EMPRESÁRIOS ACREDITAM QUE CRESCIMENTO ECONÔMICO PASSA PELO FIM DA CORRUPÇÃO E MUDANÇA NA POLÍTICA | Petronotícias




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EMPRESÁRIOS ACREDITAM QUE CRESCIMENTO ECONÔMICO PASSA PELO FIM DA CORRUPÇÃO E MUDANÇA NA POLÍTICA

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A paralisia do governo agrava a crise econômica que o país vive. Esta é uma máxima entre os empresários que operam com o mercado de petróleo&gás. A turbulência política impede as lideranças de porem em prática soluções óbvias que poderiam nos tirar da inércia. Um exemplo clássico é a urgência de uma decisão política que  mude o governo ou o faça começar a trabalhar em benefício da retomada da economia de forma sustentável, que não traga sobressaltos para o futuro do país.

Neste projeto Perspectivas 2016, o Petronotícias continua buscando ouvir os empresários brasileiros para saber como estão sentindo toda a crise que estamos vivendo e o que podem prever para 2016, dando inclusive a contribuição de cada um deles em busca de um equilíbrio que traga novamente a paz para o mercado.

Ouvimos um dos mais importantes executivos da área de dutos, Luiz Fernando Pugliesi,  executivo da Mercotubos, de São Paulo, que traz uma experiência de mais de 15 anos neste segmento. Ouvimos também Gustavo Salvato, um dos diretores da Sandech, que faz parte de uma liderança empresarial jovem e promissora. Além dele, ouvimos também o diretor a IEC Engenharia, Eduardo Barreto,  que além de expor sua opinião sincera, aponta algumas saídas para a crise econômica atual que o país está vivenciando.

Veja agora  as opiniões do  experiente Luiz Fernando Pugliesi, executivo da Mercotubos:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“Pois bem, comentar os acontecimentos do setor industrial brasileiro referente ao ano de 2015 não é uma tarefa fácil. De qualquer forma, precisamos refletir sobre os erros que levaram a indústria brasileira ao estágio que chegamos. O que vivemos em 2015 foi a mais pura e dura realidade de um grande ajuste de contas no seu sentido mais amplo. Quero dizer que o mercado todo precisou se adaptar a uma realidade que muitos sempre tentamos nos enganar sobre a crise sofrida por todo o mundo, e ao fato de que as instituições e empresas públicas também têm seus caixas e limites para capacidades de investir. O mercado brasileiro precisou se ajustar drástica e rapidamente a uma realidade moral e econômica, e isso está custando muito sacrifício da classe empresarial do Brasil. Espero que a partir de agora as empresas e dirigentes que realmente trabalham continuem a suar a camisa, passem a ganhar dinheiro, não como era até então, que quem ganhava dinheiro eram os amigos do Rei e, principalmente, esses poucos que ‘suavam a camisa’.”

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

“Acredito que a solução está na capacidade do parque industrial presente no Brasil se reinventar rapidamente. Esta condição que o Estado dará à indústria brasileira, tanto do ponto de vista da demanda, dos investimentos, das desonerações e facilitações tributárias, quanto do ponto de vista da credibilidade governamental. Importante ressaltar que esta última certamente é a mais importante e precisa estar acompanhada de profundas mudanças no cenário politico e nas diretrizes econômicas do País. Só assim teremos alguma chance de começar a estabilizar a recessão e iniciar um novo ciclo de pujança da indústria nacional.”

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“Como eterno otimista e crente na inteligência e capacidade que o brasileiro tem para se adaptar e se reinventar, acredito que 2016 será um ano de ajustes políticos a ponto de estarmos com novo governo ainda no primeiro semestre. Com isso, certamente a indústria conseguirá enxergar uma ‘luz no fim do túnel’ e poderá passar a fazer a sua parte, ou seja, os investimentos privados. Além disso, o mercado de crédito precisa voltar a caminhar avante para o cenário melhorar e isso é muito possível para 2016, desde que tenhamos confiança na máquina pública. Enfim, 2016 poderá ser o ano do acerto de contas e de preparação para uma nova era a partir de 2017.”

gustavoGustavo Salvato, da Sandech, mostra agora as suas opiniões sobre o que poderá ocorrer em 2016:

–  Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

 “A Operação Lava Jato é definitivamente um acontecimento histórico para o nosso setor, com desdobramentos políticos graves. Pela primeira vez nós estamos diante uma investigação séria e com resultados reais. Para nós, empresários mais jovens, que fomos educados contestando a sustentabilidade da corrupção no mundo dos negócios, fica a esperança de que o país possa estar rompendo com o paradigma duplo – corrupção e impunidade.”

