NEOGÁS DEFENDE INCENTIVOS A PRODUTORES INDEPENDENTES PARA ESTIMULAR SETOR DE GÁS NO BRASIL
Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –
No atual momento de crise hídrica e de busca por fontes de energia menos nocivas ao meio ambiente, o gás natural é cada vez mais elevado a um patamar de grande importância na matriz energética do Brasil. A NEOgás, empresa fundada em 2000, é especializada no transporte e na distribuição do combustível, e acredita que o mercado brasileiro de gás deve continuar se expandindo ao longo dos próximos anos. A chegada de novos empreendedores e uma consequente maior competitividade nos preços é uma tendência aguardada pelos investidores brasileiros, explica o gerente geral da companhia, Ricardo Neumayer, que afirma que essa movimentação deve ser estimulada também por meio de incentivos a produtores independentes. A companhia, atuante no Brasil e em países da América Latina, como Peru, México e Colômbia, acredita que é possível estimular o setor de gás mesmo com as dificuldades para o transporte do combustível no país. “Para a NEOgás, é aí que entra o uso do gás natural comprimido, que vem para interiorizar o consumo de gás, estimulando esse mercado sem a necessidade de gasodutos”, afirma Neumayer.
Quais as atuais perspectivas para o investimento de empresas privadas no setor de gás brasileiro?
Isso depende muito do segmento, não tenho exatamente essa informação. Nós apostamos muito na vinda de novos produtores independentes de gás ao Brasil, principalmente no setor onshore. Além disso, há expectativa quanto ao uso do gás não convencional e do biometano no país, que pode ser também uma nova fonte para o combustível. O que esperamos é um preço mais competitivo por parte desses novos produtores para que se incentive o mercado brasileiro.
O governo vem indicando que o mercado brasileiro deve se tornar mais importador de gás nos próximos anos. Como a NEOgás enxerga essa perspectiva a longo prazo?
Essa questão de ser mais ou menos importador não interfere no nosso negócio. Nós precisamos é de oferta de gás e preço competitivo. Não muda nada para nós se o gás vem do pré-sal ou se é importado.
De que formas o governo pode facilitar a participação da iniciativa privada na oferta de gás natural?
O gás natural sempre vai ser um elemento importante na pauta do governo. Trata-se de um combustível limpo e econômico, e que deve ser incentivado para que cresça cada vez mais no consumo da indústria, do gás veicular e do residencial. É indiscutível hoje a importância do gás natural na matriz energética brasileira. O Ministério de Minas e Energia tem incentivado, nesse sentido, produtores privados de gás como uma forma de expandir esse mercado.
Embora representantes da Bolívia apontem para um crescimento na produção de gás no país, o mercado aponta para uma queda (análise da Agência Internacional de Energia). Como o senhor avalia o atual papel da Bolívia no mercado de gás na América do Sul?
Eu acho que a Bolívia vai continuar sendo um parceiro estratégico da América Latina. A tendência é de que essa continue sendo uma parceria importante para o Brasil, principalmente devido ao GASBOL (Gasoduto Brasil-Bolívia).
Como o mercado de gás no Brasil enxerga as limitações de escoamento e transporte no país?
Essa questão da malha de gasodutos é um problema tanto por questões econômicas quanto por questões ambientais. No Brasil, um país com toda essa extensão, há realmente muitas dificuldades pra você aumentar a malha. E não podemos responder comparando a outros países, porque isso depende de muitos fatores, como a matriz energética, o tamanho e a geografia de cada país. Para a NEOgás, é aí que entra o uso do GNC, que vem pra interiorizar o consumo de gás, estimulando esse mercado sem a necessidade de gasodutos.
Quais as perspectivas para o mercado de GNC no Brasil? Há expectativas para um crescimento mais amplo no setor residencial?
Sem entrar em estratégias específicas da empresa, que não posso revelar, o que esperamos do mercado é realmente um cenário de preços mais competitivos. Com a oferta sendo ampliada no país, esperamos que isso aconteça. O consumo residencial está na mão das distribuidoras estaduais de gás, que definem esse plano de crescimento dos mercados residencial e comercial. Não temos concessão estadual para poder atender esse mercado por gasoduto ou outra rede de distribuição, portanto nosso foco é o gás natural comprimido mais voltado ao uso veicular e industrial.
Quais as maiores dificuldades que a NEOgás enfrenta no momento?
A dificuldade é a mesma que existe para todo mundo. Hoje, no Brasil, precisamos que o preço do gás seja mais competitivo, e que permita assim o deslocamento de outros combustíveis fósseis. A tendência para os próximos anos é essa. Deve crescer a produção e a oferta, com mais competitividade no país.
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