GERAÇÃO HÍBRIDA EM HIDRELÉTRICAS CORTA CUSTOS AO UTILIZAR ESTRUTURA ÚNICA
Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –
Os investimentos feitos no Brasil para diversificação da matriz enérgica nacional têm tido bons resultados, com o país entre os principais incentivadores das energias renováveis. Tal preocupação com as fontes energéticas coloca o Brasil como pioneiro em uma nova maneira de gerar energia: um sistema hibrido, com energia solar e hidrelétrica combinadas. Os primeiros projetos no segmento estão sendo desenvolvidos pela Sunlution, e serão instalados na Bahia e Amazonas. Segundo o diretor da empresa, Orestes Gonçalves Junior, a iniciativa vem sendo bem recebida pelo mercado, com algumas sondagens para novos projetos. O trabalho é desenvolvido com uma multinacional francesa, especialista na área, com outros cases na Europa e África. Em comparação com esses exemplos, o projeto brasileiro leva vantagem, já que fora do país a preferência é por estações de tratamento de água, forçando a criação de toda estrutura. “A maior vantagem é o aproveitamento de uma única infraestrutura, já existente, onde duas fontes diferentes são usadas ao mesmo e têm sua produção escoada através do mesmo sistema“, afirma.
Como a Sunlution foi trazida para o projeto de desenvolvimento do sistema híbrido hidro/solar nas hidrelétricas?
Nós temos uma sociedade com a francesa Ciel et Terre, que detém a tecnologia e muito conhecimento nesta área, operando a mais de seis anos empreendimentos deste tipo, em projetos na Europa e na África, por exemplo. Para os hidrelétricas de Balbina (Eletronorte) e de Sobradinho (Chesf) nós participamos de uma concorrência, com outras seis empresas e nossa solução se colocou como melhor dentro dos critérios, fazendo com que fossemos escolhidos.
Como é esse sistema de geração em outros países?
Este é um mercado que já vem sendo bem explorado na Europa e Ásia, por exemplo, mas com um foco diferente do brasileiro. Na maioria dos casos, as placas fotovoltaicas são instaladas em estruturas de saneamento básico, como tanques gigantes para tratamento de água. No Brasil, o mercado que temos em vista são as hidrelétricas e PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), por conta da estrutura já existente no local.
A geração híbrida já é regulamentada?
Ainda não há uma legislação específica sobre o tema, mas já estamos desenvolvendo estudos para viabilizar o quanto antes. Temos feito contato com diversos representantes de órgão reguladores, órgãos definidores de políticas, e todos eles têm se mostrados bastante receptivos a este modelo, já que pode gerar um bom incremento energético em um curto prazo.
Qual será o primeiro projeto a ser instalado? Qual a capacidade?
O primeiro deles é o de Balbina, no Amazonas, e depois iremos concentrar esforços no projeto de Sobradinho, na Bahia. A geração chega a 5 MW em cada uma das usinas, com uma média de quase 4 mil painéis por empreendimento.
Como o mercado recebeu essa nova opção de geração de energia?
A reação do mercado tem sido muito positiva ao anúncio desses dois trabalhos, com alguns contatos sendo feitos para que novas unidades sejam viabilizadas no futuro. Nosso trabalho agora é esse, de mostrar que existe um novo segmento a ser explorado, que a geração híbrida é uma realidade viável. Ela é muito mais barata do que, por exemplo, a geração solar em terra, por conta da estrutura das hidrelétricas. Hoje, a energia de reserva do Brasil para momentos de necessidade é a base de óleo, com termelétricas, mas essa opção é cara e tem seus problemas com relação ao meio ambiente. Por que não investir em uma geração solar para reserva, ou mesmo para compor grande parte da energia de base.
Há algum benefício tecnológico em gerar energia solar em reservatórios?
A maior vantagem é o aproveitamentode uma única infraestrutura, já existente, onde duas fontes diferentes são usadas ao mesmo e têm sua produção escoada através do mesmo sistema. O Operador Nacional do Sistema conto já recebendo energia pelo mesmo ponto de conexão. No caso da energia solar, ainda há o facilitador de não ser necessário desapropriar terrenos, facilitando a implantação. São vantagens econômicas e operacionais. Uma possibilidade é o envio de energia solar durante o dia e hidrelétrica a noite. Enquanto despacha energia solar, é possivel estocar água , fechando as comportas. A água é um bem cada vez mais limitado e pudemos ver nos últimos cinco anos, com a estiagem, que os reservatórios não estão voltando ao mesmo volume de água dos anos anteriores. O uso múltiplo da água tem sido feito de modo intenso, se nada for feito isso chegará a um ponto final. É importante incentivar a energia solar, que é ilimitada. Por mais que haja um período sem sol, ele está lá, e volta para usar todo seu potencial.
A empresa está trabalhando em conjunto com as universidades envolvidas no projeto?
Sim. Estamos em contato constante com universidades para apoiar esses projetos e desenvolver estudos sobre o tema. É muito importante esse envolvimento acadêmico, para que desde o primeiro projeto ela esteja envolvida, gerando difusão de conhecimento.
Quais os próximos investimentos da Sunlution no mercado nacional de energia solar?
Nós estamos nos preparando para comecar a produzir os flutuadores no Brasil, através de uma empresa terceirizada. A empresa acredita muito no país, acredita na geração solar como fonte importante para o futuro, por isso esse passo.
Como a empresa vê as mudanças anunciadas pela Aneel para o mercado de geração distribuída?
É um passo bastante positivo. A fonte solar é interessante por pegar dois mercados opostos, que são a geração distribuída e a concentrada. Mas nós atuamos nos dois campos, com projetos nas duas áreas, e as novas regras aumentam o número de empreendimentos que optam pelo uso de energia solar.
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