PETRORIO PLANEJA REPLICAR EXPERIÊNCIA DO CAMPO DE POLVO EM OUTRAS ÁREAS E TAMBÉM ESTUDA PROJETOS NO EXTERIOR | Petronotícias




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PETRORIO PLANEJA REPLICAR EXPERIÊNCIA DO CAMPO DE POLVO EM OUTRAS ÁREAS E TAMBÉM ESTUDA PROJETOS NO EXTERIOR

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

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A atuação no campo de Polvo servirá de base para os próximos projetos que a PetroRio deseja realizar no futuro. A companhia conseguiu mais que quadruplicar a estimativa de produção de Polvo e quer replicar a experiência no campo em outras áreas no Brasil e até mesmo na América do Sul e no Golfo do México, de acordo com o executivo da PetroRio Thomaz Freire, que integra a série de entrevistas do Petronotícias com líderes de companhias de petróleo presentes no Brasil. Ele avalia o momento do setor de óleo e gás como propício para a estratégia da empresa de investir em campos maduros, especialmente agora com os desinvestimentos que a Petrobrás tem feito em algumas áreas produtoras. “Nós temos preferência pelo offshore, em águas rasas, em campos maduros, para aplicar nossa estratégia de redesenvolvimento e aumentar o tempo de vida dos campos, atrelada à redução de custos”, explicou. Freire também afirmou que, mesmo com as mudanças no setor de gás natural, a PetroRio está um pouco distante do segmento de transporte e distribuição do insumo, mas que não é algo que a companhia descarte totalmente, podendo entrar nestes ramos no longo prazo.

Como avalia o momento do setor de petróleo brasileiro e as mudanças que estão sendo realizadas no País?

Acho que o setor vive um momento produtivo. As mudanças que estão acontecendo tem sido positivas para o mercado e vão atrair investimentos. O fim da obrigatoriedade da Petrobras ser operadora única do pré-sal é muito favorável para a entrada de investimento privado em novos blocos. Os leilões do passado poderiam ter arrecado mais recursos, só que foram pouco competitivos pois tem muita empresa querendo ser operadora.

As mudanças propostas no conteúdo local ainda estão incertas. Para mim, não está claro como isso será definido. Mas, é claro, é interessante para o Brasil essa flexibilização. O setor vê com bons olhos. Isso vai incentivar a entrada de investimento pois as companhias poderão escolher o fornecedor mais competitivo. O timing é muito importante, muda muito a rentabilidade dos projetos e portanto a questão da entrega dos equipamentos deve ser levada em conta, não apenas o preço.

Pela primeira vez, a Petrobras está se desfazendo de ativos que vão incentivar a iniciativa privada. Nós da PetroRio temos nossa estratégia focada em adquirir ativos maduros. Podemos comprar ativos que são pouco interessantes para a Petrobras e outras majors e fazer uma serie de iniciativas para aumentar a vida e a produtividade, elevando o valor destes campos. A venda de ativos da Petrobras favorece a PetroRio. É um momento muito rico e único no setor de óleo e gás do Brasil. Vejo com bastante otimismo, a despeito da queda do preço do petróleo e a PetroRio quer se aproveitar desse momento da melhor forma.

Como essas mudanças impactam o planejamento da empresa no Brasil?

As principais questões dentro da legislação não são impactantes para a PetroRio. O fim da obrigação da Petrobras ser operadora de ativos do pré-sal afeta as empresas maiores. A PetroRio pretende entrar em ativos menores. O conteúdo local tem pouca relevância também, ele é mais importante para empresas com campos que ainda estão em fase exploratória ou no início de seu desenvolvimento. Para nós, com foco em campos maduros, não tem tanta relevância.

Agora, um pleito nosso é que gostaríamos que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o governo estimulassem um pouco mais o ambiente para as operadoras independentes. A aquisição de ativos exige garantias altas para abandono dos campos, valores muitas vezes defasados. Dificulta um pouco o processo de aquisição, visto a dificuldade das pequenas em conseguir elevadas garantias financeiras. É preciso uma forma para facilitar esse processo. Outro ponto: uma forma para aumentar a alavancagem da empresa é captar divida lastreada em reservas. Aqui no Brasil é mais difícil fazer empréstimo desse tipo, porque o óleo é da União. São assuntos que merecem ser discutidos e analisados para estimular investimentos das pequenas empresas.

Quais os maiores interesses da empresa no mercado de óleo e gás brasileiro atualmente?

Nós temos preferência pelo offshore, em águas rasas, em campos maduros, para aplicar nossa estratégia de redesenvolvimento e aumentar o tempo de vida dos campos, atrelada à redução de custos. Visamos alongar a vida de campos com iniciativas para melhoria da recuperação do óleo

Existem também interesse pelo onshore?

A gente olha onshore também, mas nossa preferência realmente é o offshore. Quanto mais próximo dessa estratégia, melhor. Também observamos oportunidades na América do Sul e Golfo de México, mas nossa prioridade é o Brasil, embora a gente não esteja restrito ao País. 

A companhia tem interesse em participar dos leilões de novas áreas previstos para 2017? Em caso positivo, quais serão os focos? Em caso negativo, por quê?

Não está no nosso foco participar. Achamos que existem outras oportunidades que têm aderência maior à nossa estrategia.

Como avalia as mudanças no setor de gás natural? Há novos planos sendo fomentados internamente na companhia em função deste processo?

O setor de gás natural tem passado por mudanças com a saída da Petrobras, que vendeu ativos de midstream neste segmento, gasodutos, distribuidoras de gás e etc... A Petrobras sempre teve o monopólio nesta cadeia e agora acompanhamos a saída da estatal.  Alguns campos que ela vendeu e pode vender serão grandes produtores de gás. A lei atual do gás tem que ser readequada para essa nova realidade. Precisa haver uma regulação para que o setor fique cada vez mais competitivo, para benefício de todos os consumidores e empresas. O governo precisa evitar a migração de um monopólio de uma estatal para um monopólio privado. Não está claro para mim qual será a melhor forma de se posicionar neste setor, que sem dúvida passará por uma grande transformação. A PetroRio está um pouco distante da parte de transporte e distribuição de gás, assim como de termelétricas e terminais de importação de GNL. Isso não está na nossa pauta de estudo de investimentos. Focamos no upstream, mas no longo prazo não é algo que a empresa descarte.

Quais são os fatores mais atraentes do mercado de óleo e gás brasileiro e quais os maiores desafios dele para a empresa?

O Brasil vive um momento único em que a Petrobras vende ativos, algo que tem alinhamento perfeito com nossa estratégia. Não apenas para a PetroRio, mas todas as mudanças são positivas para o setor como um todo. Quanto aos desafios, o novo governo já começou a endereçar coisas importantes, como a questão da obrigatoriedade da Petrobras como operadora única no Pré-sal  e tem outras por vir como  o tema do excedente da cessão onerosa, regras de unitização e etc…

Qual o planejamento da empresa no Brasil para os próximos anos?

Nós mais que quadruplicamos a estimativa de produção no campo de Polvo, em comparação com os números do antigo operador. A nossa estratégia é replicar o caso de Polvo em outras áreas. Para o período entre 2016-2021, a expectativa anterior era de 3 milhões de barris. Agora, esse volume passou para 13 milhões. Tivemos uma redução de custos da ordem de 60% em Polvo.

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