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

“No meu ponto de vista, enquanto o governo não resolver a crise política que devasta a ele próprio e à base aliada, não vejo como o país sair desta recessão profunda em que nos encontramos. Pelo contrário, estamos hoje com a votação das medidas econômicas estacionada, reformas praticamente abandonadas e sem nenhuma perspectiva de sair desse cenário terrível que nos encontramos. Independentemente de ser a favor ou contra às medidas econômicas, esse assunto precisa ser discutido. Se não dermos uma resposta rápida ao mercado, fica cada dia mais complicado recuperarmos a nossa credibilidade e perderemos a chance de atrair investimentos nesse momento favorável de moeda desvalorizada.”

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“Até meados deste ano eu acreditava que 2016 seria o ano da retomada, mas está difícil de manter o otimismo na economia. O governo passou todo o ano discutindo crise política e nada de significativo aconteceu para colocar as contas nos eixos e aquecer a economia. Infelizmente, não vejo o ano de 2016 como um ano fácil. Assim como em 2015, nós temos conseguido apresentar taxas expressivas de crescimento por conta da nossa estratégia empresarial. Portanto, apesar do cenário macroeconômico ruim, estamos otimistas em sustentar nosso crescimento no próximo ano e o conselho já decidiu por manter nossos investimentos em 2016.”

iecVeja agora o que pensa Eduardo Barreto, diretor da IEC Engenharia:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“Nosso setor sofreu uma queda brutal de demanda. Não há projetos para novas tubulações e áreas industriais. Os  possíveis novos projetos vêm sendo sucessivamente adiados. Além disso, contratos de manutenção vigentes tiveram fortes cortes no orçamento com necessidade de redução de equipes para atendê-los.

Falta dinheiro no mercado. A inadimplência é muito alta e há ainda uma nova modalidade de maus pagadores. Aqueles que não deixam você faturar. Alegam vários empecilhos e novas burocracias, fazendo de tudo para as empresas não consigam emitir a Nota Fiscal da prestação efetivamente realizada. Com isso, tecnicamente elas não estão inadimplentes, porém fica extremamente difícil trabalhar sem fluxo de caixa positivo. O dinheiro para empréstimos está caro e de difícil obtenção.

 As empresas prestadoras de serviços se desesperam, querendo gerar dinheiro a qualquer custo, com reduções absurdas nos orçamentos e entrando em áreas específicas como a nossa de proteção catódica. Esta é a receita exata para o fechamento de empresas. É o que vem acontecendo aos poucos e deve aumentar bastante.”

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país  atravessa?

“Mudança radical na maneira de conduzir o país. O governo precisa reduzir drasticamente o custo e colocar pessoas com caráter técnico nas principais funções e ministérios. É necessário diminuir o fisiologismo político e as instituições fortes devem manter o combate à corrupção. Esperamos que o processo de impeachment seja rápido, de modo que as indefinições diminuam e que, seja qual for o resultado, o governo trabalhe em conjunto com o Congresso na criação de medidas que ajudem o Brasil a sair do atoleiro em que foi metido.

De maneira objetiva, na nossa área, o Congresso deveria alterar a lei e acabar com a obrigatoriedade de a Petrobrás gerir 30% do pré-sal, pois a empresa não tem dinheiro, o que possivelmente iria atrair novas empresas para esses investimentos.  Além disso, destravar e agilizar as privatizações e incentivar as PPP’s para os novos empreendimentos.”

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“As perspectivas infelizmente não são boas para 2016. Caso não haja alteração na maneira de conduzir o Brasil, devemos continuar piorando, com aumento da recessão e possível depressão. Se houver mudança, mesmo assim a reação será lenta. Como diz um amigo economista, é como alterar o leme de um navio grande, você meche e ele demora a responder, portanto se a recuperação vier, será para o final do ano, início de 2017. ”

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