PIONEIROS COMEMORAM OS 32 ANOS DA PLATAFORMA NAMORADO 2 E O MARCO DE EVOLUÇÃO DA EXPLORAÇÃO NO MAR QUE ELA SE TORNOU
O ano era 1982, governo Figueiredo, último dos militares a comandar o país da geração ditadura. O ex-ministro Shigeaki Ueki era o presidente da Petrobrás nesta época em que o Brasil queria romper a marca dos 500 mil barris diários. A empresa ainda engatinhava para conquistar definitivamente a Bacia de Campos e transformá-la na maior produtora de petróleo do país, muito antes do pré-sal. Foi neste ambiente que começou a ser montada a Plataforma Namorado 2.
A importância desta plataforma para a Petrobrás ultrapassa as linhas da produção da companhia, para se tornar um marco de mudanças nos procedimentos das plataformas que vieram a seguir. Ela formou, talvez, uma das melhores equipes de profissionais da empresa, que deixou exemplos que foram incorporados aos comportamentos que baseiam as ações da Petrobrás até hoje. E é exatamente esta equipe que 34 anos depois vai se reunir num evento para fazer um reencontro especial, comemorando este marco. Eles são Os Pioneiros.
No dia 19 de março, este encontro será coroado com um almoço na Churrascaria Estrela do Sul, no bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro. Os quase 110 profissionais, que já estão se falando num grupo criado no Whats App, contarão suas histórias vividas na plataforma. Histórias que nem sempre podem ser contadas sem dor, porque viver confinado num pequeno espaço a mais de 40 metros de altura, cercado pelo alto mar e pelas intempéries, longe da família, trabalhando duro por 12 horas, produzindo sem parar e precisando estar todo tempo sob grande pressão, forma mais do que simples homens. Forma seres humanos diferenciados. E, apesar das dores, a turma jamais se afastou do bom humor. Este humor, o riso, a graça, as piadas e as pegadinhas eram o contraponto da tensão natural do dia a dia. Há muitas histórias engraçadas, piadas e trotes entre eles. Os churrascos realizados a bordo (segunda foto à esquerda) seriam impossíveis nos dias de hoje. Histórias que serão revividas neste 19 de março. As dores ficaram marcadas, mas só as boas lembranças serão rememoradas.
A equipe pioneira da Plataforma Namorado 2, a PNA-2, como é conhecida, foi forjada de uma maneira tão peculiar que não é mais feita atualmente. A Plataforma foi construída diretamente no mar, a partir da instalação da Jaqueta a 170 metros de profundidade, a cerca de 50 quilômetros da costa. São quarenta minutos de voo de helicóptero. Centenas de pessoas trabalharam na construção, sob a responsabilidade, à época, da Ultratec. Toda equipe de montagem ficava hospedada num Flotel, um grande navio ancorado ao lado da Plataforma. Os profissionais, sob o embalo dos constantes e fortes ventos, cruzavam várias vezes, durante o dia e a noite, um perigoso passadiço entre as duas embarcações, tendo o céu e o mar, 60 metros abaixo, como testemunhas desse perigo. Era para trabalhar depois do café da manhã, voltar para almoçar, lanchar e jantar.
Todos os equipamentos da plataforma, como bombas e tubulações, eram instalados pelos profissionais da empresa montadora e pelos engenheiros e técnicos da Petrobrás que operariam a unidade quando estivesse pronta. Juntos, todos foram aprendendo os procedimentos e o que poderia ser economizado nas novas construções, que viriam a se reproduzir a cada ano, com a necessidade brasileira de se aumentar a produção de óleo. Ao preparar a plataforma para o primeiro óleo, já havia uma equipe de profissionais treinados, responsáveis, com conhecimento pleno do que se estava fazendo, mesmo tendo sobre os ombros uma pressão imensa.
O dia a dia da Plataforma Namorado 2 ainda exigia despesas pela companhia que foram se ajustando. Havia vários voos diários de helicóptero em horários alternados. A comunicação com os familiares era extremamente precária. As famílias ficavam praticamente isoladas durante quinze dias. O contato telefônico era feito via rádio até a base de Vitória, que ligava para as residências e repassava as ligações pelo rádio de volta à plataforma. Privacidade zero. Todos na plataforma ouviam o que era dito. Os problemas com as crianças, a falta de dinheiro para resolver as coisas, as intimidades do casal, quase sempre feitas de forma cifrada, eram identificadas pela turma a bordo, que logo arranjava apelidos bem humorados para gozar com a cara dos interlocutores.
Os apelidos se sucediam. Todos queriam ter um “borracha”, que eram os novatos que chegavam para trabalhar na plataforma sem nunca terem sido treinados para isso. Conheciam de foto, mas a prática era muito diferente, mais difícil. Vencer as dezenas de escadas diariamente, dormir em alojamentos pequenos, vencer a claustrofobia e os medos eram a realidade. Ver uma plataforma por foto, num mar sereno, tem um certo glamour. Enfrentar as fortíssimas e frequentes tempestades em alto mar, ventanias, o balanço da maré, os riscos e a necessidade imperiosa de ser eficiente e constante no trabalho, formam mais do que funcionários. Formam verdadeiros heróis da conquista do petróleo no Brasil.
Constantemente, os tais “borrachas” eram submetidos a trotes para seus batismos. Eram vítimas de pegadinhas até que aprendessem para, no futuro, ter de formar os seus próprios “borrachas”. A brincadeira que mais se repetia era a dos banhos. Chamados a fazer qualquer coisa dentro das plataformas, simulando um trabalho importante, eram alvo de uma grande quantidade de água gelada jogada de cima. Muitas vezes, recebiam mais de um banho por dia.
