JANOT NEGA ACORDÃO COM O GOVERNO PARA PRESERVAR POLÍTICOS ENVOLVIDOS NA LAVA JATO
O investigador na mão dos investigados. Responsável pela abertura de inquéritos contra políticos citados na Operação Lava-Jato, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot (foto), está passando nesta quarta-feira (26) por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justica (CCJ) do Senado, em votação que definirá sua permanência no cargo. A sabatina, cujo parecer será posteriormente encaminhado ao plenário da casa, inclui o julgamento de 8 dos 13 senadores investigados por envolvimento em esquemas de desvios na Petrobrás. Indicado pela presidente Dilma Rousseff para continuar no comando da Procuradoria-Geral, ele chegou seguro ao Congresso e fez um discurso duro contra a corrupção, garantindo a isonomia de tratamento a todos os investigados, abrindo a sessão com o posicionamento que tem apresentado ao longo da operação: todos são iguais perante à lei. Em sua fala frente à comissão, Janot foi não deixou dúvidas de que não haverá privilegiados ao longo do processo de investigação.
“Pau que dá em Chico dá em Francisco“, afirmou o procurador, pouco antes de negar que tenha havido qualquer tipo de acordo com o governo para que determinados políticos fossem preservados: “É um factóide, sem qualquer possibilidade de acontecer. Mesmo que eu quisesse fazer um acordo desse tipo, faltaria combinar com os russos”, disse, citando a famosa frase de Garrincha, explicando que existe um enorme equipe de procuradores, delegados e investigadores envolvidos no processo, o que não permitiria qualquer iniciativa dele neste sentido.
Figura central no desenrolar judicial da Operação Lava-Jato, Janot foi o responsável por pedir a abertura dos primeiros inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar políticos delatados por envolvimento no cartel de empreiteiras da estatal, a partir de uma série de depoimentos prestados por executivos e operadores presos que vem colaborando com as investigações.
Os inquéritos do STF abertos por pedido de Janot são referentes à delação do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. O processo abriu investigações sobre 13 senadores, 12 ex-deputados e 22 deputados federais. Na sabatina, Janot está enfrentando o julgamento dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Benedito de Lira (PP-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), Valdir Raupp (PMDB-RO), Humberto Costa (PT-PE) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), além dos suplentes Lindbergh Farias (PT-RJ) e Fernando Collor (PTB-AL).
O procurador também apresentou pedidos para abertura de inquéritos em cima da delação do dono da UTC, Ricardo Pessoa, considerado o chefe do esquema de cartel das construtoras ligadas à Petrobrás. O empreiteiro teve seus depoimentos divididos em 30 petições ocultas que tramitam no STF, passíveis de serem abertos em novos inquéritos.
Em sua atuação à frente da Procuradoria, Janot vem acumulando inimigos de grande porte. Além de Collor, que demonstra publicamente seu desafeto pelo procurador, as investigações o colocam também contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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