TRABALHADORES DENUNCIAM ATRASOS NOS PAGAMENTOS E OBRAS DO EISA

O atraso no pagamento do salário dos trabalhadores da construção do Estaleiro Ilha S.A. (EISA), no Rio de Janeiro, expõe falhas de administração. Foram afetados todos os trabalhadores que recebem acima de R$ 2.300, cerca de 1.000 pessoas, que ficaram sem receber os salários de fevereiro e março até a última semana, quando as dívidas foram quitadas.

Funcionários, que não se identificaram por temer represálias por parte da empresa, disseram que eram obrigados a assinar contracheques mesmo estando sem receber. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio (Sindmeta/RJ), a administração do estaleiro vem pagando em dia somente os trabalhadores operacionais, como pessoal de área, soldadores e operadores de maquinário, para não haver interrupção nas atividades.

A empresa, por outro lado, justificou o atraso dos pagamentos alegando o não cumprimento das metas de produção no período. A Eisa disse que os principais afetados pelo atraso, como técnicos e engenheiros de diversos setores, tiveram seus salários dos meses de fevereiro e março pagos em duas parcelas.

O sindicato afirmou que não irá mover, por enquanto, ação na justiça contra a Eisa. O diretor do Departamento Naval do sindicato, Anelsino Bento, disse que atrasos já aconteceram outras duas vezes no passado, e que o sindicato irá esperar o próximo mês para avaliar que medidas irá tomar. O Ministério Público do Trabalho (MPT) confirmou que está investigando supostas irregularidades no ambiente de trabalho do estaleiro, mas que não há denúncias quanto aos salários atrasados.

Apesar de estar com a carteira de encomendas abarrotada, por conta da aceleração da produção no pré-sal e da lei do conteúdo nacional, o ritmo das construções no estaleiro não está satisfatório. Com 36 embarcações previstas para 2015, o estaleiro só está produzindo oito navios atualmente, segundo os trabalhadores, e mesmo assim, com o cronograma atrasado.