O legado desta equipe, destes pioneiros, transformou a Petrobrás. A começar pelo entendimento dos novos procedimentos que viriam a ser tomados. Tanto em termos de custos, como em termos ambientais. Antigamente era feita a queima de 80% do lixo a bordo, em uma cesta especial, que depois vinha a ser suspensa por um guindaste e, após tudo estar queimado, era “afogada” no mar, para que pudessem esfriá-la e limpá-la. Esta operação atualmente é impensável. A preocupação com o meio ambiente, com a qualidade das operações e com o bem estar de todos os embarcados mudou profundamente.
Os desafios eram constantes, como atualmente. Mas o aprendizado que estes pioneiros trouxeram para empresa é reconhecido por poucos. Alguns perderam a vida. Outros, as famílias. Tudo em nome da Petrobrás. Era o amor que se tinha pela companhia e a companhia pelos funcionários. Uma relação que veio se desgastando e sucumbiu com o escândalo dos desvios de dinheiro e com o desgaste natural que ainda estamos vivenciando, capitaneado principalmente pela ganância de políticos corruptos, a origem real de todo problema. De toda a chaga.
Hoje, este desgaste culmina no incentivo que a nova direção faz para que colegas denunciem seus próprios colegas. O que vai resultar disso ninguém sabe ao certo. Mas, com certeza, não será nada benéfico para a relação de amizade, confiança e segurança que uma empresa de petróleo precisa. Este amor, a confiança que nasce da amizade entre colegas de trabalho, foi um outro grande exemplo deixado por estes Pioneiros. Mas este exemplo, a atual alta direção da companhia, que não tem origem na empresa, não conseguirá jamais reconhecer. Este legado não será seguido por ela. E por uma razão simples. É uma linguagem que eles não falam, não reconhecem e não conseguem comunicar. Nesta linguagem, é preciso a real compreensão de um elemento fundamental: o amor sincero à Petrobrás.
Emocionante essa história e um marco do aprendizado no mar, faltou falar do efetivo e dos catamarãs… Estive embarcado em cherne na comemoração dos 20 anos e o orgulho do petroleiro embarcado, em nada se compara com p noticiário de hoje e da estatal. Nenhum auto da história, poderá contar verdadeiramente os detalhes corretos das obrigações do embarcado e os ganhos irrisórios com todo sobre aviso de 154 horas embarcados direto… Se o clima tempo ajudar, a troca é normal e em caso contrário o retorno à rotina é inevitável, até o tão esperado dia do desembarque… Parabéns ao petroleiro… Read more »
A denúncia de malfeitos por parte de “colegas” de trabalho é um instrumento de defesa das grandes corporações. Coleguismo e amizade não significa cumplicidade com o ilícito. Você pode ser amigo de alguém e não compactuar com uma ilegalidade perpetrada pela pessoa. Nós Brasileiros precisamos amadurecer com relação a isto.
Prezados Comecei a trabalhar no projeto Namorado 2 em 1979 na extinta Serete depois TSE engenharia. Tenho muito orgulho pós após projeto estivemos no HOOK-UP na UTC / TENENGE na AV contorno Niteroi. Participei parcialmente da modernização na cidade de Macaé pela CPR projetos. Parabéns a todos que trabalharam nesta unidade.
Grandes e nem sempre lembrados heróis! Penso que poderiam ser escritos vários volumes só com as histórias destes pioneiros. Digo isto porque me envolvi com a Bacia de Campos desde seus primórdios; embarquei na viagem inaugural do Safe Jasminia rumo a Enchova, ajudei os hook ups de Enchova, Cherne II, Garoupa e Pampo. Aliás, salvo melhor juízo, os tais 500 mil BPE foram comemorados em Pampo, com a presença da equipe ministerial do Presidente João Figueiredo, Aureliano Chaves e entourage sujando a mão de óleo na maior algazarra… Pra isso acontecer, ficamos embarcados emendando turnos, “cama quente” e “favelão” (os… Read more »
Estou muito orgulhoso em fazer parte desta equipe maravilhosa. Entrei na Petrobras no ano de 1984 e com grandes desafios já comecei a trabalhar na recuepração do painel de Fogo e gás da plataforma de Namorado II. Na Época a plataforma de Namorado II era que mais produzia na Bacia de Campos. Hoje estou trabalhando na equipe de projeto de plataformas na unidade do Rio de Janeiro (UO-RIO/PCM). Este encontro será maravilhoso. Até lá……
Trabalhei de 1986 ate 1991 com os colegas.
Bons tempos.
Tive o privilégio de participar da construção da Bacia de Campos. Cheguei a PNA-2 na época do hook-up, em 1984.
Deixo aqui a minha homenagem a esses, que se tornaram parte de nossas vidas para sempre.
Tive o privilégio de participar da construção da Bacia de Campos. Cheguei a PNA-2 em 1984, na época do hook-up.
Deixo aqui minha homenagem a todos esses, que se tornaram amigos e parte de nossas vidas para sempre.
E com muito orgulho que participei ajudando na montagem desta plataforma. trabalhei de 1983 a 1992, e deixei la muitos amigos. Parabens PNA-2 e pioneiros.
Foi com muito orgulho que trabalhei na Petrobras, mais precisamente 31 anos em PNA-2, desde setembro de 1984 até dezembro de 2015, e gostaria aqui de agradecer aos meus amigos de PNA-2 que fizeram parte da minha vida profissional, principalmente ao grupo da operação elétrica (Paulo Martins, Sívio José, Paulo Fernandes o Paulinho Tapete, Buzetti e Reis o Bifão) e outros.
Aos pioneiros desejo tudo de bom, muita saúde e paz, até o nosso encontro galera.