ENTREPOSE BUSCA AMPLIAR ÁREAS DE ATUAÇÃO NO SETOR DE ÓLEO E GÁS BRASILEIRO
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A abertura do mercado e o amadurecimento da busca por maiores rigores em termos de governança corporativa no Brasil – surgida a reboque das descobertas da Operação Lava Jato – vêm atraindo o interesse de muitas corporações internacionais, e a empresa francesa Entrepose, que faz parte do grupo Vinci, é uma das interessadas em expandir suas atividades locais neste momento, tendo inclusive adquirido recentemente uma empresa no País, a Intech Engenharia. O representante da Entrepose no Brasil, Jonathan Royer-Adnot, conta que estão vendo uma mudança de paradigma ocorrer no cenário brasileiro, com mais oportunidades em vista para empresas com forte cultura corporativa e de compliance, de modo que a decisão de investir em uma presença maior na região se deu em função desse olhar para o futuro. Apesar do quadro de poucos projetos sendo tocados na indústria no curto prazo, o executivo acredita que as mudanças que vêm sendo implementadas possam ser um impulso interessante, principalmente no segmento de gás natural, que passou a receber mais incentivos do governo. “Isso vai garantir um lugar melhor para o gás na matriz energética do País e inclusive vai aumentar a competitividade do Brasil”, diz.
Qual o foco da Entrepose no Brasil?
A Vinci, através da Entrepose, nossa divisão de construção da área de óleo e gás, está presente no Brasil há mais de 20 anos. A gente trabalhou em parceria com a Intech, que agora faz parte do grupo, em muitos projetos da Petrobrás, como o Rota 1, o Rota 2, Mexilhão, entre outros. Então temos uma boa experiência aqui e vemos que o paradigma no Brasil está mudando, de modo que estamos muito interessados em fortalecer nossa atuação no País.
Que tipos de projetos interessam mais à empresa?
A gente quer aproveitar a Intech para desenvolver mais essa linha de perfuração direcional e outras linhas de produtos, voltados a gasodutos, mas não só, olhando o mercado com interesse, mas ainda com cautela. Queremos tentar nos desenvolver, mas estamos observando ainda.
Como as mudanças no Brasil impactam o planejamento da empresa aqui?
Nos 10 últimos anos houve um boom, mas, mesmo assim, quando tentávamos entrar em outras linhas de negócio havia muitos impedimentos. Já tínhamos atuação em perfuração direcional, que é um nicho específico, mas em outras áreas não conseguíamos entrar, porque o mercado já estava preenchido por grandes atores e… era impossível de entrar. Agora achamos que o paradigma mudou, os atores estão mudando e acreditamos que nosso modelo de negócio, com forte atuação corporativa, focada em compliance, nos permitirá ter mais possibilidades.
Dentro dessas novas perspectivas, tirando a perfuração direcional, quais são os projetos de interesse?
A Entrepose tem várias linhas de negócios. Somos capazes de fornecer serviços de EPC, transporte de produtos onshore e offshore, fazemos estação de compressão, até termelétricas de pequeno porte. Temos condição de entregar soluções completas desde a cabeça de poço até as termelétricas, e, junto com outras empresas do grupo Vinci, como Actemium e Omexom, entre outras, temos uma força grande para atender toda parte de eletricidade e automação também.
Nossa ideia é delinear essas oportunidades e expandir nossa atuação a partir delas, mas vai depender do mercado e das respostas que encontrarmos.
O que a aquisição da Intech Engenharia agrega para a Entrepose?
Somos parceiros da Intech há muito tempo, e todo o conhecimento do mercado brasileiro que ela tem é agregado ao nosso portfólio. Tem pessoal, equipamentos, experiência etc. Antes, a gente entrava, fazia um grande projeto com eles e saía, mas agora queremos entrar de vez no mercado.
O governo vem desenvolvendo buscando ampliar o setor de gás natural no País. Como avalia esse processo?
A gente enxerga que o mercado de gás é subdesenvolvido no Brasil. O gás pode chegar a muitos outros lugares se as boas decisões políticas forem tomadas. Colocar as térmicas na base foi uma boa ideia e vai permitir desenvolver o gás, porque até então a indústria de gás tinha que atender uma demanda flutuante. E é inviável montar uma infraestrutura de gás, que é pesada, para atender uma demanda assim. Não faz sentido do ponto de vista de custos. Então vemos com bons olhos essas mudanças. Isso vai garantir um lugar melhor para o gás na matriz energética do País e inclusive vai aumentar a competitividade do Brasil.
Outra coisa que vai ter que desenvolver é o armazenamento de gás natural, uma área em que temos uma atuação muito forte, por meio da nossa subsidiária Geostock, que está presente no Brasil há cinco anos.
Deixe seu comentário