PROJETO DE NOVAS USINAS NUCLEARES É DISCUTIDO EM FÓRUM NO RIO DE JANEIRO
O painel “Geração Termonuclear: Status, Projetos e Próximos Passos”, do 2º Fórum de Geração Termelétrica: Cenários 2015, contou com o diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente, Leonam dos Santos Guimarães e o assessor de Desenvolvimento de Novas Centrais Nucleares, Marcelo Gomes da Silva representando a Eletronuclear. O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Antonio Muller, fechava a mesa.
Leonam apresentou um panorama sobre as mudanças que o sistema energético brasileiro vem passando nos últimos 15 anos, com o aproveitamento cada vez maior da energia térmica. “As usinas hidrelétricas que existem hoje no Brasil estão perdendo a capacidade de autoregulação, pelo esvaziamento dos reservatórios, e as novas hidrelétricas não terão grande capacidade de armazenamento. Nesse cenário, cresce a demanda pela complementação térmica de base, como a energia nuclear”, argumentou.
A necessidade de expandir o projeto nuclear pós-Angra 3, ressaltando os estudos que já vêm sendo feitos para viabilização de novas possíveis usinas no Brasil, foi destacada por Marcelo Gomes, que também estava na condição de vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben). Entre os temas abordados por estes estudos está a participação majoritária da iniciativa privada nos novos projetos. O tempo total para a construção das novas usinas é de dez anos, de acordo com o executivo. .
Projetos como de Angra 1, 2 e 3 – pertecentes integralmente à Eletronuclear – não devem voltar a ser vistos. O novo modelo estudado pelo governo se sustenta em três pilares: licenciamento ambiental a cargo da estatal, União fornecendo garantias para o financiamento do empreendimento pelo investidor, e elaboração de um contrato de suprimento de energia de longo prazo, no qual haverá uma receita fixa pela energia fornecida.
Com este modelo, a Eletronuclear ficaria responsável pela operação da usina, tendo direito a um determinado percentual da receita com o fornecimento de energia do empreendimento. O percentual irá para leilão entre os investidores, saindo vencedor o que aceitar a menor participação. A construção da usina ficará exclusivamente por conta da iniciativa privada, que ainda poderá ter uma participação na operação da térmica.
Em sua fala, Antonio Muller, comentou o prazo estabelecido como meta pelo governo. “Se o prazo é dez anos para construir as novas usinas temos que parar de falar e começar a decidir. São dez anos, dos quais cinco são dedicados ao licenciamento e outros cinco para a construção”. A participação da iniciativa privada nos empreendimentos também foi mencionada. “É importante ver que a Eletronuclear está se movimentando para permitir a participação privada, mas é preciso destacar que o objetivo não é deixar estatal fora do projeto, já que ela conta com o know-how necessário para sua implementação. No entanto, uma Proposta de Emenda Constitucional ainda é o melhor caminho para atrair o setor privado”.
Outra boa notícia para o setor nuclear foi a assinatura de dois memorandos de entendimento, também nesta terça-feira (19), em Brasília. Diversos acordos foram firmados entre a presidente Dilma Rousseff e o primeiro ministro chinês Li Keqiang, entre eles dois voltados para o segmento nuclear. O primeiro memorando de entendimento foi firmado entre a Companhia Nacional Nuclear da China (CNNC) com a Eletrobrás e Eletronuclear para cooperação. O segundo é entre a Cosco e a Vale, para a aquisição de quatro navios carregadores de minério de grande porte.
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