SINAVAL VAI À JUSTIÇA CONTRA PEDIDOS DE ISENÇÃO DE CONTEÚDO LOCAL DA PETROBRÁS PARA LIBRA E SÉPIA
A tentativa da Petrobrás de jogar para escanteio o conteúdo local dos FPSOs de Libra e Sépia angaria cada vez mais opositores – como era de se esperar, já que a indústria contava muito com estes projetos para voltar à atividade –, e agora o Sinaval entrou em campo para lutar contra a posição da estatal. O sindicato que representa os estaleiros nacionais pretende ir à justiça para questionar os pedidos de waiver feitos pela companhia à ANP, ainda em análise pela diretoria da agência.
Apesar da previsão de serem levados a audiência pública, o que seria a chance de as empresas brasileiras mostrarem sua capacidade e seu forte interesse em atuar na construção dos dois navios-plataforma, o Sinaval, presidido por Ariovaldo Rocha (foto), afirma que não haverá tempo hábil para realizá-las, já que o prazo final da licitação aberta pela Petrobrás é anterior à data prevista para as audiências.
O principal questionamento é referente às alegações da Petrobrás, alardeadas em discursos recentes do presidente Pedro Parente, de que os custos para fazer as unidades no Brasil seriam 40% superiores aos valores de execução no exterior, o que assustou todo o empresariado, já que muitos fornecedores de bens e serviços instalados no País têm alcançado altos níveis de competitividade nos últimos anos, inclusive com exportações para outros continentes.
Apesar das afirmações, a Petrobrás até agora não detalhou esses números, o que tem sido visto com desconfiança por parte da indústria, já que as empresas que cotaram os valores são praticamente todas de fora do País e deram os valores superiores para fornecimentos nacionais sem uma consulta transparente à indústria brasileira, segundo os próprios fornecedores locais.
A própria ANP, que evita dar declarações firmes em temas como esse, afirmou que solicitou maiores detalhes da estatal para analisar o pleito de isenção total dos compromissos de conteúdo local, já que os primeiros pedidos haviam sido formulados de forma mais genérica.
Nas contas do Sinaval, foram investidos cerca de R$ 25 bilhões no desenvolvimento dos estaleiros nacionais nos últimos anos, mas as empresas vêm sofrendo com a paralisação do setor e a falta de novas encomendas, o que poderia ser levemente revertido com estes dois projetos, tidos como as maiores promessas no curto prazo.
O resultado prático dessas isenções, se forem levadas à cabo, será um tiro certeiro na indústria nacional, já extremamente combalida, que se segura nas cordas para manter as conquistas técnicas e de qualificação dos últimos anos, buscando serviços de exportação enquanto o mercado interno não se reaquece.
Alívio. Finalmente o Sinaval tomou uma atitude contra as atrocidades de Pedro Parente frente a Petrobras. Todos sabiam que remontar a indústria naval nacional e o conteúdo local implicariam em preços maiores para as petroleiras atuantes no Brasil, principalmente para a Petrobras, por razões óbvias de domínio de mercado . Com a escala prevista e o aprendizado os preços naturalmente cairiam e, o mais importante, teríamos uma indústria pujante empregando brasileiros no Brasil. Todos que entraram no jogo sabiam das regras, portanto não há o que reclamar, salvo, localmente, nas atribuições que a indústria nacional não consiga atender, num prazo… Read more »