ESTRANGEIROS QUE INVESTEM NO BRASIL ACREDITAM QUE O PAÍS TERÁ UMA ECONOMIA MELHOR EM 2017
No projeto Perspectivas 2017 desta quarta-feira (28) procuramos reunir vozes de quem vê o Brasil de fora para dentro. Convidamos o Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, Gilberto Ramos, o Cônsul Geral Adjunto e Diretor do Departament for International Trade do Consulado Britânico do Rio de Janeiro, Kal Bruce-Jaja, e ainda o Diretor da Business France-Brasil e América Latina, Benoit Trivulce. Os três consolidam opiniões bastantes positivas e otimistas para o próximo ano. Vamos saber o pensam sobre as perspectivas para o ano que vem, começando com Gilberto Ramos, da Câmara Brasil-Rússia:
1- Como analisa os acontecimentos neste ano em seu setor?
Posso analisar como havendo sim, apesar da crise toda que estamos atravessando, essa mudança de governo, não houve um retrocesso na medida em que o ex-vice-presidente, Michel Temer, assumiu. Inclusive ele pretende, tomar pé, chefiar, continuar chefiando a comissão de alto nível Brasil-Rússia de cooperação, cuja a chefia cabe ao chefe de governo, só que ele agora é Chefe de Estado, e lá na Rússia o chefe de governo, o Sr. Dmitry Medvedev. Como são países complementares, eu vivo batendo nesta tecla, trabalhando no sentido de fomentar os investimentos, é um grande cliente, o maior cliente, parceiro, eu diria, em algumas comodities agrícolas que a gente produz. É um grande fornecedor de fertilizantes. Hoje estamos trabalhando também para que ingresse novos artigos, na corrente bilateral, desde capital, até artigos de inovações tecnológicas diversas, multidisciplinares, enfim.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
As soluções para o país é arregaçar as mangas, pensar numa nova estratégia, uma inteligência estratégica de Estado. Algo que nunca houve. E que a gente construa isso. Cabe analisar os problemas sim, mas apenas criticar, fazer piadinhas, que todo mundo vem brincando, não. A Lava Jato, eu questiono alguns dos métodos, mas basicamente ela cumpre finalidades importantes. Mas eu não quero falar sobre isso. O nosso ramo é um ramo empresarial, que também trabalha em estreita sinergia na área de comércio das relações do Brasil com a Rússia, em estreita sinergia muito próxima aos governos. Então nós agora, no ultimo dia 12 de dezembro, fizemos a sessão de posse da nova diretoria da câmara Brasil Rússia, uma sessão quadrienal, e estamos criando vários comitês setoriais com alguns dos maiores especialistas. Cada qual em sua área. Inclusive o setor agropecuário, setor de investimentos, de energia e sustentabilidade. Cultura e Esportes, Turismo e outras áreas que fazem parte dois interesses bilaterais.
3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
As perspectivas são positivas. Eu costumo dizer que ser pessimistas é muito fácil, basta nós acordamos de manhã, abrir o jornal, que uma coisa que eu cada vez menos faço, vai para internet, ver todos os sites, que mais interessam ou a televisão, e começar a reclamar. O que é ser otimista ? é arregaçar as mangas, é manter o espírito empreendedor, manter a positividade e a fé num país é muito maior do que tudo isso. Dessas barbaridades que vem sendo cometidas. Não apenas nos últimos governos, mas há bastante tempo, desde o tempo e Brasil Colônia. Então é uma questão de mudança de mentalidade. Temos que embutir uma mentalidade nova na população. Nós chegamos a níveis impensáveis nessa crise. Nós temos que repensar. Essas são as minhas palavras. No mais, um feliz 2017.
Veja agora as opiniões do novo diretor do DIT – Departament for International Trade – do consulado Britânico do Rio de Janeiro, o Cônsul Adjunto Kal Bruce-Jaja. Ele também vê com bons olhos as novas oportunidades que surgirão em 2017.
1- Como analisa os acontecimentos neste ano em seu setor?
– O ano de 2016 foi de grandes acontecimentos para o setor de Energia da Missão Diplomática Britânica, tanto na parte comercial quanto na de cooperação. Organizamos oito missões, que levaram 70 empresas e organizações brasileiras à Grã Bretanha, com o objetivo de promover o compartilhamento de conhecimento na área. Este ano também realizamos a quarta edição do UK Energy in Brazil, nosso maior evento anual, que dessa vez trouxe 17 empresas britânicas para negócios no país. Andrea Leadsom, então Ministra de Energia, esteve no Brasil para a Semana de Baixo Carbono e participou da 5º reunião do Diálogo de Alto Nível Brasil-Reino Unido. Outro destaque dos últimos meses foi a participação na Rio Oil & Gas, organizada em parceria com a Subsea UK e o Scottish Development International. Em suma, 2016 foi um importante e intenso período para estreitar as relações Brasil-Reino Unido no setor, que nos últimos três anos já fecharam mais de £2 bilhões em negócios com o apoio do Governo Britânico.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
– Da minha perspectiva, em toda crise há oportunidade. O momento atual, por mais difícil que pareça, é uma grande chance do país estreitar e fortalecer suas relações, acordos e cooperações exteriores. Utilizar a expertise no setor de óleo e gás para firmar-se, ainda mais, como uma das lideranças na área é uma solução real e factível. O Brasil continua sendo visto como promissor na área, é a nona economia do mundo, tem uma vasta gama de recursos naturais e é muito importante no cenário global. Além disso, os fundamentos do país com instituições fortes e novas descobertas do petróleo são fatores que colaboram para futuros investimentos.
