da República, para tratarem de questões relativas à operação da Polícia Federal. Eles teriam pedido a intervenção política dele para evitar o colapso financeiro das empresas, segundo o jornal. O Instituto Lula negou as reuniões com o ex-presidente.
A reportagem diz ainda que o tom de algumas conversas chegou a ser de ameaça, mas não dá detalhes neste sentido. Ao jornal, Okamotto confirmou ter se encontrado com várias pessoas ligadas às empresas envolvidas na Lava Jato e contou sobre um encontro realizado com o diretor da Constran, João Santana, em que o executivo teria feito um pedido de socorro.
“Ele estava sentindo que as portas estavam fechadas, que tudo estava parado no governo, nos bancos. Eu disse a ele que acho que ninguém tem interesse em prejudicar as empresas. Ele está com uma preocupação de que não tinha caixa, que tinha problema de parar as obras, que iria perder, que estava sendo pressionado pelos sócios, coisa desse tipo”, disse Okamotto ao jornal, enquanto a Constran nega o encontro. A UTC, dona da Constran, doou R$ 21,7 milhões ao PT em 2014, sendo R$ 7,5 milhões à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A reportagem cita ainda uma reunião entre César Matta Pires, dono da OAS, e Marcelo Odebrecht, que lidera o grupo com o nome da família, em que o primeiro buscava informações sobre como a Odebrecht conseguiu manter seus executivos longe da prisão até agora. Segundo o jornal, ele teria dito que a OAS não assumiria sozinha as consequências da investigação e que não deixaria a empresa ser destruída por erros cometidos em equipe – referindo-se às sociedades que a OAS e a Odebrecht mantêm em alguns negócios, como a Arena Bahia e o Estaleiro Enseada.
A Odebrecht em nota confirma ter feito reuniões com membros da OAS antes e depois das investigações, mas reitera que o foco foram os negócios em sociedade e não a Operação Lava Jato. A OAS nega a reunião com a Odebrecht.
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