ABIMAQ AFIRMA QUE MUDANÇA NA DESONERAÇÃO DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS LEVARÁ À DEMISSÃO DE 150 MIL TRABALHADORES

Caso seja aprovada pelo Congresso, a reversão da desoneração da folha de pagamento para a indústria de transformação poderá provocar a demissão de 150 mil trabalhadores até o fim de 2015, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza (foto). Segundo o executivo, o corte nos empregos diretos e indiretos nesse setor industrial poderá levar à dispensa de 800 mil funcionários até o fim deste ano.

De acordo com Pastoriza, a mudança afetará  diretamente a indústria. “O que vai acontecer é que, com essa confluência de juros absolutamente extorsivos, com Selic a quase 14%, que cauteriza qualquer vontade de investir, somada agora com essa reversão das desonerações, vai ser um pé de cal. Vamos começar a demitir de forma brutal”, enfatiza o executivo. O número de cortes, segundo ele, deverá superar o total de funcionários de toda a indústria automotiva no país.

O presidente da Abimaq critica incisivamente a proposta de mudança e o relatório do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que prevê uma recomposição menor das alíquotas de desoneração para as áreas de transporte, alimentos da cesta básica, call center e comunicação social. “Isso foi politicagem pura”, afirma Pastoriza. “São setores que não têm nenhuma razão técnica para receber o benefício (da desoneração) porque não sofrem concorrência dos importados”, explica o executivo. Ele aponta para o fato de que a política de desonerações foi criada, em 2011, para 12 setores da indústria de transformação em uma tentativa de compensar a perda de mercado frente aos produtos importados. “Nessa época, a desoneração segurou empregos que deveriam ter sido cortados”, explica Pastoriza. Inicialmente contra a proposta, o governo federal teria acabado por aceitar a flexibilização de alguns itens para evitar uma derrota na votação.

Mesmo com a cotação do dólar acima de R$ 3, a moeda não tem auxiliado a indústria, ressalta Pastoriza. “A única vantagem foi em relação ao mercado americano porque outras moedas asiáticas e o euro também se desvalorizaram (frente ao dólar)”, constata o executivo. O valor da Selic, segundo ele, inibe investimentos produtivos.