3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
– As perspectivas são otimistas. A relação do Brasil com o Reino Unido é sólida e vista no longo prazo. Afinal, essa é uma parceria de mais de um século. O Reino Unido e o Brasil têm muita sinergia no setor de óleo e gás e ainda há muito a contribuir em cooperação para o desenvolvimento do setor em ambos países. Para o próximo ano, já estamos preparando a quinta edição do UK Energy in Brazil, que ocorrerá no dia 21 de março de 2017. Até lá, três missões comerciais do Brasil para o Reino Unido estão programadas para acontecer. O Reino Unido pretende continuar sendo um dos maiores investidores estrangeiros do setor no Brasil.
Veja agora o que pensa o Diretor da Business France-Brasil e América Latina, Benoit Trivulce:
1- Como analisa os acontecimentos de 2016 em seu setor?
No ano de 2016, as empresas francesas, sobretudo as pequenas e médias com as quais trabalhamos, se colocaram em compasso de espera à respeito do mercado brasileiro. Isso se deu como resultado da desaceleração da economia brasileira e da situação particular da Petrobrás ao longo do ano. Como consequência, a estratégia das empresas mudou. Tradicionalmente, as empresas tinham grande interesse em vir ao país durante os grandes eventos setoriais, o que já não é o caso.
Entre 2014 e 2016, o número de participantes do Pavilhão francês na feira Rio Oil&Gas caiu de 37 para 12 expositores. Todavia, no mesmo período as empresas privilegiaram a vinda ao Brasil de forma individual e identificamos um aumento no número total de empresas francesas com quem nós trabalhamos. A conclusão que tiramos é que as empresas não vêm mais simplesmente para expor suas soluções, mas para ganhar mercado.
De forma geral, o setor energético é uma área privilegiada pelos franceses. No final de agosto, organizamos com a Fiesp um workshop franco-brasileiro de energia solar fotovoltaica que reuniu mais de cem pessoas dos setores público e privado para a discutir parcerias e mecanismos de financiamento para projetos no Brasil. Nessa ocasião, foi lembrado pela Apex-Brasil que o país é o terceiro destino de investimentos franceses na área das tecnologias ambientais. As empresas do setor como Engie, Voltalia, Exosun, Ciel & Terre criaram no total mais de 3.300 empregos no país nos últimos anos.
Consideramos pertinentes as discussões ao redor da evolução do setor, como concessões, investimentos, conteúdo local, iniciadas em 2016 e acompanharemos de perto as decisões que serão tomadas para dinamizar a atuação das empresas que acompanhamos no Brasil.
2 – Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
Apesar de possuir uma matriz energética diferente do Brasil, o modelo de inovação desenvolvido na França poderia aportar soluções para a realidade brasileira. Nesses últimos anos, nós privilegiamos o desenvolvimento de polos de competitividade que agrupam empresas pequenas e médias, universidades, poderes públicos e grandes grupos. Esse é um modelo que poderia dar certo no Brasil para alavancar a competitividade da cadeia de fornecedores local.
Outra chave importante para o crescimento das empresas é o acesso a financiamentos voltados à cadeia produtiva e à internacionalização das empresas. Na França, o banco público de investimento – BPI – intervém no financiamento da inovação, do capital de giro e investimento. Esse mecanismo permite às empresas se desenvolverem na França e no exterior se apoiando por um lado em tecnologias inovadoras e, por outro, através de recursos financeiros.
3 – Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
No que se refere às pequenas e médias empresas francesas, o cenário é de identificação de oportunidades de forma pragmática e em nichos de mercado que carecem de competitividade e know-how de ponta, que não dependam necessariamente de grandes investimentos. Já identificamos alguns temas prioritários para os franceses para 2017 e buscaremos desenvolvê-los ao longo do ano. Nós nos focalizaremos nas áreas de eficiência energética, incluindo smart grid, eficiência operacional das infraestruturas produtivas, sem abandonar o tema da geração de energia limpa e convencional.
Somos otimistas para 2017 por vários motivos: o tamanho do Brasil, apesar de seus problemas conjunturais, faz com que o país seja ator inevitável; sua matriz energética orientada tradicionalmente nas energias renováveis, a importância que desempenha o Pré-Sal e a forte presença de grandes grupos internacionais são argumentos fortes. De maneira pragmática, notamos nos últimos meses de 2016 um aumento do interesse pelo mercado brasileiro pelas empresas francesas. No setor das energias como um todo, o Brasil permanece como o principal mercado da América Latina para a estratégia da Business France, à frente inclusive do México.
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