PETROBRÁS DECIDE NESTA SEXTA SOBRE PRIVATIZAÇÃO DA TAG EM MEIO A GREVE DE TRABALHADORES CONTRA VENDA DE ATIVOS
O Conselho de Administração da Petrobrás se reúne nesta sexta-feira (24) para decidir o futuro da subsidiária Transportadora Associada de Gás (TAG), que deve seguir o caminho da liquidação total que a companhia vem promovendo. Promete ser uma nova queima de estoque, num processo que enfrenta muitas resistências e críticas de setor de óleo e gás. É mais uma decisão que será cobrada no futuro tanto da diretoria, liderada pelo presidente Aldemir Bendine (foto), como do conselho, que serão responsabilizados pelo desmantelamento da empresa e pelo envio de mais empregos para a China, como nos casos das plataformas que estão sendo mandadas para construção no exterior.
Desde o ano passado, a TAG já não é mais controlada pela Gaspetro, mas sim pela Petrobrás, diretamente, e, além do processo de privatização que se desenrola agora, há uma reestruturação em vista. No entanto, são coisas distintas. O segundo processo trata de um termo de compromisso que a Petrobrás assinou com a ANP em 2003, que, resumidamente, previa a divisão da TAG em duas empresas separadas. O combinado era que, para a formação do Consórcio Malhas, voltado à expansão da rede nacional de gasodutos, seria necessária a cisão da TAG com focos diferentes, sendo uma empresa voltada à Região Sudeste e outra para as regiões Norte e Nordeste.
Agora o conselho se reúne para tratar da possível venda de participação da TAG ao setor privado, o que faz parte do extenso plano de desinvestimentos da Petrobrás para os próximos anos, com a previsão de levantar até US$ 57,7 bilhões no total, incluindo a venda de termelétricas, gasodutos e até campos produtivos no pré-sal. Existem três modelos de acordo em estudo em relação à TAG. Em um deles, na versão mais radical, a Petrobrás venderia 80% de participação, inclusive o controle, para o setor privado, angariando o maior volume de recursos no curto prazo. No segundo, a fatia a ser vendida seria de 60%, e na terceira hipótese seriam 49% a serem negociados, sem o repasse do controle acionário neste caso, que é o menos provável na visão do mercado. O tamanho da TAG é de chamar a atenção de investidores, já que a companhia teve lucro de R$ 572 milhões em 2014, com patrimônio líquido avaliado em R$ 6,6 bilhões.
Enquanto isso, o comando da estatal decidiu gastar cerca de R$ 5 milhões com a derrubada de paredes no Edifício Sede, no Rio de Janeiro, esperando que isso possa melhorar de alguma forma os problemas que levaram a empresa ao centro dos escândalos de corrupção descobertos com a Operação Lava Jato. A Petrobrás está cortando uma série de projetos, paralisando obras importantes e que estavam sendo esperadas há anos, gerando milhares de demissões pelo país, com o intuito de aumentar o faturamento, e acredita que a derrubada de paredes vai mostrar um novo tipo de governança? Além disso, para levar adiante essa ideia revolucionária, a companhia gasta outro valor para alugar um novo escritório para a diretoria enquanto as obras não terminam. Se a ideia era mostrar constrição e redução de gastos, a escolha por essa obra de reforma interna não parece fazer muito sentido, sendo que o assunto vem sendo motivo de incômodo para muitos funcionários internamente.
Agora a situação já reverbera de forma mais forte entre os próprios trabalhadores do setor de petróleo e gás, que decidiram fazer uma greve de 24 horas, paralisando plataformas e refinarias, dentre várias outras operações da Petrobrás pelo Brasil, com o intuito de mobilizar a diretoria da empresa numa nova direção, menos drástica, e que conserve os ativos da Petrobrás.
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