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INDÚSTRIA GLOBAL DEVE CORTAR EM 25% OS GASTOS COM EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO EM 2016

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Philip - BCGO cenário da indústria global de petróleo vem se recuperando vagarosamente com a leve subida do preço do barril nos últimos meses, depois de queda drásticas a partir de 2014, mas o movimento ainda não está surtindo grande efeito nos cortes de investimentos internacionais. Apenas em projetos de exploração, a queda dos aportes em 2015 foi da ordem de 31%, somando cerca de US$ 102 bilhões, segundo estudo do Boston Consulting Group (BCG). Já para este ano, a redução dos investimentos deverá ser de mais 25%, como informa o diretor do BCG em Londres, Philip Whittaker. Nas contas da consultoria, 68 projetos foram adiados pelo mundo no ano passado, representando reservas totais de 27 bilhões de barris, o que deve gerar impactos no abastecimento no futuro.

Os que se beneficiaram com este processo, na visão do executivo, foram os traders e os grandes consumidores de petróleo, além dos fabricantes de carros, que viram suas vendas crescerem em diversos mercados – uma realidade que não se reflete no Brasil, já que por aqui o combustível está ainda mais caro do que no período de alta do petróleo.

Em relação ao preço do barril, Whittaker não se arrisca a fazer um prognóstico, mas dá indicativos de que o valor ainda não atingiu um ponto de estabilidade e pode continuar subindo até a casa dos US$ 60 ou US$ 70, a depender de diversos fatores ao redor do planeta. Ainda assim, ele acredita que é preciso que os governos se preparem melhor para as oscilações da commodity e dá sugestões para o Brasil: “Para enfrentar com êxito o aumento da volatilidade dos preços do petróleo esperado para os próximos anos, a prioridade do país deve ser criar um ambiente que promova uma maior competitividade da indústria de petróleo e gás local”.

Quais são as tendências de oscilação previstas para o preço do barril de petróleo nos próximos anos?

Nenhuma estimativa de preço do petróleo pode estar correta, dadas as diversas variáveis que o impactam, mas é possível ter uma visão sobre alguns elementos mais importantes. Em primeiro lugar, as condições para a volatilidade aumentaram – com suprimentos do Iraque, Irã e Líbia, sujeitos a interrupção, e o xisto americano, capaz de modular mais rapidamente do que outras fontes. Então podemos ver ciclos mais curtos e mais súbitos de preço do que em um passado recente. Em segundo lugar, a deflação que tem permeado o mercado significa que o custo de US$ 100/barril já não se justifica em termos de custos marginais de produção e efeitos da substituição do petróleo. Níveis entre US$ 60-70 estão agora mais adequados para suportar a maioria dos desenvolvimentos, e muitos operadores com os quais trabalhamos acreditam que ainda há oportunidade significativa para mais deflação. Em terceiro lugar, os preços de hoje, de cerca de US$50, são inadequados para repor o declínio e suportar qualquer crescimento antecipado da demanda – sendo assim a expectativa é de preços mais altos uma vez que o mercado complete seu ciclo de rebalanceamento nos próximos meses.

Quais foram até agora os segmentos da cadeia de óleo e gás mais impactados com a queda nos preços?

Todos os segmentos da cadeia de suprimentos sofreram quedas de preços severas, impulsionados pelo colapso dos níveis de atividade, excesso de capacidade e exigências dos clientes. As ações das empresas de perfuração offshore caíram mais de 80% desde meados de 2014; e das empresas de sísmica em 76%. Menos severamente atingidos foram as onshore e as empresas que atuam por projetos – com EPCs onshore, por exemplo, tendo recuado “apenas” 35% desde o início do ciclo e atualmente se recuperando em 5% no 1º trimestre de 2016.

Houve algum segmento da cadeia que acabou beneficiado com a nova realidade?

Algumas áreas têm se beneficiado de preços mais baixos, mas muito menos do que havia sido previsto. Grandes consumidores, como companhias aéreas e empresas de logística, têm desfrutado de preços mais baixos, mas em muitos casos o benefício é corroído por conta da competição nessas indústrias. As finanças dos principais governos importadores de petróleo e gás têm se saído bem e os traders de petróleo têm se beneficiado com o aumento da volatilidade. As vendas de veículos – particularmente aqueles menos eficientes em combustível – dispararam. Mas, em geral, acreditamos que os efeitos agregados de baixos preços sustentados têm sido muito mais negativos do que se havia antecipado.

Na análise do BCG, como a atividade exploratória está se comportando no novo cenário?

Como sempre nestes ciclos, a exploração está sofrendo. O gasto global de exploração foi reduzido em 31% em 2015, e um novo corte de 25% é esperado para este ano. E isso vem em um período de descobertas historicamente baixo – em 2014, menos de 5 bilhões de barris equivalentes, seja de petróleo ou gás/condensado, foram descobertos mundialmente, o nível mais baixo em 30 anos. Muitas companhias de petróleo estão atualmente reavaliando sua carteira de ativos de E&P.

Como a indústria pode se proteger melhor dessas oscilações drásticas nos preços do barril?

Estratégia em empresas de recursos de commodities sempre se resume a um ponto: o acesso a grandes reservas, de baixo custo, no lado esquerdo da curva de oferta. Esses recursos estarão seguros em qualquer cenário, e representam a melhor “proteção”.

Para a indústria brasileira, quais foram as principais perdas?

O Brasil enfrentou graves impactos também. Em particular, a Petrobrás está enfrentando restrições de caixa mais fortes, dado o seu elevado nível de dívida, levando a reduções substanciais nos investimentos anunciados ao longo dos últimos anos. Isso claramente tem impacto em toda a cadeia de fornecimento de petróleo e gás no país.

Após a leve subida dos preços nos últimos meses, já houve alguma reação significativa no cenário global?

Nada mudou fundamentalmente. Acreditamos que o setor de petróleo está passando por uma mudança de paradigma e empresas e governos devem tomar decisões que tenham isso em mente, com uma visão de longo prazo, ao invés de reagir às variações de curto prazo.

Como o Brasil deve se preparar para a retomada gradativa dos preços e quais devem ser as prioridades do país

O Brasil tem campos de petróleo de alta qualidade – a evolução do pré-sal, entregando altos níveis de produtividade de forma consistente, é um exemplo claro disso. Mas, para enfrentar com êxito o aumento da volatilidade dos preços do petróleo esperado para os próximos anos, a prioridade do país deve ser criar um ambiente que promova uma maior competitividade da indústria de petróleo e gás local, deslocando os seus desenvolvimentos em direção ao lado esquerdo da curva de fornecimento global.

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Porra BCG e´uma antiga vacina.
eles devem manjar é de caxumba, tuberculose, varíola e etc.